Mentira tem pernas curtas e a verdade pernas largas

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No outro dia, Macau deixou Tay em casa.

E mais uma mentira foi contada.

—Você dormiu fora de casa?? - Porsche olhava para Tay com desconfiança.

Ele já sabia. A cara de quem deu a noite inteira não restava dúvidas. Ele só estava com medo de saber com quem?

—Com Macau - Tay se jogou no sofá - Ele é tão legal!! Eu gozei três vezes, acredita? Parece um sonho!!

Uma luz de alerta de repente acendeu na cabeça de Porsche. Isso estava passando dos limites.

Ele conhecia Tay. Isso era paixão. Uma pessoa não aguenta ter o coração partido duas vezes seguidas. Ele, querendo ajudar, fez Tay se apaixonar por um idiota, um garoto de programa qualquer.

Sim, ele conheceu o garoto de programa que deveria ter saído com o Tay e era um padrão. Nada encantaria Tay dessa forma. Ele só não estava entendendo como era tão diferente com Tay. A única explicação seria ser duas pessoas diferentes, e se realmente fosse isso, seria uma tragédia sem fim!

— Você disse que ele se chamava Macau? Macau de que?

—Thera…Alguma coisa. Vamos nos ver hoje na boate. Vem comigo?

—Tenho um compromisso, mas até às dez eu chego lá. Me empresta teu celular?

Porsche entrou no aplicativo e confirmou sua suspeita. Tay nem ativou o código da foto no aplicativo. Isso significava que qualquer pessoa poderia estar saindo com Tay agora. Ele deveria saber. Tay era muito ingênuo para essas coisas. Hoje ele iria descobrir a peça que não estava se encaixando nessa história.



***

A noite, Porsche realmente teve um compromisso. Mas antes, deixou Tay na boate. Ele estava lindo. Dessa vez ele caprichou. O angelical e o sensual na mesma pessoa, fundidas como um pecado doce e suculento. Ele ficou olhando enquanto Tay entrava na balada e não tinha uma alma que não olhasse para ele. E ele sorria de volta, simpático do jeito que era, sem perceber os olhares sugestivos. Porsche sabia que Tay não entendia que aquelas pessoas estavam o cobiçando. Mais tarde, Tay falaria com ele sorrindo que as pessoas daquela boate eram muito simpáticas.




Tay estava encantado. A boate era linda e ele só teve que mostrar o cartão que Macau deu a ele para poder entrar. Enquanto esperava Macau, que avisou que iria se atrasar, percebeu que um rapaz ficava só olhando para ele. Até que o mesmo se aproximou.

—Tay?

Mesmo achando estranho, respondeu educado:

—Oi? Esse é meu nome— O outro sorriu.

—Ah sim, sou amigo de Macau. Ele não me disse que você era tão...Lindo.

—Que coisa, né? Mas agora você está vendo com seus próprios olhos —Tay não percebeu a malícia do outro. Se era amigo de Macau, era amigo dele também. Era assim na cabeça dele.

— E ansioso para provar— O outro falou baixinho, deixando Tay sem entender— Quando se resolver com Macau, me procura, tá? Tenho que ir agora. Foi um prazer.

Tay pegou o cartão que o outro lhe entregou e sorriu.

"Viu como o povo era simpático? Porsche iria adorar aquele lugar", ele pensou.

—Oie, desculpa, me atrasei— Macau respirou pesadamente. Parecia impossível Tay ficar mais bonito, mas ele ficou. Ele veio decidido a contar tudo para Tay, mas perdeu o raciocínio quando viu a beldade na sua frente.

Covarde.

A noite estava perfeita, até o telefone de Tay tocar. Era Porsche do outro lado da linha, e este estava rezando para Tay atender.

— Não diga nada, só escute!! Macau não é um garoto de programa. Te mandei algo, olhe e me espere na saída.

Tay nem precisava olhar, mas olhou. Fotos de Macau. Fotos que ele deveria conhecer se não fosse tão avoado. Macau era um dos herdeiros mais cobiçados de lá.

—Não precisa vir, me espere em casa. Em casa!!

Ele olhou para Macau agora, e se sentiu um lixo. As pessoas não estavam sendo gentis com ele. Estavam sendo gentis com a puta do chefe. O mais novo brinquedinho do herdeiro. Lembrou do outro rapaz e o cartão queimou no seu bolso. Então era assim, ele era uma piada, a piada. Quando se acaba com um, passa para outro.

Tay caminhou em passos firmes na direção de Macau.

—Quando iria me contar?!!

—O que?— Tay puxou o cabelo de Macau, o fazendo olhar bem em seu rosto.

—Quando iria me contar que eu sou a piada dos ricos esnobes? — Macau liberou as mãos de Tay nele.

—Não é assim, Tay...Eu ia falar. Não era minha intenção. Vamos conversar direito. Eu me apaixonei por você!! Eu sou louco por você!!

— Você é o pior de todos!! Os outros pelo menos mostraram as faces, mas você me enganou direitinho!! Se teve mesmo conectividade comigo, espero que sinta tudo de ruim que estou te desejando agora!!

— Tay, me escute!!

— Nunca mais toque em mim, seu nanico da peste!! Suma da minha frente!! Não quero mais ver sua cara, nem pagando e nem de graça!!

Tay saiu, deixando Macau lá. Enquanto passava na portaria, um segurança veio chamado seu nome.

—Senhor Tay, Senhor Tay?!

—O que é inferno!! O que foi? Eu saí sem pagar foi? Eu não sou senhor de nada não, sou um assalariado igual a você!! —O segurança o olhou assustado.

—Desculpe, o senhor Macau pediu para te levar em casa.

—Diga ao seu "Senhor" Macau para se ferrar!! E nem invente de me acompanhar!! Minha dignidade já foi embora, então pra eu gastar meu réu primário falta isso aqui!! – Mostrou os dedos para o outro, que ficou sem reação.

Quando finalmente ele saiu, estava na rua, e somente assim Tay deixou as lágrimas escorrerem.

Porque ele era trouxa desse jeito? Sempre se perguntou porque era tão fácil de ser enganado.

Ele era uma pessoa boa, fazia caridade, amava os animais. Quando os humilhados serão exaltados?

Tay vinha chorando e perdido em pensamentos que não viu a tampa do bueiro, prendendo o seu pé no mesmo.

Chorando de raiva e vergonha, teve que deixar o sapato lá para o pé poder sair.

Finalmente chegou em casa, mais corno do que quando saiu e ainda por cima manco, sem seu melhor sapatinho. Era o retrato da decadência, do tipo ideal que os hospitais psiquiátricos gostam.

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