A melodia suave e repetitiva da caixinha de música preenchia o constante silêncio opressor do quarto, era um som quase hipnótico, a única coisa capaz de me fazer dormir sem os constantes pesadelos. Mesmo sendo muito tarde da noite, minha atenção estava completamente fixada na bailarina giratória, meu dedos deslizando distraidamente pelo entalhe delicado da madeira.
Tanto agora - como anos atrás-, essa caixinha era uma das poucas coisas que me traziam um pouco de paz mesmo em um lugar sombrio como esse.
De repente um estrondo alto ecoou pela mansão, a bailarina deu uma última volta antes da tampa se fechar com um clique seco, fazendo-me sobressaltar e ficar de pé em posição de defesa. Fiquei imóvel por um segundo, o coração disparado, até que o som de algo pesado caindo no chão do lado de fora do quarto me tirou do transe.
Devagar e com cautela, abri a porta do quarto, espiando pelo corredor vazio e mal iluminado. O silêncio total retornou mas o eco do estrondo ainda parecia vibrar nas paredes. Reunindo coragem, eu saí do quarto, andando nas pontas dos pés na direção do barulho, os pés descalços mal faziam soavam contra o chão frio de madeira.
Mais a frente no corredor, próximo às escadas, meu corpo congelou abruptamente ao ver uma figura caída no chão. Apesar do rosto escondido por entre os braços, os cabelos platinados não me deixavam negar, era Draco. Seu corpo estava desajeitamente estirado no chão, com manchas escuras de sangue tingindo suas roupas e sua pele pálida estava ainda mais apagado.
Draco estava completamente incosciente no meio do corredor e, no mesmo segundo, o pânico tomou conta de mim, a ideia de deixar Draco ali era impensável.
E se Bellatrix o encontrar aqui...
E se Narcissa o vir assim, ela vai enlouquecer...
Lutando contra o medo, corri até ele, me ajoelhando ao seu lado, e com força puxei seu corpo, fazendo-o deitar de costas no chão. Levei meus trêmulos dedos até seu rosto frio, verificando se ele ainda respirada.
— Draco... — minha voz saiu tão rouca e baixa que era quase inaudível.
Sem resposta.
Olhei para os lados, desesperada. Não havia ninguém para ajudar, não nessa casa, mas mesmo assim jamais o deixaria desse jeito. Enfiei meus braços sob os dele e comecei a arrastá-lo pelo corredor, usando toda a força que eu tinha. A cada grunhido de esforço um pouco mais alto, eu olhava ao redor, temendo a qualque momento ouvir os passos de alguém se aproximando.
— Vamos, Draco... — sussurrei angustiada colocando mais esforço nas pernas para puxá-lo até o meu quarto o mais rápido possível.
Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, eu consegui arrastá-lo para o quarto. Fechando a porta apressadamente, e arrastei uma cadeira para bloquear a entrada, ou pelo menos sentir que a entrada estava sendo bloquiada. Me ajoelhei ao lado dele outra vez, eu conseguia sentir meu peito subindo e descende rapidamente enquanto eu tentava recuperar o fôlego.
— Por favor, acorde — murmurei, pressionando os dedos contra o rosto dele. Estava frio. — Draco, acorda...
Corri até a cama, puxando o cobertor apressadamente e com as mãos ainda tremendo, enrolei o tecido grosso ao redor dele, esperando que isso fosse aquecê-lo. Empurrei seu corpo até que ele estivesse deitado de lado, e apoiei sua cabeça na minha perna para que ele não sufoque. Quando menos funcionava, mais a urgência dentro de mim crescia.
— Droga, Draco! Não me deixa sozinha aqui!
As palavras escaparam antes que eu pudesse me conter, minha voz já trêmula e entrecortada. Era mais um grito de desespero do que um comando. Pousei a mão no peito dele, sentindo o coração bater fraco, mas ainda vivo.
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Autodestrutivo - Draco Malfoy
FanfictionLilith o odeia desde o seu primeiro ano, mas ela não era a única, todos os seus amigos o odiavam também. Afinal, Draco Malfoy era grosseiro e cruel. Ele não perdia a oportunidade de implicar com ela, mas a verdade é que Draco não conhecia outra man...