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Pov Marília

- Olha esse... - Maraisa me mostra uma roupinha - A gente precisa levar.

- Você disse isso para todas as roupas - Resmungo olhando o carrinho.

Maraisa beija a minha bocheca e coloca a roupa no carrinho, juntando com as milhares que ela já escolheu. Decidimos sair para comprar as roupas para os bebês, mesmo que falta bastante tempo ainda, é legal comprar algumas coisinhas, brinquedos, porque sempre imaginamos como eles vão ser, como vai ser seus rostinhos, como vai ser a nova fase das nossas vidas.

- O que você acha desse? - Maraisa mostra para mim - É bonito, amor.

- O que é isso?

- Um macacão para a Lua - Ela fala como se fosse óbvio.

- É lindo...

Continuamos fazendo as nossas compras, até que alguém toca no ombro da minha mulher e chama a nossa atenção. Um homem alto, não posso dizer que é bonito, mas dá um sorriso de orelha a orelha ao ver a minha esposa. Já fecho a cara para o homem e não entendo o sorriso para a minha mulher.

- Oi, Mara - Ele fala animado - Como você mudou, cortou o cabelo, está linda.

- Oi, Henrique... - Ela fica sem graça - Essa é a Maril-

- Esposa dela - Falo rapidamente - Somos casadas.

- E como você está, Mara? - Henrique me ignora.

- Casada - Respondo novamente - Na verdade, estamos comprando roupas para os nosso filhos, gêmeos, não por opção mas gêmeos.

Maraisa me belisca por trás e eu resmungo por isso, tirando as suas mãos. Os dois começam a conversar sobre a época da faculdade e eu fico irritada, revirando meus olhos e voltando para o meu carro, esperando o ar dá graça da minha esposa. Quando estou colocando o cinto, escuto um celular tocando, Maraisa deixou o celular dela no carro e eu mesmo sem saber quem é, atendo.

- Alô? Quem é?

- Podemos falar com Marília Henrique Mendonça? - Alguém fala devagar - Esse é o segundo número de contato.

- Sou eu... pode falar.

- Te ligamos várias vezes durante a semana, mas o nosso número foi recusado, achamos que pode ter sido bloqueado.

Maraisa, a única que tem a senhora e acesso ao meu celular.

- Dona Rosa Dias Mendonça, foi internada na segunda feira, senhora Mendonça - A mulher explica devagar - Como a senhora é a única parente da lista, temos que avisar.

- O que aconteceu?

- Ela teve um infarto, devido ao estresse, mas conseguimos trazê-la de volta, mas a sua avó ainda está internada.

Devido ao estresse...

Ao estresse que eu causei, me vingando dela e pouco me importando se ela é uma mulher de idade ou não. Meus olhos enchem de lágrimas e eu sinto uma dor no coração, eu sempre prometi que iria cuidadar dela na velhice, acho que nenhuma das duas cumprimos com as nossas promessas. Mesmo não querendo me importar, é difícil, ela é a minha avó, sangue do meu sangue e por muito tempo, foi a única pessoa da minha família. Não tenho um coração duro e de pedra, que só vire uma chavinha e você para de se importar, eu não sou assim, nunca fui assim.

Além dessa situação me chatear o que mais me mágoa é Maraisa ter escondido isso de mim e pior, bloquear o número para eu não ter contato com essa informação.

- Eu posso ir visitá-la? - Pergunto com a voz embargada - Agora?

- Podemos abrir uma exceção para a senhora.

Correntes e Cadeados (Malila) Onde histórias criam vida. Descubra agora