Capítulo 24

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DIANA CAMBERRA

Minha cabeça dói, meus olhos estão pesados e posso ouvir as fracas batidas do meu coração. Assim que percebo que estou retomando os sentidos, tento mover as mãos, mas sem sucesso. Não consigo abrir meus olhos, eles estão pesados demais..

Mas ao remexer-me percebo que não é somente por estarem pesados, algo impede minha visão e isso me faz desesperar. O que será que aconteceu? Perguntas e mais perguntas voam em minha mente, mas não consigo formular nenhuma resposta plausível.

Posso sentir algo duro em baixo de mim, não é o chão. É tipo uma cadeira ou um banco bem velho, já que estou quase caindo do mesmo. Minhas pernas estão imobilizadas, assim como meus braços e até temo dizer, meu pescoço. Algo gelado está envolta do meu pescoço, me fazendo sentir uma grande agonia.

Será que foi Nicole quem fez isso comigo? Mas o que eu fiz, para merecer isso? Eu mal à conheço. Não entendo porque as pessoas fazem mal às outras, sem motivo algum. Ninguém merece passar pela mesma situação que eu, principalmente por estar grávida e não saber qual é a condição do meu bebê.

A vontade de chorar me atinge, mas consigo conter. Não seria bom alguém me ver chorando aqui, aliás, isso não irá mudar nada. Tenho que guardar energia e forçar, se algo chegar acontecer, eu preciso lutar. Mas um barulho alto me faz ficar tensa, minha barriga roncou. Não posso negar, estou faminta.

O meu bebê está faminto!

Vicent..

Onde Vicent deve estar? Será que já percebeu o meu sumiço repentino? Espero de coração que ele pertença, que não fugi dele, mas sim, fui obrigada. A vontade de chorar retorna, só de imaginar que não o verei mais. Eu o amo, e não sei se conseguiria deixá-lo.

— Veja que a rata acordou – a mesma voz que apareceu no meu quarto, agora soa um pouco mais a frente. – Está confortável, Diana?

— Porque fez isso comigo? O que eu te fiz? – grito, tentando buscar por respostas. – Me solte, por favor!

— Oh, pobre menina idiota. – seus saltos batem no chão, sendo o único som do local. – Você é uma enxerida, que se mete no que não deveria.

— O..que.. isso quer d..dizer?

— Que você vai pagar por ter destruído o futuro da minha menina. – a voz que conheço bem, me faz tremer por completo. A pessoa se aproxima, e arranca a venda de mim e quando eu ia abrir os olhos, a claridade me atinge e volto a fechá-los.

— T..tia Débora? – volto a abri-los, e essa vez consigo me acostumar vagamente com a claridade. Posso ver minha tia Débora ao lado da Nicole, ambas sorridentes. – O que faz aqui? Porque eu estou aqui?

— Você roubou o que era de Nicole e de Brenda. – da um passo em minha direção – E você vai pagar por isso. Você e esse verme que carrega no ventre.

— Eu não roubei nada! – esbranjo – E jamais fale do meu bebê assim.

— Oh! E você fará o que? – Nicole ironiza – Chamará o seu namoradinho? Certamente nessas horas, ele deve estar sendo consolado por Brenda.

Essas palavras trouxeram uma sensação horrível. É como se meu mundo parasse por segundos e um poço me engolisse. Balanço a cabeça espantando esses pensamentos, isso não é verdade. Vicent já disse o quanto me amam e acredito nele.

— Mentirosa! Você é bem mal amada, não é Nicole? Para estar fazendo tudo isso, falta muito amor na sua vida.

— Continue, vamos ver se sua língua afiada, vai continuar quando as dores começarem.

— Dores?

Débora retorna, com algo em mãos e isso me faz engolir seco. Ela sorri amplamente, e de todas as vezes que vi esse sorriso, algo bom não ia acontecer. Nicole vem por atrás e agarra em meus cabelos, e faz minha cabeça cair para trás. Débora segura em minhas bochechas e minha boca se abre, e ela derrama o líquido na minha boca.

O gosto é amargo e sinto vontade de vomitá-lo. Mas assim que o líquido acaba, minha tia da dois tapinhas na minha bochecha e sorri. Nicole solta meus cabelos, me permitindo tossir.

— O..que.. – volto a tossir – Tinha nisso?

— Um coquetel. Isso vai acabar com todos os nosso problemas – Nicole responde.

— Sabe o que isso fará? — nego com a cabeça e minha tia Débora prossegue – Vão adentrar nas suas veias sanguíneas e vão direto para esse verme, causando uma parada cardíaca.

— Vocês..vocês querem matar o meu bebê? Porque? O que eu fiz pra vocês? – as lágrimas imundam meu rosto, e não consigo parar de pensar em como sair daqui.

— Você roubou o que era de Brenda. Minha menina tinha um grande futuro pela frente, mas você, – aponta para o meu rosto – Destruiu tudo, como sempre.

— Já eu. – Nicole me chama atenção, enconsta na parede com os braços cruzados – Ah, eu percebi minha melhor carta para destruir e acabar com os Medina. Mas assim que você apareceu, com esse verme na barriga, perdi tudo.

— Eu sinto muito por ti, mas eu não tenho nada haver com esse ódio que tem dentro de si. – rebato, e ela me olha surpresa.

— Ah, você tem sim. – da um passo à frente – E vai pagar com a vida desse verme.

O Libertino - Os Medina 03Onde histórias criam vida. Descubra agora