Capítulo 7

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VICENT MEDINA.

— Porque as mulheres são assim? Elas sempre indagam igualdade e maturidade, sem essa de machismo e os caralhos. Na primeira oportunidade ela me largou, na realidade, não chegamos nem a ter uma conversa decente. – suspiro derrotado. – As vezes não é fácil ser homem, sabia luluca?

Encaro a miniatura do Volkswagen Fusca. Desde que me entendo por gente, gostava de carros e brincar de leilão, então quando eu entrei no ensino médio já sabia que carreira eu faria. Luluca foi a primeira miniatura que eu comprei, foi o olho da cara e comprei com meu primeiro salário. Entendo que falar com carros não é saudável, muito menos colocar nomes em cada um deles. Ninguém precisa saber que eu prefiro desabafar com meus carros, invés de ir a uma psicóloga e contar sobre minha triste e linda vida.

— As vezes eu penso que você me ignora, luluca. – flexiono meu olhar para o mini carro branco em minhas mãos.

Não que eu goste de ficar sozinho, pelo contrário, eu amo casa cheia e risadas. No momento eu sinto que preciso afogar minhas mágoas em um pote de sorvete e assistir um filme de romance adolescente. Como as mulheres aguentam isso? Imagina ser rejeitada na tpm e ficar sozinha? Por Deus!

Alguém pode me dizer o porque estou sofrendo? Eu nem sei o nome daquela menina, não sei de que família ela é e muito menos o que faz da vida. Isso pode ser classificado como carência, mas não, eu estou estranhamente triste por ela não ter corrido atrás de mim. Não que eu seja machista, eu amo a igualdade. Eu sou acostumado de sempre ter mulheres no meu pé, mas ela nem fez questão de prolongar o assunto.

Isso é depressivo!

Porque você está com a mesma cara de quando Luke jogou suas miniaturas de carros no vaso?

Olho na direção que a voz vem, Nancy está encostada na porta com os braços cruzados. Seus enormes cabelos negros estão em uma trança lateral e ela usa um vestido solto que lhe dá um ar de menina do campo.

— Tá aí quanto tempo?

— Tempo suficiente pra ver que você tá sofrendo.

Eu as vezes penso que minhas cunhadas são muito espertas ou bruxas, não é possível que elas sabem quando eu estou bem ou não. Pode ser que sou uma pessoa muito transparente nos meus sentimentos e emoções, ou talvez elas sejam bruxas mesmo.

— Não estou. – me sento na cama, colocando a Luluca no criado mudo. – O que faz aqui? Sabia que posso te denunciar por invasão de propriedade?

— Tenta. – da de ombros. – Não se esqueça que meu marido é um dos melhores advogados da Austrália.

— Que feio, smart little, assim é mole infligir a lei.

— Relaxa. – entra no quarto, vindo até onde estou. – Não faço isso todos os dias, somente quando quero roubar doces da americanas.

Balanço minha cabeça em negação. Nancy e eu nunca fomos muito próximos mas sempre gostei de conversar com ela. Pode não parecer mas ela já viveu muita nessa vida, ela é como uma irmã mais nova pra mim. Já Lorena é o clássico irmã mais velha, que manda e cuida como se fosse seu próprio filho.

— O que faz aqui?

— Vim buscar as roupas dos garotos, eles irão passar esse final de semana na casa da minha mãe. – levanta a enorme sacola, que só percebi que segurava agora.

— Aproveitou pra ver como estou?

— Na realidade eu só quis ver se você estava em casa, como eu tenho sua chave não preciso de você aqui.

— Isso é perigoso. – flexiono meu olhar para a pequena na minha frente. – E se eu estivesse com uma mulher?

— Não estaria. Depois que conheceu a mystery girl, não saiu mais e consequentemente não ficou com mais ninguém.

Eles apelidaram a menina da boate como menina misteriosa, já que não sabemos nada ao seu respeito, pelo menos até agora. Não sou louco o suficiente para contratar um detetive! Mesmo que eu tenha pensado nisso, Adam e Luke não deixaram eu contrar um. Anotei a placa do seu carro, mas sem sucesso, estava no nome de um homem.

Primeiro eu pensei que ela fosse casada ou namorasse, mas não, ela não tem cara de pessoa que tem um relacionamento. A menina misteriosa é muito certinha e sagaz, não acho que aquela carinha de anjo namore alguém. Quem seria louco o suficiente para tirar a pureza aquela linda mulher? Eu, talvez.

Péssimo pensamento, Vicent.

A perspectiva que vocês tem de mim é triste. – balanço meus lábios como se estivesse pronto para chorar, balanço minha cabeça em negação.

— Pare de enrolação. Me diga, como você tá com tudo isso?

— Bem. – forço um sorriso, fazendo ela me olhar feio. – Péssimo.

— Acha que ela só quis um sexo casual?

— Eu não acho. – dou um risada amarga. – Eu tenho certeza. Ela não fez questão nem pedir meu número aquele dia, eu penso que fui um tolo.

— Você não foi tolo. Às vezes as coisas acontecem por um motivo maior.

— E que motivo seria esse? Me fazer sentir tudo o que fiz com as mulheres durante meus vinte e sete anos? Isso é uma droga.

— Você tá enxergando somente o lado ruim.

— E tem lado bom? – abro um sorriso debochado.

— Você finalmente está sentindo algo por alguém, até hoje eu me lembro da nossa conversa há seis anos atrás. Hoje eu vejo que você mudou, não é mais o mesmo com vinte e um anos na plena puberdade. – sorri nostálgica. – Você amadureceu e compreende seu erro, que eu enxergo como aprendizado. Não se maltrate mais, viva o hoje, se for pra ser ela voltará e será.

— Eu sempre fugi de psicólogos, mas aqui está você. – encaro o chão. – Obrigada.

— Não me agradeça. Corra atrás da sua felicidade, isso já será um grande agradecimento.

— Não sei por onde começar, Nancy. – encaro ela. – Nunca passei da fase da transa e tchau.

— Mas se você realmente quiser mudar isso, você saberá o que fazer. Mas não se esqueça de ser sempre você, ela tem que te amar por quem você é.

— Tem noção que estamos falando de relacionamento, mas nem sabemos o nome dela?

— Um dia saberemos. – se levanta. – E quando esse dia chegar, estaremos lá.

— Promessa ou ameaça?

— Os dois.

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