Capítulo 2 - New mexican in town

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Joshua Kyle Beauchamp
18 de Dezembro
Roma

— O salão está praticamente vazio. Não é estranho? — Joalin ponderou em voz alta, os olhos analisando o ambiente com cautela enquanto girava a taça de champanhe entre os dedos, o brilho vermelho de seus lábios contrastando com o tecido macio do vestido preto que abraçava seus quadris. Ela estava deslumbrante, vestida para matar, como sempre. — Tem algo acontecendo. Nem mesmo Diarra está aqui. Não vimos Mattias desde que chegamos à Itália. Até Gabrielle e Laura estão agindo de forma estranha. Algo está fora do normal.

Josh deu um gole preguiçoso em sua taça, seu olhar vagando pelo salão de maneira quase desinteressada, a mão esquerda enterrada no bolso da calça e a postura relaxada de quem não se importa com absolutamente nada. — Não vejo nada demais.

A indiferença dele foi a gota d'água para Joalin, que lançou um olhar crítico e afiado em sua direção. — Será que você pode ao menos fingir que se importa? — ela sussurrou entre dentes, a irritação fervendo em sua voz. — Venho aguentando seu desleixo há tempo demais, Joshua. Estou farta disso.

Josh soltou uma risada seca e sarcástica, que ecoou no silêncio tenso que pairava entre eles. Ele parou a taça no meio do caminho até a boca e a encarou com um olhar de tédio. — O que você quer que eu faça, irmãzinha?

O rosto de Joalin ficou levemente corado, suas emoções borbulhando sob a superfície de seu autocontrole. — Sete anos, Josh. Sete anos — ela expirou, o cansaço pesando em suas palavras. — Quando vamos voltar a ser o que éramos? Éramos mais do que uma equipe, éramos uma família, e tudo foi por água abaixo. Você não é mais o mesmo... Andrew...

O olhar de Josh, que antes era entediado, mudou instantaneamente para algo mais duro e perfurante.

— Não finja que não gosta de estar no controle de tudo — ele rebateu friamente, cortando-a. — Tínhamos um acordo. Chegou a hora de cumprir a sua parte.

Joalin estreitou os olhos, a raiva fervilhando. — O acordo não era esse — ela disse entre dentes, tentando manter o controle. — E você sabe disso. 

Josh revirou os olhos, deu um longo gole na bebida e não se deu ao trabalho de responder. No fundo, sabia que ela estava certa, mas admitir isso era outra história. A verdade era que ele acreditava que as coisas nunca mais seriam como antes. Sete anos de desgraças acumuladas, e sua vida continuava em queda livre. Krystian foi embora e deixou uma marca nele, uma cicatriz profunda. Andrew morreu de forma horrível porque ele não estava lá, porque falhou como líder e, pior ainda, como amigo. Sua facção, a qual seu pai havia lhe deixado, a que ele havia prometido cuidar, estava em ruínas. Por que continuar tentando se tudo que fazia parecia destinado ao fracasso? Joalin e Lorenzo estavam fazendo um trabalho satisfatório, e ele não via motivos para mudar isso.

Ele lançou um olhar pelo salão, decorado em tons natalinos, mas vazio de significado para ele. Mattias não estava em lugar nenhum, ausente desde o discurso de abertura. Na verdade, fazia mais de um ano que eles mal trocavam palavras. Mattias parecia sempre distante, como se estivesse lidando com outros assuntos mais importantes. Quando conversavam, evitava seus olhos, algo que nunca acontecia antes. Mas, bem, nada mais era como antes.

Joalin estava certa: o salão estava mais vazio que o habitual. Isso deveria incomodá-lo, mas não incomodava. Na verdade, ele mal conseguia se importar. Josh agora era apenas uma sombra do homem que foi, um líder sem respeito, sem medo, motivo de risinhos e cochichos. E nem mesmo a ferida em seu orgulho conseguia reacender a chama que um dia existiu nele. 

Seus olhos se cruzaram, sem querer, com os de uma mulher do outro lado do salão. Ao perceber que era a herdeira tailandesa, ele desviou o olhar rapidamente. Os filhos da família tailandesa eram conhecidos por serem extremamente faladores e fofoqueiros, e ele não precisava de mais problemas naquele momento. Mas, claro, a sorte não estava do seu lado. A mulher alta e esguia, de cabelos longos e escuros e rosto fino, sussurrou algo no ouvido do irmão mais novo, que estava colado a ela pelo braço, e então os dois começaram a caminhar em direção a eles.

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