Sou Presa a Você

10

A mágoa altera as estações e as horas de repouso, fazendo da noite dia e do dia noite.

 ____ Willian Shakespeare

Você já se perguntou por que as pessoas sofrem por amor? Acredito que metade das pessoas já refletiu sobre isso. Acredito que tudo tem a ver com escolhas, seja essa escolha nossa ou de outra pessoa. Temos tanta dependência emocional que depositamos nossa felicidade em nosso parceiro. Isso é um reflexo de nós mesmos. Como mudamos isso? Simples, escolha! Todavia, ouso dizer que a resposta é simples, mas não é fácil. Escolher requer coragem e ousadia.

Julgar Evelin como fraca é errado e nada empático. Cada um sabe o que está dentro de si, suas limitações. Existe um ditado muito conhecido que diz: só quem sabe de sua dor é quem geme. Para Evelin passar o que está passando, não é fácil. Ela ainda não entendeu que tem essa escolha, por isso aceitou o que lhe deram. Pode ser o que está acontecendo com você que está lendo, ou alguém que você conhece.

A dor que ela está sentindo, a humilhação que está vivendo é apenas o fruto de sua escolha. Ela se sentia uma espectadora, vendo seu esposo e a prima brigando, a puxando como um cabo de guerra. Sua pele negra está suada e pegajosa, ela se sentia quente tanto por dentro quanto por fora. Certo que seus olhos estão caídos e sem vida. No momento em que pensou que iria cair, por alguns segundos se retesou, mas ao notar que caiu, em braços fortes, respirou aliviada. Não pensou que seria justo Alex, o desafeto do seu esposo, que a pegaria no colo. Ela estava em um estado deplorável, de semi-consciência. Acredito que não desmaiou porque se forçava a ficar alerta. No fundo, temia a reação de Eduardo. Querendo, ou não, ela ainda quer sua aprovação, sua aceitação.

Eduardo fulminava tanto sua mulher quanto o homem que a tinha nos braços. Ver tal cena o trepidava por dentro como o oceano em dia de tempestade. Mesmo tão mal, ele não admitia que o que sentia era ciúmes. Impossível. Ele desprezava sua mulher, não tinha porque sentir tal coisa. Pela primeira vez na noite se permitiu prestar atenção nela. Logo que a viu quando chegou em frente a casa de seu avô percebeu o quanto estava linda em um vestido que abraçava todas as suas curvas. Mesmo não vestindo o vestido que ele escolheu, ela estava linda, deslumbrante. Percebeu seu estado, a fragilidade estampada em suas íris. Ele não havia notado. Para ser sincero consigo mesmo, ele se forçou a isso. Ele não quer nenhum vínculo com ela, se ele se permitir ter alguma simpatia as coisas não serão mais as mesmas. A conversa que teve com o seu avô passou pela sua cabeça. Será que ele está enganado a seu respeito? O mesmo não sabe o que pensar, e para falar a verdade, aquele não é o momento para isso. Tirar sua esposa dos braços de Alex é o seu objetivo no momento.

— Será que não percebeu que a sua esposa está doente? — Alex perguntou acusativo. Ele proferiu tão alto que chamou a atenção das pessoas que ainda estão na casa. A mãe de Eduardo, algumas tias e tios e por último seu avô, e não esqueceremos dos funcionários. Tudo que ele não queria era plateia.

— O que está acontecendo aqui? Que confusão é essa? — Senhor Thomas Inquiriu se aproximando. Não precisa ser um "expert" para perceber o clima tenso no ambiente.

— Evelin não se sente bem, vovô. — Carol explicou. O patriarca se aproximou e observou a jovem quase desfalecida nos braços de Alex, não evitando olhar feio para Eduardo. Ele foi até ela e segurou sua mão e notou o quanto estava quente. Eduardo bufou contrariado. Cada um tinha uma opinião ali, mas a de mais peso é a do seu avô. Vislumbrar a decepção nos olhos dele não o deixou contente. Ele não pediu para está naquela situação, foi posto a força, ele não se sente responsável o que acabou de acontecer aqui.