25.

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Pov Marília

- Qual dessas joias você vai querer? - Minha avó pergunta colocando todas na minha frente - Essa de esmeralda é linda.

- A senhora pode escolher - Sorrio para ela - Não tenho bom gosto nisso.

As moças terminam o meu cabelo e começam a minha maquiagem, enquanto as manicures fazem as minhas unhas. Chegou o grande dia, mas não me sinto viva, na verdade, me sinto morta por dentro, então parei de fazer questão de tudo a muito tempo. Vou me casar com uma pessoa que eu não amo, vou ser obrigada a ir em uma lua de mel, com um homem que eu sinto enjoo, vou ter que me deitar com ele, ter filhos, mas não me importo mais.

Minha cabeça está doendo, minha avó está me obrigando a ficar sem comer, para o vestido entrar bem no meu corpo.

- A igreja está linda - Minha avó fala me olhando - Todos os convidados chegaram e está sendo transmitido para a cidade inteira.

- Precisava de tudo isso?

- Precisava, a primeira Mendonça a se casar com um homem de verdade - Ela sorri para mim - Já que seu pai, não era muita coisa.

- Meu pai era um homem bom - Resmungo nervosa - Ele não era rico mas era um homem bom.

- Sua mãe sustentava seu pai, Marília.

- E não é isso que eu vou fazer com o Murilo?

Minha avó me olha brava e eu reviro meus olhos irritada. A família de Murilo era muito poderosa, mas de alguns meses para cá, eles investiram em indústrias no exterior, que na realidade não existiam, fazendo eles perderem milhões de dinheiro, por isso desse casamento.

- Precisamos colocar o vestido nela - A costureira avisa - Todos já entraram, só falta os noivos.

Me levanto e coloco o enorme vestido com a ajuda as mulheres que fizeram o vestido. Quando estou pronta, todas me olham e batem palma.

- Você está linda, querida - Ela fala me olhando - O vestido mais lindo para a noiva mais linda.

E mais infeliz.

Sorrio para elas e coloco o salto, sentindo várias mãos em mim ao mesmo tempo, para colocar as joias, terminar a maquiagem, arrumar tudo. Entro no carro e a minha maior vontade é abrir a porta e me jogar, para ver no que dá. Minha família é famosa na cidade, unicamente pela minha mãe, que era uma pessoa doce e meiga, que encantava todos ao seu redor e se apaixonaram pela nossa família, por isso esse casamento é tão importante para a cidade inteira.

Quando chegamos na igreja, várias pessoas vêm com as câmeras em cima do carro, tentando chamar a minha atenção, querendo alguma fala, qualquer coisa. Os seguranças rapidamente afastam os paparazzis e me ajudam a descer do carro, fazendo eu ouvir os aplausos pela minha pessoa.

Eu queria estar feliz como eles.

Respiro fundo e ando até a frente da igreja, vendo Murilo no altar, totalmente engomado, sorrindo para mim, não faço questão de sorrir de volta, não estou feliz, nenhum um pouco. Minha vó segura as minhas mãos e beija, apenas fazendo mídia, ela não e carinhosa assim comigo.

A cada passo que eu dou até o altar, sinto minha alma indo embora, aos poucos eu vou deixando a Marília Dias Mendonça para trás e vou voltando para a senhora Mendonça, uma pessoa fria, ruim e sem sentimentos.

A igreja está impecável, as rosas brancas perfumam o ambiente, sorrisos são lançados na minha direção, uma grande câmera está direcionada no meu rosto, mas eu não faço questão de sorrir.

- Você está perfeita, Lila - Murilo fala segurando as minhas mãos.

- Não posso dizer o mesmo.

Ele sorri sem graça e o padre começa a cerimônia, me deixando completamente entediada, querendo ir embora logo. Todos estão nos olhando, me sinto coagida, com medo de errar. Minha avó me olha com um sorriso no rosto, feliz por mim obedecê-la.

Correntes e Cadeados (Malila) Onde histórias criam vida. Descubra agora