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Bruna o encarou por um segundo assustada. Em todos esses anos que se conhecem, Eduardo nunca falou assim com ela. Notou que algo mudou, isso a enfureceu, contudo, como uma grande dissimulada que é, sorriu triste.
— Porque está falando assim comigo, Dudu? O que lhe fiz? — Choramingou.
— Ainda pergunta? — Inquiriu sem paciência. Ele abriu novamente os olhos e notou algumas nuances que não percebia por está tão cego. Apercebeu que Bruna não está sendo sincera, que a tristeza que demonstra é tão falsa quanto os olhos azuis que está nesse momento.
Será que vovô está certo? Lembrou da conversa que teve com o patriarca algum tempo em que ele diz que conhece a mulher a sua frente.
— “O senhor não a conhece, cresci com Bruna, sei da mulher íntegra que é.”
— “E, pelo visto, você também.”
Será que em todos esses anos, não conheço a mulher que está a minha frente?
Sua cabeça está doendo e muito confusa.
— O que aquela desgraçada lhe falou? — Perguntou se revelando por alguns segundos, esses que foram suficientes para Eduardo.
— Não fale assim da minha esposa? — bateu na mesa — Acho melhor sair daqui, depois conversamos.
— Ela fez sua cabeça, te tirou de mim. — gritou — Disse que isso não iria acontecer.
— Quem é você? Cadê a Bruna que conheço? — riu triste — Ou, essa é a verdadeira e me enganou esse tempo todo?
— Do que está falando, Dudu? — Perguntou controlando sua fúria?
— Eu disse para não ir mais a minha casa, e o que fez? Foi lá sem a minha autorização e ameaçou a minha mulher e um filho que nem tenho ainda.
— Você sumiu por dez dias, o que queria que fizesse?
— Acho melhor darmos um tempo? — Disse soltando a respiração.
— O quê? Esta terminando comigo? — Os olhos dela mudaram, pareceram doentios, ferozes.
— Exatamente. — Falou exaurido.
— Acha que pode se livrar de mim, Eduardo? Acha que perdi esse tempo todo com você para me abandonar como uma ninguém?
— Saia da minha sala, por favor, não quero usar de força e muito menos constrangê-la.
— Vá a merda com sua moral. Ainda não acabou, vai se arrepender por me trocar por aquela sem sal. — Avisou pegando o porta retrato com a foto de Eduardo e Evelin no casamento e jogando no chão. Ela saiu cuspindo fogo, deixando Schrmam no mesmo lugar petrificado. Saiu do transe quando seu assistente entrou na sala com uma vassoura e uma pá. Limpou a bagunça sem falar nada, logo saiu e voltou com um copo de café preto sem açúcar fumegante. Eduardo o olhou respirando fundo.
— Agradeço, senhor Santana, pode se retirar. Não passe nenhuma ligação se não for do meu avô ou da minha esposa. — Terminou esperançoso. No fundo, sabia que ela não ligaria. O gênio dela é tão forte quanto o dele, mesmo não demonstrando.
Passou o dia pensativo sem conseguir produzir nada. Estava tão cansado que percebeu que não adiantaria ficar ali, levantou, pegou suas coisas e saiu. Avisou a Natan, seu assistente, que não voltaria mais. Em vez de ir para casa foi atrás da única pessoa que o conhecia como ninguém. Seu avô. Ele sabia que ele teria as palavras certas que colocasse sua cabeça em ordem.
Dirigiu tão absorto, que só notou que chegou quando despertou do transe. Quando entrou, encontrou seu avô na sala lendo jornal. Quando o senhor levantou a cabeça percebeu que Eduardo não está bem, então, tratou de antecipar.
— Me diz qual foi a merda que fez? — Largou o jornal.
— O que lhe faz pensar que fiz merda? — Questionou emburrado.
— Essa sua cara de cachorro que caiu da mudança. — sorriu afetuoso batendo no sofá para ele se aproximar — Quando pequeno fazia essa mesma cara quando me pedia conselho, ou quando fazia burrada. Quase sempre burrada, claro.
— Sua afetuosidade me emociona. — Debochou ainda zangado.
— Para de enrolação, moleque, fala de uma vez. — Ralhou, agora sério.
— Fiz uma grande merda… — Contou tudo o que aconteceu e o patriarca da família Schrmam ouviu calado, sem interromper. Quando seu neto se calou, suspirou.
— Porque não escutou o meu conselho, garoto? Eu disse para dar uma chance a seu casamento.
— Como sempre estava certo, não precisa pisar em mim.
— Claro que preciso, pisar, sapatear e tudo o mais, seu idiota, cabeçudo. — bufou — Eu o conheço desde que usava fraldas, lhe criei como meu filho, te conheço como a palma da minha mão. Disse o que deveria fazer, contudo, ignorou meus conselhos. Quero apenas o melhor para você.
— Eu sei, apenas… — Se calou, pois não sabia o que dizer.
— Estava cego, com uma venda. — Terminou no lugar de Eduardo.
— Como me enganei esse tempo todo, vovô. — Passou as mãos na face exasperado.
— Ela enganava apenas você e sua mãe. Conheço pessoas desse tipo, meu filho, aproveitadoras, interesseiras.
— Mas os pais dela são ricos, tem posse.
— Já ouviu o ditado: quanto mais tem, mais quer? — abanou as mãos irritado — Tome cuidado, acredito que não deixará vocês em paz.
— Ela me ameaçou, falou que eu me arrependeria por escolher Evelin no lugar dela. — Eduardo falou lembrando das palavras. O preocupou. Assim como existe homens matando mulher por ciúmes doentio, mulheres também matam.
— Como dizia a eterna poeta, Marília Mendonça, que descanse em um bom lugar: amante não quer ser amante.
— Escuta sofrência, vovô? — Sorriu pela primeira vez sincero.
— Não me julgue. — riu — Agora, falando sério. Uma pessoa obcecada por algo consegue tudo para ter o objeto de seu desejo. Cuide da sua esposa, Eduardo, e cuide-se.
— Ficarei atento. — Fez menção de falar algo, mas se calou sem graça.
— Desembucha, rapaz, voltamos a sua infância, foi?
— Me sinto louco, vovô, eu a procurei há tanto tempo e agora parece que o destino a pôs em meu colo, isso me parece tão absurdo.
— Seja mais claro. — Thomas disse segurando o sorriso.
— Estou falando de Evelin, será que é a minha que procurei nesses dez anos? — Inquiriu mais para si do que para o senhor a seu lado.
— Ainda dúvida? Outra coisa, não foi destino coisa nenhuma, como dizia sua falecida vó, que Deus a tenha, ela dizia que Deus trabalha de formas misteriosas. — Sorriu. Eduardo observou o seu avô e arregalou os olhos ao constatar o óbvio.
— Já sabia e não me contou. Que tipo de avô é o senhor? Como pôde esconder algo tão importante de mim? — Não escondeu sua raiva
— Um avô sensato. — bufou — Quem conheceu a mulher a dez anos foi você, que deveria ter descoberto foi você, entretanto, preferiu colocar uma venda nos olhos e não viu o que estava bem em seu nariz.
— Arg! — Grunhiu irritado.
— Não adianta agir assim, já fez merda, então, trate de consertar.
— Eu a direi quem sou, que a amo desde sempre.
— De jeito nenhum. — bradou — Céus, o que se passa em sua cabeça, seu sem noção? Se contar a ela agora, pensará que está com a mesma pela promessa que a fez há anos atrás.
— Que desg… — Foi interrompido.
— Se xingar dentro da minha casa quebro todos os seus dentes. — Thomas avisou sério.
— Desculpa, vovô. — abaixou a cabeça — O que faço? Eu não posso perder a mulher da minha vida.
— Terá que cortejá-la, hum, como vocês chamam hoje, a, sim, paquerar. Terá que paquera-la, convidar para jantar fora, comprar flores, viajar. Essas coisas. — sorriu cúmplice — Se ela não estiver grávida, adia a gravidez para depois, precisam se conhecer melhor, curtir o casamento. Os primeiros anos são os melhores.
Eduardo ponderou tudo, logo em seguida abriu um largo sorriso, um que também contagiou seu avô.
— O senhor é bom nisso, coroa. Agradeço.
— Acha que foi fácil conquistar sua avó? Foram quase dez encontros para darmos o primeiro beijo. — riu saudoso — Se fosse outro desistia, ainda sim não o fiz, sabia que ela era o grande amor da minha vida.
— Também sinto a saudade dela. — Confessou.
— Não tem um dia que não sinta.
— A vovó Lena e o senhor foram os pais que nunca tive. — O abraçou de lado.
— Sinto muito por minha filha não ser uma boa mãe para você e por escolher um merda para ser o seu pai. Fiz o que pude que crescesse bem, sem cicatrizes — segurou ambos os lados da face de Eduardo — Você precisa amadurecer meu filho, digo em relação ao seu emocional, eu o amo, não quero lhe ver perder coisas importantes pelas feridas não cicatrizadas dentro de você.
— Eu não sei como proceder, como agir.
— Vai encontrar o seu caminho, apenas esteja aberto a novas mudanças, a recomeços. — soltou seu neto — Agora vá, precisa começar a missão conquistar minha pequena índia.
Eduardo levantou elaborando seus planos que envolvia seduzi-la até que o aceitasse, Thomas ao notar a intenção do seu neto o parou.
— Eduardo! — quando ele se virou falou — Nada de sexo.
— O quê? — Questionou indignado.
— Apenas vai atrapalhar seu objetivo, você prefere um prazer momentâneo, ou o amor da sua vida por inteiro, sem nada entre vocês? — Perguntou sério. Não precisou de muito para o rapaz tomar sua decisão.
— O amor da minha vida.
— Então, faça o possível para não sucumbir a carne. Não sei como resistirá, mas o faça e não se arrependerá.
Edu saiu pensativo, se perguntando como resistiria a tentação que é sua mulher. Dirigiu no automático, quando entrou em casa estacou no lugar.
Sua esposa estava com um minúsculo short que mau cobria a polpa do bumbum, de quatro, procurando alguma coisa no chão.
— Inimigo traiçoeiro, me tentando logo após a minha decisão. — Sussurrou para si. Engoliu seco afrouxando a gravata. O celular de Evelin tocou, ela levantou, sem se dar conta da presença de seu esposo e pegou o objeto no aparador para atender.
— Oi, Guilherme! — Saudou sorrindo. Logo em seguida se jogou no sofá com as pernas para cima.
Linda!
— Não posso, estou fazendo uma grande obra no momento. — Disse se espreguiçando.
Ele pensou em uma coisa para perguntá-la. Que obra está fazendo, sendo que está praticamente jogada no sofá. Ele poderia perguntar isso, contudo o que saiu foi.
— Quem é Guilherme? — Indagou parado no mesmo lugar. A pergunta assustou Evelin que derrubou o celular no chão. O encarou com os olhos quase saindo da órbita.
A única coisa que pensava é:
Que susto da porra!
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Sou Presa a Você
RomanceEvelin Ferreira, perdeu seus pais aos dez anos e foi morar com seu avós. Eles nunca lhe passaram amor, ou calor humano. Nunca lhe deram o que era preciso, mas exigiram muito quando a forçaram se casar com um desconhecido por contrato. Ela aceitou pa...