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Pov Maraisa

- São quantas cópias? - Pergunto para o homem - Precisamos tirar as cópias e mandar para a revista.

- A senhora Mendonça sabe quantas cópias são - Ele me responde - Ela é a chefe, ela sabe.

- Eu estou aqui para ajudar - Falo devagar - Marília não pode vir, acabou de ter dois bebês.

- Sabemos, mas você não tem qualificação para substituir ela - Ele dá de ombros - Isso não é da equipe de marketing e sim da diretoria.

- É só me dizer quantas cópias são.

- Não sabemos, Maraisa, novamente só a senhora Mendonça sabe.

Respiro fundo e tento não perder a paciência com todos ao meu redor. O que eu imaginava que iria acontecer, aconteceu, os funcionários da minha esposa se irritando com as minhas ordens, reclamando da injustiça que é eles estarem no mesmo cargo a anos e eu que cheguei a meses atrás, já está muito acima deles e o pior de tudo isso, eu sei que é injusto. Marília me mandou como sua substituta, mesmo contra a minha vontade. Eu não queria pular tantos cargos e chegar logo na diretoria da empresa, principalmente porque isso não é justo, mas agora a minha esposa não pode separar dos gêmeos e vir resolver esses problemas que eu posso resolver, não quero estressar ela.

- Vamos mandar mil cópias - Falo para o homem - Se faltar, mandamos mais.

- Você não é a nossa chefe, vamos mandar quando a senhora Mendonça ordenar.

- Eu estou no lugar dela.

Ele começa a rir e se aproxima de mim, colocando a revista na minha mão e olhando dentro dos meus olhos.

- Não, você não está - Ele sorri de lado - Trabalhamos aqui a mais de dez anos, temos experiência, tempo de serviço.

- Eu trabalho aqui também...

- Não, você só dá para a chefe e só Deus sabe como se casou com ela, você ainda é a estagiária e pior, esse é seu primeiro emprego de verdade, você não tem experiência para liderar uma equipe, você não vai mandar em ninguém aqui.

- Eu só quero mandar as revistas.

- Eu queria ter a sua vida - Ele se afasta de mim - Não fez porra nenhuma e passou por cima de todos ao seu redor e agora é chefe da empresa, meus parabéns.

Ele saí da sala e bate a porta, fazendo eu me assustar. Mesmo querendo e podendo demitir o homem, não é justo, ele e todo o resto dos funcionários que pensam assim estão certos. Marília começou a erguer essa empresa aos dezenove anos, ela demorou onze anos para chegar aonde chegou, eu só tenho vinte e três anos, não é justo eu me meter nos seus negócios, mesmo sem experiência alguma, não é como se eu tivesse sido influenciada, não, ele só disse o que estava no meu pensamento. E ao mesmo tempo que eu não me sinto bem, fazendo o trabalho que Marília faz, eu não me sinto bem dependendo dela para tudo, não era esse meu plano no passado, eu tenho meu sonho de construir meu próprio legado, ter os meus negócios, não quero viver a minha vida inteira na sombra da minha esposa, eu quer ter meu meu próprio nome.

Termino o meu trabalho e mando as mil cópias para a imprensa, mesmo sem saber se é essa a quantidade. Saio da sala da minha esposa e sinto os olhares sobre mim, cochichos, odeio isso, principalmente porque todos eram meus amigos. Saio da empresa e vou direto para a minha casa, quero conversar com ela sobre isso, mesmo achando que a reação da loira não vai ser a melhor.

Quando chego, a casa está um completo silêncio, subo para o andar de cima e entro no meu quarto, encontrando os três dormindo juntos no meio cama. Léo deitado esticado na cama e Lua dormindo abraçada com a sua mãe, enquanto Marília dorme sentada na cama, segurando Lua no seu peito. Os gêmeos são totalmente o oposto, Léo odeia dormir junto e Lua só dorme com a sua naninha ou abraçada com alguém.

Correntes e Cadeados (Malila) Onde histórias criam vida. Descubra agora