Capítulo 3

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Silena e eu dormimos na sala, deixamos a porta do quarto trancado de segurança, a verdade é que ambas estávamos com medo da situação, logo Silena tive que trabalhar e me deixou sozinha com o cara que ainda estava apagado, o que era muito preocupante, como era domingo não trabalhava hoje e podia ficar em casa, mas se trabalhasse como ia ficar fora de casa? Sinceramente se arrependimento matasse, morria agora.

Depois de comer algo fico olhando para TV passando o canal de forma aleatória, estava cansada, dormi tão mal, me levanto indo para o quarto, pego um vestido leve realmente estava chegando o calor minha casa era a prova disso, o quarto era a pior parte, e olha que o ar condicionado estava ligado, me viro e me deparo com um par de olhos castanhos mel me encarando, o homem finalmente tinha acordado, mas estranhamente ele só estava me observando, mexia somente os dedos e a cabeça as vezes quando eu me movia para me acompanhar.

Não sabia o que fazer, e se me aproximava, então simplesmente puxo uma cadeira me sentando, desisto e levanto, como se tivesse entendido o que fiz o homem também se senta na cama, mas não fala nada, só fica li parado me olhando, decido eu tomar uma atitude.

__ Você está bem? Entende o que eu falo?

Pergunto realmente preocupada, principalmente quando ele me olha parecendo totalmente confuso, pelo visto ele não falava grego, passo a mão na cabeça e ando de um lado para outro, quando vou andar bato em algo muito quente, sinto meu nariz doer, e reparo que o cara levantou, estava meio vacilante, era como se tivesse aprendendo a ficar de pé, mas ainda assim era assustador, ele tinha dois metros de altura e eu nos 1,78 parecia pequena perto dele, ele tinha algo que o fazia imponente e um pouco assustador.

Me afasto dele um pouco e fico um tempo em silêncio e ele também, como ia me comunicar com ele? Dou outro passo para trás e ele tenta dar um na minha direção, no entanto ele perde o equilíbrio, o amparo, ele me olha e também o olho, novamente me perco nos olhos dele quanto mais olhava mais parecia como o fogo dançando sob a lenha, nunca tinha visto olhos assim na minha vida, e podia ficar encarando eles por hora a fio.

Mas não podia, desvio os olhos dos dele e o ajudo a sentar na cama, sento na sua frente, observo ele tentando entender a situação, o cubro novamente o cara estava nú ainda, e também tinha a febre dele.

__ Seria tão simples se ele pudesse responder sim ou não...

Falo comigo enquanto ele me observa com muita atenção, o que vem depois me pegou desprevenida, e totalmente de surpresa, uma voz grossa e forte, daquelas que te dá arrepio de ouvir, me responde.

__ Não.
__ Você me respondeu !
__ Sim.
__ Entende o que falo ?
__ Sim.
__ Sabe falar como eu ?
__ Não.
__ Lembra de quem é você?
__ Não.
__ Você lembra de algo ?
__ Não.

Puta que pariu, isso era um problema.

__ Lembra de alguma coisa?
__ Não.
__ Nada ?!

Vejo ele ficar em silêncio, e isso me responde tudo,vou perguntando mais coisas e chego a conclusão que ele simplesmente não sabia quem era, e que não era tão simples como ele  não falar minha língua, ele não sabia absolutamente nada, era como se tivesse esquecido tudo, como se tivesse sido apagado, era só olhar a forma que ele estava, meu Deus ele nem sabia andar, olho para o homem, e sinto muita pena dele, como alguém poderia fazer algo assim com alguém e o deixar a própria sorte, era desumano, sem contar que depois disso o abandonaram para morrer, era muito cruel , e pensar que provavelmente ele morria se não tivesse encontrado ele.

Mas e agora? Se ele está com uma amnesia tão grave como posso deixar ele sozinho a própria sorte? E pelo visto ainda estava com febre, será que alguém deu algo para ele que o deixou assim? Provavelmente algo que afetou seu cérebro, Silena examinou ele ou tentou, mas ela me disse que não achou nada, nenhum sinal de violência, na verdade ele não tinha marca nenhuma no corpo, assim como pelos, o que era estranho, mas suas mãos eram grossas e com calos como se trabalhasse com algo braçal, que exige bastante força.

Fico ali pensando enquanto ele me observa, logo tenta se levantar de novo e o ajudo dessa vez, ele estava fervendo e não de um jeito bom, ele parecia com muita febre e isso era preocupante, olho para ele que estava com os olhos grudados em mim, o que me deixava com vergonha, afinal estava suada e com o cabelo desgrenhado e com a cara limpa, nada que normalmente você mostra ao um homem que acabou de conhecer, ajudo ele a se apoiar em mim.

__ Você precisa de um banho, está com febre.

Ele não responde só me olha confuso, mas me acompanha, reparo que apesar de não conseguir andar direito ele não apoiava seu peso em mim, mesmo sem memória ele era gentil, depois de alguns passos ele começou a andar sozinho, mesmo assim eu reparei que ele mancava, era algo muito sutil que só é visto se você realmente prestar atenção, mas estava ali, me pergunto se foi por causa do que aconteceu com ele.

Entro no banheiro ligo o chuveiro e coloco ele para dentro, o que não é exatamente boa ideia ele toma conta do espaço como se o banheiro fosse dele e vamos combinar que não era muito grande, mas conseguia me mover sem bater nele era algo bom, levo ele até o chuveiro e o coloco embaixo da água, ele faz cara feia, rio sem querer, provavelmente estava fria, sou pega de surpresa quando vejo que ele segura minha mão me olhando, novamente fico ali parada sendo hipnotizada pelos olhos dele, o ar parece aquecer e minha respiração fica ofegante e sinto meu corpo inteiro quente, parecia que estava em uma sauna, e eu queria ficar até me queimar inteira, esse pensamento me assusta e me afasto dele batendo contra a parede, fico meio envergonhada.

__ Eu vou pegar uma toalha para você, e roupas.... Você precisa de roupas..

Saio do banheiro fechando a porta e respiro fundo, que porra eu estava fazendo ! E pior que merda eu tinha acabado de pensar!

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