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Por que tomar decisões é difícil para algumas pessoas? Será porque ao tomar muitos fatores podem mudar em nossas vidas. Elas têm consequências, seja a longo prazo ou no momento, entretanto escolher não decidir é mais ruim que cometer falhas. Então, decida a buscar, a ouvir, a amar a si, pois não é egoísta. Como Bert Hellinger disse: as grandes decisões são solitárias. Será necessário que decida sozinho, porque as consequências serão apenas sua.
Voltando para nosso casal, Evelin ainda não tinha se recuperado do susto, por isso, Eduardo se aproximou dela, agachou e sua frente e pegou o telefone.
— Evelin está ocupada, ligue depois! — Falou sem desviar os olhos dela. Com a ousadia do seu esposo, ela acordou do transe que ele deixou e puxou o celular das mãos dele.
— Quem lhe deu ousadia de falar por mim? — Perguntou descontente. Ele a observou por alguns segundos que para Evelin apareceu a eternidade. Sorriu enigmático, entregou o celular nas mãos dela e levantou.
— Peço desculpas, isso não vai mais acontecer. — Saiu sem dar chances para a jovem responder.
— Descarado! — Exclamou estressada. Olhou para baixo irritada com o que não faz ideia, mas notou seus trajes e praguejou. Ela achou que ele chegaria mais tarde, por isso ainda estava vestida com seu baby Doll dos Minions.
— Que dia, Senhor! — Voltou. A mexer no celular. Sua intenção é não fazer nada, nem ao menos fez a janta. Apenas jogou tudo para cima. Esperou seu esposo sair do quarto para entrar, ou sua determinação de não ter nada entre eles ruiria. Ela está muito sensível em algumas partes que nunca imaginou que ficaria.
Seu telefone tocou mais uma vez, bufou pensando ser Guilherme de novo. Ele é um colega da turma de administração que mostrou interesse por ela, contudo Evelin já deixou claro que é casada. Será que é surdo? Pensou contrariada.
Ao olhar para a tela do celular viu o nome do vovô Thomas, um sorriso desenhou seu rosto no mesmo instante.
— Saudades de mim, vovô? — Atendeu com sorriso na voz.
— “Sempre, querida, mas estou ligando para outra coisa.” — Explicou.
— E o que seria?
— “Meu neto vai tentar lhe conquistar…” — Ela o interrompeu.
— Espera, explica isso melhor. — Conseguiu dizer. Então, Thomas contou quase tudo a ela, omitiu apenas que Eduardo sabe quem é ela, isso quem precisa dizer é o mesmo.
— “Não facilite as coisas para ele, está me ouvindo menina. Quero que você o seduza.”
— Bateu a cabeça, vovô? Eu nem sei fazer isso, quer dizer, não quero seduzir Eduardo.
— Há, Deus, estou lidando com dois idiotas. — Bufou.
— Calma, viu, não precisa ser grosseiro. — Pediu fazendo uma careta. Ela já sabe a quem seu esposo puxou.
— Sabe o que é sexo, menina? — Inquiriu um tanto explicativo.
— Oxe, e quem disse que quero fazer sexo com ele. — Bradou irritada e envergonhada ao mesmo tempo.
— “Menina, eu não nasci ontem, pare de me enrolar que não estou com frio.” — riu — Estou tentando auxiliar ambos já que só escolhem fazer besteira. — Desligou, sem dar a chance de Evelin falar algo.
Eduardo saiu do quarto e foi direto para o escritório, então ela entrou para tomar um banho. Vestiu outro short amarelo um pouco mais cumprido, mas que deixa as coxas grossas a mostra, e uma camiseta branca, mostrando que está sem sutiã. Deitou no sofá e fechou os olhos. O que o patriarca lhe pediu soa tão fora da sua realidade. Nunca se interessou em seduzir ninguém, não saberia como começar. Esqueceu um pouco sobre a sedução e lembrou sobre o sonho que teve. Tudo era tão fácil lá. Seu sorriso espontâneo abriu na hora. Seria extraordinário se a sua utopia virasse realidade.
— O que te fez rir desse jeito? — Eduardo perguntou parado ao lado de Evelin. O mesmo está há um tempo observando sua esposa. Esta linda e sedutora. Engoliu seco, e mesmo sem camisa está suando que nem um pedreiro trabalhando debaixo do sol. Ela sorria tão sincera. Eduardo sabe disso pela marca de Duchenne, caracterizado pela elevação dos lábios e o famoso pé de galinha ao redor dos olhos.
— Porra! — Grunhiu com a mão direita no coração — Poderia avisar antes em vez de me assustar?
— Perdão, não achei que lhe assustaria.
— Que seja! — Rebateu petulante.
— Está zangada comigo? Lhe fiz algo? — Perguntou se abaixando na frente dela, contudo, percebeu ser um erro, o seu perfume invadiu seu nariz e todo o seu corpo clamou para tomá-la ali mesmo.
— Sério ainda me pergunta isso? E o que pensa que está fazendo? — Se afastou dele encostando no encosto do sofá. Sua respiração ficou descontrolada e seu sexo deu uma fisgada já conhecida por ela.
— Você quer brigar, é isso? — Perguntou segurando nas duas coxas dela. Ele até resistiu por dois segundos, mas caiu na tentação. O toque só piorou as coisas para Evelin, que tirou as mãos dele do lugar.
— Não me toque, por favor! — Pediu. Eduardo se levantou sentido-se ferido por dentro.
— Não rejeita meu toque, Evelin.
— Por que eu faria isso?
— Estou pedindo.
— Isso não é razão suficiente para mim. — grunhiu chateada — Desculpa, estou apenas irritada.
— Não, eu mereço cada pedrada que me dá. — Se jogou no sofá derrotado. Hoje ele notou o quanto a mágoa dela por ele é profunda. Abriu os olhos sentindo-se cansado.
— Me perdoa, eu fui um idiota, quer dizer, eu sou um idiota, não deveria ter lhe tratado do jeito que tratei. Fui um covarde da pior espécie, não a culparia se não me perdoasse.
— Não sei se um dia farei isso. Você pisou no meu coração. — limpou as lágrimas teimosas — Foi um grosso em nosso casamento, me largou sozinha e ainda por cima dormiu com outra em nossa cama.
— Eu não… —Ela o interrompeu séria.
— Não tenho condições para conversar sobre isso agora, boa noite. — Já estava saindo quando o ouviu.
— Eu não dormir com Bruna naquele dia, ela até tentou, mas eu estava tão chateado que não havia clima para nada. — Revelou. Evelin se virou na direção dele.
— A cama estava toda bagunçada. — Lembrou-lhe.
— Eu que baguncei em um acesso de fúria, vir que você achou isso, então deixei que pensasse. — se levantou — Não desiste de nós dois, sei que podemos dar certo.
— Não tenho condições nenhuma para decidir nada, no momento. — Ela já chorava.
— Tudo bem, irei trabalhar um pouco no escritório, não me espere. — Saiu sem esperar a resposta dela. Evelin foi para o quarto limpando a face bruscamente.
— Que raiva, meu Deus. — Se jogou na cama de bruços e colocou o travesseiro em cima da cabeça. Chorou por horas antes de cair no sono. Eduardo entrou no quarto e avistou dormindo toda torta, notou as marcas de lágrima na face cor de cedro. Respirou fundo antes de consertá-la, deitar ao lado da mesma e abraçá-la como se fosse sumir a qualquer momento. Ele sabe que as chances disso acontecer são bem grandes.

***

Na manhã seguinte, Evelin acordou sentindo-se um trapo. Corpo doendo e cabeça nem se fala. Levantou na força da raiva, tomou um banho para despertar e foi para seu lugar preferido da casa. A cozinha. Notou que seu esposo não está em casa, então respirou fundo. O alívio durou pouco, pois a paranoia estava tomando forma em sua mente.
Será que cansou de mim? Não quer mais tentar? Essas perguntas rondam sua mente, porém ela se achava uma tola, afinal não foi a mesma que pediu um tempo para colocar a cabeça no lugar?
— Idiota! — Exclamou irritada. Tentando esquecer seu esposo que não é nada esquecível, Evelin se arrumou e foi para a biblioteca da universidade. Alguns estudantes vão se reunir para concluir o tcc. Ela já terminou, mas é melhor do que ficar em casa sofrendo sozinha. Cumprimentou os colegas e sentou bem longe. Mesmo verificando minuciosamente se as coisas estão em ordem em seu projeto notava os cochichos e risos, não sabia porque estavam fazendo isso com ela, contudo fez o máximo para ignorar, pelo menos até um deles não se contentar com os burburinhos e ir até ela.
— E aí, Evelin! — Guilherme saudou.
— Oi, Guilherme. Como está? — Quis ser simpático mesmo sem um pingo de vontade.
— Estou ótimo, agora você não posso dizer o mesmo. — Riu ao terminar. Ela parou de digitar e deu toda a sua atenção ao homem a sua frente.
— Do que está falando?
— Quer dizer que você é casada? Interessante.
— Sim, afinal lhe disse a algum tempo, aliás onde está a graça?— Perguntou quando ele começou a rir quando concluiu sua fala. Evelin não estava entendendo nada.
— Em você! — apontou — Lhe chamava para sair, mostrava o meu interesse e sempre me esnobou, gora se casou com um homem infiel. O carma é foda, não é mesmo?
— Quem lhe disse que o meu marido é infiel? — Questionou fria.
— A amante dele, claro. Você é uma idiota, viu. Corna, otária. — Falou a última parte alto para todos ouvirem. O riso foi geral. Evelin sentia amargura na boca, mas fez de tudo para não demonstrar na frente deles. Recolheu seus materiais e, então, encarou Guilherme.
— Otário é você que não sabe lhe dar com rejeição, típico de um moleque. Quero saber onde está escrito, nessa porra que sou obrigada a ficar com você? E, olhando essa atitude ridícula, dou graças a Deus por não ficar, caso contrário me arrependeria amargamente. — sorriu — Se você acredita em tudo que uma estranha diz, o problema é seu. Agora, lhe aconselho a ir na farmácia tomar um remédio poderoso, semancol, seu imbecil.
Ela saiu da biblioteca ouvindo os risos. Estava tão furiosa que poderia fazer uma besteira. Evelin tomou um susto quando sentiu alguém puxando seu braço aponto de lhe provocar dor.
— Acha que pode me dizer aquelas coisas e sair por isso mesmo, sua puta? — Eduardo grunhiu crescendo para cima dela.
— Acho bom soltar meu braço ou a coisa vai ficar feia para você. — Avisou.
— Vai fazer o quê? Sou o dobro do seu tamanho, sua desgraça. — Assim que ele falou, ela deu um chute no saco dele, o homem se dobrou devido à dor e gritou como uma garotinha.
— Agora você não tem o dobro do meu tamanho. — deu um tapa na cara dele — Nunca mais se cresça para cima de mim, não sabe do que sou capaz, seu moleque.
Virou para sair e deu de cara com seu esposo de braço cerrado observando a cena. E pela forma que observava estava no seu limite.



Bom final de semana, meus loveS.
😘🤎👏🏾

Sou Presa a VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora