Arco II: Alabasta Capítulo XV:

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A chuva perdurou até a noite, uma chuva tão querida quanto o ar que respiravam.

Vivi olhava pela janela do quarto, escutando os roncos cansados dos piratas que não tinham dormido desde Yuba, e mesmo ficando presos no palácio, mal pregaram os olhos as noites que se passaram. A princesa tinha um olhar nostálgico em seu rosto, aquela tinha sido a primeira vez depois de tanto tempo que retornou ao seu palácio como uma princesa e não como uma prisioneira ou estranha pelo povo. Encostou a cabeça no vidro gelado, admirando a chuva e o barulho.

A porta do comodo se abriu, trazendo uma figura conhecida.

- Princesa Vivi, ainda está acordada? - Igaram pontou a cabeça pela porta, vendo a de cabelos azuis sorrir

- Igaram? - Vivi falou baixo.

- Não consegue dormir? - O homem alto se aproximou da princesa que estava sentada em uma cadeira.

- Não é isso...- Olhou pela janela com um sorriso no rosto. - Eu não quero dormir. Eu quero olhar a chuva mais um pouco...

Igaram seguia a princesa com os olhos, admirando a chuva que caía suave e refrescante. Se você os fechasse e prestasse bastante a atenção, era possível ouvir, mesmo que por um segundo, os animais festejando por baixo da terra. Os sons que se misturavam com os roncos dos chapéus de palha.

Vivi olhava para baixo, na sacada do palácio, admirando como a agua escorria pelas bordas parecendo uma cachoeira. Inclinou seu corpo quando viu uma figura conhecida seguida de outra. Sorriu, se levantou e foi rumo a porta.

- Onde vai, princesa Vivi? - Perguntou Igaram indo para uma das camas, puxando a coberta e indo se deitar.

- Tenho que agradecer uma pessoa primeiro. - Vivi sorriu e saiu do quarto.

A princesa corria pelos corredores, descendo as escadas e indo em direção a sacada. Corria com tudo que tinha até chegar na grande porta de vidro. Parou por um instante e ficou admirando a vista.

Os cabelos claros como o brilho da lua, molhados pela chuva junto a pele escura feito um chocolate primordial, escorrendo as aguas e pingando ao chão. Os olhos fechados e a cabeça erguida como se nunca estivesse experimentado tão frescor como aquele.

- Se for ficar me olhando, princesa Vivi, eu vou começar a cobrar por cada segundo. - Mawaha ainda tinha os olhos fechados, sorrindo de canto ouvindo a garota de cabelos azuis rir. - Não deveria estar dormindo?

- Quero admirar a chuva. - Vivi falou por trás da porta.

- Qual a graça de admirar uma chuva tão desejada por três anos atrás dos vidros? - Mawaha abriu os olhos. Pareciam mais acinzentados do que antes e com um brilho que Nefertari nunca tinha visto. Como uma joia que era lapidada, revelando seu real resplandor. Mawaha esticou uma de suas mãos. - Vêm, a chuva está ótima. - Sorriu para a princesa.

Nefertari sorriu junto a grisalha, respirando fundo e abrindo as portas de vidro. Sentia o frescor e o gelado dos pingos baterem contra seu rosto, o chão molhado e agradável de se pisar até alcançar a mão estendida.

Mawaha puxou suavemente a garota de cabelos azuis para o seu lado, voltando a admirar a chuva e o céu noturno.

- Obrigado, Mawaha. - Vivi abaixou a cabeça, falando em uma voz fraca e com um meio sorriso. - E me desculpe...

- Te desculpar pelo que? - Mawaha continuava com os olhos para frente, esticando sua palma e sorrindo com os pingos de agua que batiam contra a pele.

- Eu te julguei mal no início. Achei que você fosse uma pessoa egoísta, mal-educada, cruel e que não liga para as outras pessoas. Que não se importa com o que acontece com os outros fora de seu grupo, ou que só ajuda por interesse. Te achei uma pessoa fria e bem babaca no início, que só faz as coisas por benefício próprio. - Vivi franziu a testa, vendo um silêncio cair e a angústia bater em sua garganta.

The Pirate King's Dark ShadowOnde histórias criam vida. Descubra agora