50.

1.1K 150 59
                                    

Pov Marília

- Maraisa... não começa.

- Começar com o quê? - Ela pergunta beijando meu pescoço e descendo a mão para o centro das minhas pernas.

- Com isso - Falo rindo e tiro a sua mão - Já deu o horário de acordar as crianças.

Minha esposa resmunga irritada com isso e tenta me beijar, mas eu afasto, sei que se eu me deixar levar, vamos ficar aqui o dia inteiro e eu não vou ir trabalhar. Saio da cama e vejo seus olhos passando pelo meu corpo, até que ela morde o lábio e se aproxima de mim novamente.

- Eu vou me atrasar - Falo afastando ela com as mãos.

- Eu sou rápida.

- Maraisa, vai se trocar.

- Não.

Ela me puxa pela cintura e me deita na cama e é nessas horas que eu vejo que estou ficando velha e não tenho mais energia para acompanhar o libido da juventude da minha esposa. Maraisa tenta selar nossos lábios, mas eu tampo a sua boca com a minha mão, me contorcendo para sair dos seus braços. Até que escutamos um choro alto no outro quarto e pelo dessespero, é a pequena Lua.

Lua quando chora, não é como um choro de fome ou de sono, ou qualquer coisa do tipo, é um choro de dessespero, como se o mundo tivesse acabando, mas é só se aproximar do seu berço e ela começa a rir.

Uso isso como desculpa e afasto a minha mulher, ouvindo seus resmungos irritados quando eu tiro ela de cima de mim. Visto meu roupão e vou ver a minha pequena, que assim que vê eu entrando no seu quarto, para de chorar e senta no berço, sorrindo para mim.

- Bom dia, filha - Falo me aproximando do seu berço - Você dormiu bem?

Ela me olha e engatinha até a beirada do berço, esticando os bracinhos para ir até o meu colo. Lua abraça o meu pescoço e beija a minha bocheca, sorrindo de lado para mim.

- O Léo já deve ter acordado - Falo beijando a sua bocheca - Você quer ir acordar ele?

Léo quando acorda, não faz nada, só fica mordendo as suas mãozinhas e balançando as pernas no ar, raramente ele acorda chorando. Saio do quarto da pequena e vou até o meu outro filho e dito e feito, Léo está deitado, olhando para o teto, mas dessa vez com os pezinhos na boca.

- Oi, Léo...

- Mamãe... - Ele sorri para mim e começa a falar várias coisas, mesmo que do seu jeito.

- Que bom, amor...

Minha esposa aparece no quarto brava e já trocada. Léo quando vê ela, bate palminha e engatinha até a sua direção, se apoiando na grade do berço, para ir no seu colo.

- Oi, meus amores - Ela sorri pegando Léo no colo - Pelo menos vocês me amam.

- Depois eu que sou dramática - Falo rindo e passo por ela.

E a nossa rotina foi a mesma, demos café para os pequenos, fizemos as nossas coisas, mas hoje eu tenho que ir na empresa, resolver coisas pendentes, mas somos mães de primeira viagem, uma sozinha não dá conta de dois, então eu vou ir com a Lua e Léo vai ficar com a minha esposa, assim nenhuma das duas fica sobrecarregada.

///

- Lua, não mexe nisso - Falo tirando o grampeador da sua mão - A mamãe precisa assinar isso, mas você precisa deixar.

Lua não dorme de tarde, não para quieta, ela roubou toda a energia do seu irmão, por isso é tão agitada assim. Entrego meu celular na sua mão e ela se distrai por segundos, só até eu assinar os documentos. Quando estou resolvendo as coisas, um dos meus funcionários entram e eu rapidamente reconheço o homem que maltratou a minha esposa.

- Maríli-

- Senhora Mendonça - Corrijo ele irritada - Não sou sua amiga, você é só um funcionário.

- Certo... senhora Mendonça, algumas revistas estão presas no departamento - Ele fala devagar - Precis-

- Resolve isso.

- Eu preciso de ajuda... são muitos formulários para preencher.

- Eu quero que você faça sozinho - Sorrio de lado - E até amanhã.

- Eu não vou conseguir...

Me levanto com Lua nós braços e me aproximo dele, olhando no fundo dos olhos do homem.

- Eu não me importo, se você não conseguir, tem pessoas mais capazes que você - Falo me aproximando - E da próxima vez, que a minha esposa vir me substituir e você for estúpido de novo, eu não vou só te demitir, eu acabo com a sua carreira profissional e você não acha mais emprego em lugar nenhum.

Ele engole em seco e eu faço um gesto com as mãos, mostrando que é para ele sair da sala. Quando o homem sai e fecha a porta, eu respiro fundo e passo a mão no meu rosto. Não gosto de voltar a ser a mulher que eu era, mas se você não colocar limites, eles passam por cima de você.

- O que foi, amor? - Pergunto vendo a minha pequena ficar irritada nós meus braços - O que foi?

Ela começa a chorar alto, vejo que não é fome, já que eu acabei de dar a sua mamadeira, mas algo está incomodando a minha pequena. Troco a sua roupinha, não é calor, não é frio e cada vez que eu tento acalmar a minha pequena, ela chora mais.

- O que você quer, filha? - Pergunto balançando seu corpinho.

- A mamãe... - Ela fala direitinho.

Meus olhos enchem de lágrimas quando eu vejo ela chamando a sua outra mãe e eu entendo que essa sua manha, é só saudades. Termino de organizar a minha sala e saio com a pequena, indo rapidamente para a nossa casa, ouvindo o choro da minha filha o caminho inteiro. Quando chego, a casa está um completo silêncio, até que nós duas entramos na sala e Léo e Maraisa estão dormindo no sofá. Os dois dorme do mesmo jeito, na mesma posição, com a boca meia aberta, exatamente iguais.

- Carreguei nove meses para nada - Resmungo irritada.

Maraisa acorda com o choro da pequena e senta no sofá, fazendo Lua se jogar nós seus braços.

- Sua filha estava com saudades - Explico devagar.

- Só a minha filha?

- Só...

Minha esposa beija o rosto da pequena que agarra ela com tanta força, que eu sinto um pouco de inveja desse abraço.

- Você estava com saudades da mamãe, amor? - Ela pergunta para a pequena.

Léo acorda com esse movimento e senta no sofá, sorrindo para a sua irmã. Quando eu vejo os três juntos, as três pessoas mais apaixonadas na minha esposa, aí eu entendo que escolhi a pessoa certa para ser mãe dos meus filhos. O jeito que seus olhos brilham ao ver os pequenos, seu jeito carinhoso, brincalhão, tudo nela me encanta, talvez seja por isso que eu me apaixono cada dia mais por essa mulher, todos os dias, todas as horas e todos os minutos.

Me aproximo deles e beijo a bochecha da minha esposa fazendo ela me olhar.

- O que foi, Lila?

- Nada... eu só... te amo muito.

///

A fic esta nós capítulos finais.

Correntes e Cadeados (Malila) Onde histórias criam vida. Descubra agora