Arco III: O Reino de Chopper na Ilha dos Animais Estranhos. Capítulo XVI:

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❝A noite no deserto era feroz, com ventos fortes, gélidos e que lembravam navalhas quando batidos contra a pele. Desde o momento que tinham se separado do grupo principal, Ace e Mawaha andaram por um bom tempo de baixo do sol alaranjado de fim de tarde, chegando até uma intercessão de duas roxas. Montaram uma barraca e se instalaram no lugar, agradecendo pelas grandes paredes servirem de escudo para os ventos da noite.

Mawaha tinha a mente, olhos e sensações focadas completamente em mexer nos dois Aerís que ainda restavam, queria ampliar o sinal e entender mais como aquela tecnologia funcionava. Era bom em se adaptar, e talvez eles poderiam servir para alguma coisa mais no futuro. Tudo era possível.

- Ei, Mawaha? - Ace chamou com os olhos na grisalha que tinha uma testa franzida por estar concentrada. Escutou um som com a garganta, o fazendo rir. - Não está com frio nesse canto? As noites no deserto são bem frias.

- Não...- Mawaha disse monossilábica sorrindo de canto e balançando a sua cabeça.

- Está rindo de que? - Ace continuava com o olhar sobre os cabelos cacheados.

- Sabia que o seu irmão fala dormindo? - Apontou para o aparelho em sua orelha que tinha um fraco brilho azulado. - Nem mesmo dormindo ele deixa de pensar em carne. - Murmurou voltando a mexer nos outros.

Ace riu e se deitou apoiando em uma pedra, com as mãos atrás da cabeça como se fosse um travesseiro, olhando para as estrelas. Soltou um ar nostálgico pelo nariz.

- Ele sempre foi assim... o Luffy. Ainda lembro de quando éramos crianças, ele era o mais cheio de energia entre nós. Vivia se colocando em perigo, me perseguindo de um lado ao outro. Nem lembro mais quantas vezes ele quase morreu....na realidade, era bem provável que ele teria morrido se não tivesse comido a fruta da borracha. - O sorriso se alargou com o pensamento. - Quando olho para ele hoje em dia, eu sinto muito orgulho da pessoa que ele se tornou. Ele ainda é um cabeça dura que não liga para as consequências de suas ações e leva quase tudo na brincadeira, mas no final do dia, não importa o que tenha acontecido, se vocês brigaram ou qualquer outra coisa.... você sempre vai o procurar, de uma maneira ou de outra. O Luffy tem algo estranho e incomum do qual eu nunca encontrei em outra pessoa. Ele tem a capacidade de reunir pessoas completamente opostas e os tornar companheiros ou criar uma admiração em seus corações. - Se virou para a grisalha que tinha largado os aparelhos. O estava observando com os joelhos abraçados e um brilho nos olhos criados pela chama da fogueira. - São qualidades raras no mundo que vivemos hoje. Por mais experiente que você seja, pirata, marinheiro ou apenas uma pessoa comum.... Esse carisma natural quase nunca consegue ser semeado e acaba desaparecendo conforme você cresce. Menos no Luffy, ele não mudou nada desde criança. Continua o mesmo que aquela época e eu me orgulho disso.

- Você ama muito o seu irmão caçula, não é? Do jeito que você fala. - Mawaha sorriu de canto, apontando para os olhos de Portgas. - Seus olhos brilham toda vez. Parece até que você tem constelações neles. O Luffy realmente é uma pessoa importante para você, não é?

- Mas é claro que eu amo meu irmãozinho! - Ace falou animado ainda com um sorriso. - Mesmo ele sendo teimoso, cabeça oca, esquentadinho e impulsivo. Independente de tudo isso, o Luffy é uma pessoa incrível da qual eu não me arrependo de o ter ao meu lado e dividirmos uma irmandade.

- Hum...- Mawaha sorriu fazendo biquinho. Se levantou e foi se sentar um pouco mais perto de Ace, estava começando a sentir frio. Franziu a testa e o ficou encarando assim que sentou.

- O que foi? - Ace pendeu a cabeça para o lado, vendo os olhos o acompanharem. - Por que está me encarando?

- Não, nada. - Mawaha balançou a cabeça e escorreu seu olhar para o fogo. - Só acabei de perceber que você tem sardas pelo rosto. Não tinha reparado nisso antes.

The Pirate King's Dark ShadowOnde histórias criam vida. Descubra agora