27.

1.7K 185 56
                                    

Pov Maiara

- Amor, se acalma - Luísa pede segurando meu rosto - Eles não vão te tratal mal ou com desprezo.

- Eles sequer vão olhar na minha cara, Luísa.

Minha esposa sela nossos lábios e acaricia meu rosto, arrumando a nossa filha nós seus braços. Depois que voltamos para o Brasil e depois que as meninas foram passar um tempo fora, só depois de longos dias eu tive coragem de falar com meus pais, de vir até a minha antiga casa e explicar tudo que aconteceu. Não me arrependo de nada, tudo foi pela minha família, mas eu me sinto covarde, de não ter conseguido explicar para eles tudo que aconteceu, antes mesmo de ir embora.

- Mai... eles não vão te culpar.

- Eles não precisam - Dou de ombros - Eu mesma estou fazendo isso.

Luísa segura as minhas mãos e beija, se aproximando até a porta e batendo por mim.

- Luísa, o que você está fazendo?

- Te mostrando o amor incondicional dos seus pais.

Quando alguém abre a porta, é meu pai, ele me olha por longos minutos, até me puxar para um abraço e beijar meu rosto. Eu caio no choro ali mesmo, eu tive que ir embora com tanta pressa, que sequer me despedi da minha família.

- Maiara? - Minha mãe pergunta me olhando - Oh minha filha...

Ela passa a mão no meu rosto e beija a minha cabeça, os dois me abraçam com força, chorando junto comigo. Foram meses recebendo ameaças, meses tendo que ver o meu amor chorar, lágrimas cada vez que os médicos falavam que a minha gravidez não iria vingar, foi meses muito difíceis, mas eu tive que escolher a minha esposa e a minha filha, mas isso nunca vai anular meu amor pelos meus pais. Minha mãe segura o meu rosto e limpa as minhas lágrimas.

- Você está linda, seu cabelo cresceu - Ela fala rapidamente - Sua pele está brilhante, perdeu peso, você está comendo direito?

- É pela amamentação, mamãe - Falo com a voz embargada.

- O que?

Pego Amaya do colo da minha esposa e tiro a coberta do seu rosto, mostrando a minha filha, neta dos mais pais. Minha mãe cai no choro e se aproxima da pequena, pegando ela no colo, enquanto meu pai beija a cabeça da minha filha.

- É a Amaya - Luísa fala colocando a mão na minha cintura - Amaya Henrique Mendonça.

Minha mãe olha para Luísa e depois olha para a minha filha e abre os braços, mostrando que quer abraçar a minha mulher.

- Você cuidou bem dela - Minha mãe fala para Luísa - Delas duas, você cuidou bem.

- Sua filha é a minha vida - Luísa fala para os meus pais - Eu nunca, em um milhão de anos, queria separar vocês.

- Estávamos recebendo ameaças - Falo me aproximando deles - Ameaças que colocavam as nossas vidas em jogo.

Minha mãe me olha preocupada e nós da passagem, para entrarmos na casa. Quando eu entro, aquele cheiro específico de casa me invade, como uma paz, um conforto, mostrando que eu finalmente voltei para o lugar que me obrigaram a sair. A casa não mudou nada, até o gosto ruim de Maraisa para porta-retratos ainda é o mesmo e eu não consigo deixar de sorrir, ao ver que as minhas fotos ainda estão penduradas.

Sento no sofá ao lado da minha mulher e meus pais sentam no outro, totalmente distraídos com a nossa filha no colo deles. Quando a nossa pequena acorda, fica assustada, mas logo reconhece o vovô e a vovó das fotos, em nenhum momento deixamos de mostrar, quem é a sua verdadeira família.

- Que sorriso lindo - Minha mãe fala para ela.

- É igual ao de Maiara quando era pequena - Meu pai beija a cabeça da sua neta.

Eu e a minha esposa parece que estamos sobrando, eles até esquecem que estamos aqui. Luísa começa a rir da minha indignação e beija a minha bocheca.

- É a primeira neta deles, Mai - Ela fala entrelaçando as nossas mãos - Deixa eles... curtirem um pouco ela.

Deito a minha cabeça no ombro se Luísa e passo meu nariz pelo seu pescoço, me acalmando aos poucos desse misto de emoção.

- Filha... quando você... foi embora - Meu pai chama a minha atenção - Com quantos meses você estava?

- Eu estava com seis meses, papai - Sorrio fraco e procuro as mãos de Luísa - Eu não iria engravidar, mas eu fui diagnosticada com uma doença que iria dificultar se eu tentasse engravidar mais tarde.

- E... já estávamos noivas - Luísa continua por mim - E foi quando a minha avó descobriu por um paparazzis que estávamos juntas, nós proibindo de passear juntas, ficar na mesma casa.

- Luísa não obedecia, então começou a sair as ameaças de morte, mandando pessoas me seguir - Tento segurar meu choro - Tentando fazer os médicos me doparem para tentar tirar a minha filha... eu só... eu fugi para salvar a minha família.

Minha mãe entrega a nossa pequena para o meu pai e se aproxima de mim, me abraçando com força, beijando o meu ombro. Eu choro pelo medo que eu sentia, pela angústia de pensar que não iria mais ver o amor da minha vida, de pensar que ela não iria conhecer a nossa filha, foram inúmeros pensamentos dolorosos, que eu não consigo colocar em palavras.

- Aonde vocês estão morando? - Ela pergunta baixinho - Vocês podem ficar aqui, ninguém machuca vocês aqui.

- Estamos morando em Cingapura - Luísa fala alisando as minhas costas - Eu tenho uma empresa... com meu outro sobrenome, nada ligado ao legado Mendonça.

Meus pais concordam com a cabeça e minha esposa beija meu ombro, me puxando mais para ela.

- Me desculpem, por... ter fugido daquele jeito - Falo cabisbaixa - Me desculpa por não ter... avisado.

- Você protegeu a sua família, Maiara - Meu pai fala com Amaya nós braços - Família, sempre, sempre vem em primeiro lugar.

- Foi assim que te ensinamos - Minha mãe sorri para mim - Você e a sua irmã.

Concordo com a cabeça e abraço ela novamente, sentindo o abraço tão reconfortante de mãe, um abraço que cura.

- Aonde está a sua irmã?

- Ela está com a Lila - Sorrio fraco - As duas estão vivendo a lua de mel delas.

- Entendi...

O celular da minha esposa começa a tocar e ela pede licença, se levantando para atender. Amaya desce do colo dos meus pais e vai correndo até Luísa. Carreguei nove meses para ser totalmente apaixonada pela mãe.

- Ela é linda - Minha mãe fala me olhando - Os olhos verdes e curiosos.

- A primeira palavra dela foi para chamar Luísa - Nego com a cabeça - Não foi mamãe, foi "amor", porque eu chamo ela assim.

- Luísa cuida bem de você?

- Ela é a minha rainha dos meus sonhos.

Quando Luísa volta, minha esposa está pálida, com Amaya segurando as suas mãos.

- O que foi, amor? - Pergunto ficando na sua direção.

- Minha avó ela... ela está internada - Luísa fala devagar - Isso vai fazer a Lila voltar.

- Preciso falar com a Maraisa...

Correntes e Cadeados (Malila) Onde histórias criam vida. Descubra agora