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Passaram-se duas linhas semanas em que Evelin tirou para colocar os pensamentos em ordem. Ela chegou a duas conclusões: precisa enfrentar seu esposo de uma vez, afinal ela é uma mulher, adulta. E segundo, ela não tem condições emocionais para confrontar seus avós. Ela tem ciência que ao pedir explicações ouvirá coisas horríveis da boca deles. Seu coração sangra só em imaginar. Então não, ela não pode enfrentá-los agora. Uma batalha de cada vez.
— Que cara é essa, querida? — beijou o dorso da mão direita dela antes de se acomodar a mesa — Não se deve ter pensamentos ruins logo no café da manhã, lhe dará indigestão.
Evelin observou o senhor idoso com atenção. Ela consegue ver a pessoa fenomenal que ele é. Desde que o conheceu sente um carinho imenso pelo idoso.
— Agradeço pela preocupação, vovô. — deu de ombros — Tento não pensar, mas não consigo. Me sinto miserável.
Deixou escapar algumas lágrimas, contudo tratou de limpar rápido. Não quer se mostrar tão fraca na frente dele.
— Não fale assim querida. — entregou um lenço a ela — Não se menospreze. Você é uma mulher muito forte, escute esse velho, ele já viveu muito. Agora, chega de falar sobre coisas ruins com essa mesa de café esplendida que Luci fez com todo carinho.
Pela primeira vez desde que sentou a mesa, ela observou atentamente a linda mesa posta. Ao chegar na mansão eles sempre fazem as refeições juntos e quando está um sol maravilhoso tomam o café a beira da piscina.
A mesa quadrada está a com dois jogos americanos retangular, dois suplart de madeira em formato de coração, dois pires azuis e duas xícaras azuis em formato de coração. Por incrível que pareça o patriarca, mesmo com muito dinheiro, prefere a simplicidade. Havia muitos alimentos sob a mesa. Pães franceses, frutas, bolo de tapioca, o preferido do senhor, cuscuz, o preferido de Evelin e o amado café preto dos dois. O dia não começa se ambos não tomarem o líquido preto e amargo.
Eles engataram em uma conversa cheia gostosa, como se ambos fossem melhores amigos há muito tempo. O senhor Thomas não admite, mas está amando a companhia dela essas semanas.
— Um empresário me chamou para investir no agronegócio, mas estou indeciso, não sei nada sobre o assunto.
— É um dos setores que mais gera emprego no mundo, importantíssimo par economia.
— Sabe sobre esse assunto? — Indagou surpreso — Achei ué seu ramo fosse tecnologia.
— E quem disse que não se usa tecnologia nessa área? — sorriu bebericando seu café — Usam inteligência artificial e sistemas de gestão completos, que auxiliam na automação de toda operação.
— Interessante. — Declarou sincero.
— O pouco que sei, vovô é que o agronegócio está relacionado a todas as atividades econômicas, interligados com a produção e comercialização de produtos agrícolas. O objetivo do Agro levar um produto agrícola ao mercado, ou seja, produzir, processar e distribuir. Isso sustenta a agroindústria fundamental para o crescimento econômico. Aconselho a estudar bastante sobre a área, conversar com pessoas do segmento antes de tomar qualquer decisão.
— Agradeço, querida, seguirei seu conselho. — sorriu — O que aspira fazer hoje? Me diga que não ficará o dia todo naquele quarto novamente. Isso não é saudável.
— Está na hora de enfrentar seu neto. — Declarou convicta.
— Ufa, achei que nunca tomaria essa decisão. — olhou nos olhos dela — Não me leve a mal, amo ter você aqui comigo, mas detesto saber que você e meu neto estão brigados.
— Vovô, acredito que eu e seu neto não temos solução.
— Terá se você lhe contar a verdade sobre você. — Disse sem olhá-la.
— Do que está falando? — Inquiriu com os olhos dobrando de tamanho.
— Não (fazer-se) de desentendido comigo, sabe muito bem do que estou falando.
— Não acredito que fará alguma diferença.
— Quando ele chegou a dez anos em casa depois da viagem ao acampamento, me contou sobre você. A menina mais linda que já viu, ficou muito chateado por você ser tão jovem, e ficou ainda mais zangado por esquecer de perguntar seu nome completo ou um contato.
— Ele falou sobre mim… — Repetiu com uma semente de esperança crescendo em seu peito.
— Falou por semanas querida, estou lhe falando a verdade. Nunca vir meu neto tão frustrado. Ele te procurou por muito tempo, mas apenas com o primeiro nome nunca lhe achou.
— Como sabe que sou eu? — Perguntou confusa.
— Na verdade, não tinha certeza até agora. Relacionei uma coisa com outra. A sua história, seu nome e o jeito que olhou para o meu neto no casamento. Havia amor. Me perguntei como alguém que nem conhecia o marido o amava daquela proporção.
— Ele disse que se me encontrasse de novo, se casaria comigo. Pense como ficou o coração de uma menina de dez anos. Eu o esperei esses anos todo, mas apareceu esse casamento por contrato, não quis deixar meus avós a v navios. Quando o reconheci, meu mundo coloriu de novo, vovô, mas ao ver que ele não me reconheceu e me tratou super mal, tudo ruiu. — Relatou com os olhos rasos.
— É uma decisão sua permanecer nesse casamento, lutar pelo homem que ama. O que decidi lhe apoiarei. Quero ver ambos felizes. — Disse abraçando a jovem. Nisso eles já estavam na sala de televisão, assistindo o noticiário matinal. O celular dela tocou, e mesmo sem ver a tela sabia quem é a pessoa do outro lado.
— Vai atender dessa vez? — Perguntou sem tirar os olhos da notícia.
— Sim. — Levantou e saiu da sala para não incomodar o senhor. No quinto toque atendeu.
— Evelin, falando!
— “Onde você está?” — Inquiriu controlando a fúria. Ela quase podia vê-lo andando de um lado ao outro. Não sabia que sentia tanta falta de ouvir sua voz.
— Na mansão Schrmam! — Exclamou em uma tranquilidade forçada.
— “Estou a caminho, e Evelin…”
— Sim. — O respondeu parando de respirar, apenas por escutar seu nome saindo dos lábios dele.
— “Não saia daí.” — Desligou sem lhe dar chance de responder.
Ela voltou para a sala onde seu amigo está e soltou a respiração lentamente.
— E, então? — Perguntou curioso.
— Ele está vindo. O que faço, vovô? — Suas emoções ameaçavam entrar em colapso.
— Primeiro se acalmar, depois colocar um lindo sorriso nesses lábios. — apertou as mãos dela — Não deixe meu neto ver o quanto está abalada. Seja forte e decidida na frente dele. Se quiser chorar, chore no silêncio do quarto.
— Certo. Como eu estou? — Sorriu.
— Linda, apenas solta o cabelo. Já notei o quanto ele gosta de vê-los solto. 
— O senhor é enxerido em, vovô. — Gargalhou.
— Observador, minha cara. — ficou sério — Amei tê-la comigo esses dias. Foi uma excelente companhia.
— Então posso voltar mais vezes? — Brincou.
— Deve. Por favor, visite mais vezes esse velho solitário.
— Será uma honra. — O abraçou novamente, usando se separam ela viu seu esposo parado, fitando os dois intensamente.
— Eduardo! — senhor Thomas exclamou alegre — Está há muito tempo aí?
— O suficiente. — Em nenhum momento desgrudou os olhos de Evelin. Ele prescrutava cada pedacinho dela. E seguindo os conselhos do patriarca, mesma não demonstrou nada, principalmente o que seu olhar fez com cada terminação nervosa dela.
— Tchau, vovô, a sua benção? — Beijou as mãos do senhor.
— Deus abençoe, minha neta querida. — Ela saiu na frente, sem olhar nos olhos de seu marido.
— Até mais, vovô! — Se despediu.
— Até meu neto. — o abraçou antes de concluir — Em outro momento volte, precisamos ter uma conversa séria.
— Posso saber do que se trata?
— Não, agora vá, não deixe sua linda esposa esperando. E, por favor, faz essa barba. — Eduardo saiu bufando, antes de abrir a porta, observou Evelin de novo.
Ela está diferente! Pensou, no entanto, não sabia o que. Entrou no carro, colocou o cinto e ligou o veículo. Durante o percurso nenhum deles abriu a boca. Ela o observava pela visão periférica. Esta mais, magro, abatido e com a barba por fazer. Nunca o viu assim. Se perguntava o que causou isso nele.
Entraram em casa, ele sentou no sofá e ela se posicionou na frente dele para o deleite de seus olhos. A avaliou de cima a baixo. Os cabelos longos e negros que brilhavam intensamente naquele dia. A boca convidativa, os olhos de jabuticabas, os braços finos e firmes, cintura fina, quadril largo e pernas grossas em cima de um salto quinze. Céus! Ela está uma perdição. Passou as mãos nos cabelos frustrado. Eduardo não quer admitir, mas esses dias longe de sua esposa o deixou fora de si. Muitas coisas foi sentida por ele. Raiva, muita, na verdade, mas, logo depois veio a preocupação, a saudade. Ele não tinha vontade para nada, não trabalhava há duas semanas. Nunca faltou o trabalho. Ligava para ela todos os dias, porém a mesma deixava cair na caixa postal. Estava pensando seriamente em dar parte na polícia, até que recebeu uma mensagem dela pedindo para não ligar mais, claro que não acatou. Ele a queria em casa, ao seu lado. Não parou para pensar no que isso significava, pararia para descobrir depois.
— Não vai sentar? Temos muito o que conversar. — Eduardo avisou mudando o rumo de suas reflexões.
— Estou bem assim. — cruzou os braços na defensiva — Desejo que me deixe falar e não me interrompa, por favor.
— Faço isso se me disser onde estava, esse tempo todo.
— Na mansão Schramm, não sair nenhum momento. — notou a cara cética dele — Se dúvida, pergunta a seu avô, ele dirá tudo.
— Certo. Desejo uma maldita explicação sobre o que aconteceu naquele dia. Temos um contrato.
— Sempre esse maldito contrato. — grunhiu — Eu fugir porque estava em pânico, não tinha ideia do que pretendia comigo naquele lugar.
— Impossível, afinal estava tudo detalhado no maldito contrato, como acabou de dizer. — Não escondeu o sarcasmo em cada palavra.
— Essa é a questão, Eduardo, eu não li o contrato…
— Você quer que eu acred… — Ela o interrompeu magoada, mesmo se esforçando para não parecer, no entanto, notou que ele percebeu.
— Não peço que acredite, mas é a verdade. — uma lágrima solitária escorreu em sua face e Evelin tratou de limpar rapidamente — Fui enganada pelos meus próprios avós, me fizeram assinar sem ler. Como eu poderia imaginar que meu sangue me trairia?
Começou a andar de um lado para o outro, não escondendo a raiva, o rancor, entretanto, parou do nada o encarando friamente.
— Sei que não tem nada a ver com isso, por isso irei cumprir o contrato. Lhe darei um filho, mas desejo da forma natural.
— Como é? — Indagou engolindo seco. Ele nunca imaginou que ouviria isso da boca dela.
— Eu já tive acesso ao contrato, lá específica que primeiro devemos tentar da forma natural, caso falhe, tentaremos a inseminação.
— Porque isso, agora? — Inquiriu desconfiado. Ela ficou desconcertada pela primeira vez desde que se encontraram. Respirou fundo e respondeu de vez.
— Porque sou virgem ainda, não quero que a minha primeira experiência sexual, seja na mesa de uma clínica de fertilização. — Revelou olhando na face dele, sem ao menos piscar. Ela disse tudo que sentia, com toda sinceridade. Se ele vai acreditar, é uma opção dele, mas sua parte a mesma fez. Evelin nunca mentiu para ele, e nunca o fará. Para ela a verdade sempre vem em primeiro lugar, mesmo que doa. Ficou calado, esperando a resposta dele que nunca chegava. O que foi dessa vez?




Até semana que vem!

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