5

354 68 13
                                    

Um coração sincero, é igual a um guerreiro sem escudo, ele sabe que vai se machucar, mas não desiste de lutar.

___ Paulo Coelho

As solas dos pés e as pernas de Evelin
sofreram cortes profundos pelos cacos de vidros. Ponderou ligar para o marido, mas não tinha o número dele, fora que, ela não acreditava que ele a ajudaria. Notou o horário e percebeu que a única pessoa que poderia socorrê-la era o seu primo. Ela ligou torcendo que ele já estivesse aqui em Salvador. O telefone tocou três vezes, antes que ele atendesse.

- "Já sentiu a minha falta?" - Sorriu

- Louis, me ajuda. - Pediu chorona. O homem fechou o sorriso na hora.

- "O que aconteceu? Por que está chorando?"

- Chegou em Salvador?

- "Sim, estou a caminho de casa."

- Preciso da sua ajuda, pode vir aqui, agora? - Perguntou fungando.

- "Claro que posso, mas, antes me diga porque está chorando?" - Indagou incisivo. Ela contou o que aconteceu.

- "Porra!" - Exclamou irado.

- Louis. - Sussurrou. Ela sabia que sua situação era patética, porém não tinha outro jeito.

- Tudo bem, me passa o endereço, a levarei ao hospital.

- Não, quero apenas ajuda para limpá-los. - Ela não quer ir a uma unidade médica logo depois que casou. As pessoas podem falar.

- Precisa ver se levarão pontos. - Ele insistiu.

- Não quero, primo.

- Tudo bem, pingo - disse carinhoso - Passarei em uma farmácia, antes de ir aí.

Ela agradeceu e desligou. Mandou seu endereço e o código para abrir a porta pelo aplicativo de mensagem. Evelin se arrastou até o sofá sentindo muita dor. O piso de madeira está sujo com o seu sangue, sua perna não para de sangrar. O fato de não comer nada desde ontem e a perda de sangue, ela se sente fraca.

Louis chegou e a encontrou em uma situação lamentável, ele a chamou, e a mesma demorou um pouco para acordar.

- Acorda Vinha... - Ela abriu os olhos sonolenta.

- Lo? - Perguntou abrindo os olhos.

- Isso querida. Estou aqui agora. - sentou no sofá - Comeu algo hoje?

- Não.

- Você está fraca pela perda de sangue, pegarei algo para comer e darei um jeito nesses cortes. - Ele fez o que disse, após arrumar todos os itens que comprou, sentou no chão para limpar os ferimentos.

- O corte na perna é o mais profundo, não é tanto, leva uns três pontos. Comprei uma pomada anestésica, mesmo assim doerá. - Ela aguentou tudo no mais absoluto silêncio, mesmo que seus olhos transbordasse de lágrimas. Após, limpou o sangue do chão e sentou do lado dela, lhe dando um abraço apertado. Ela chorou mais, sentindo-se protegida.

- Ele te machucou, Vinha, isso não pode ficar assim.

- Não foi de propósito, Lo, ele...

- Uma agressão não se justifica, Evelin! - Disse sério.

- Sei disso, não quero conversar sobre isso. - segurou na mão dele - Deixa eu tomar um banho, depois faço nosso almoço.

- De jeito nenhum, pode ir tomar seu banho, eu faço.

- Preciso lhe mostrar as coisas.

- Não precisa, pingo de gente, se foi você que organizou sei onde está tudo.

Sou Presa a VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora