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Pov Maraisa

- Levanta, abre os olhos, lava esse rosto - Maiara manda tirando a coberta de cima do meu rosto - Vamos, Maraisa.

- Não consigo.

- Você está a uma semana nessa cama - Ela fala irritada - Não sai nem para trabalhar.

- Eu não quero ver a Marília - Resmungo baixinho - Ela... ela me machucou.

- Mara, tenta entender o lado dela - Minha irmã pede sentando do meu lado - Ela... descobriu que o motivo dos pais dela não estarem mais aqui hoje, foi culpa da pessoa que ela mais tinha consideração.

- Então porque ela voltou para a casa da avó dela? - Pergunto chateada - Por que... por que publicou em todos os sites possíveis que terminamos?

- Ela também disse que rompeu os contatos com Luísa, Mara, Marília está muito magoada.

A mais de uma semana, a minha vida se tornou um verdadeiro inferno. Marília terminou comigo, não me responde em nada, espalhou aos sete cantos do mundo que não estamos juntas e ainda voltou para a casa da sua avó, não consigo entender as suas decisões mas está me machucando muito.

- Levanta dessa cama, come alguma coisa - Maiara pede beijando a minha testa - Reage.

Respiro fundo e concordo com a cabeça, prendendo o choro. Eu espero que ela seja feliz, mas não significa que vai parar de doer em mim. Eu preciso ficar longe de todos, preciso tirar um tempo para mim, em menos de alguns meses, minha vida virou de cabeça para baixo, eu me apaixonei perdidamente, eu namorei, noivei e terminei, nosso amor não foi longo o suficiente para casarmos, não tivemos forças para isso.

- Tenta se distrair...

- Eu não consigo - Sorrio fraco - Eu preciso de um tempo, longe daqui, longe... longe de tudo.

- O que você pretende fazer?

- Eu vou pedir a minha demissão - Dou de ombros - Ficar perto dela, só vai me machucar mais ainda.

- Esse era o seu sonho, Mara...

- Era, depois meu sonho virou me casar e ter filhos com a Marília, mas... infelizmente ela me odeia agora.

- Não acho que essa seja a opção correta.

- Por agora é - Falo me levantando - Eu vou... eu vou ir empresa pedir a minha demissão.

- Maraisa...

Vou para o banheiro e me tranco ali, chorando novamente, todos os dias tem sido assim, todos os dias eu choro igual uma criança sem o colo da mãe, todos os dias eu me sinto sem aquele amor eu me acostumei tão rápido a ter, o amor da minha vida. Deixo a água quente cair pelo meu corpo e tento me acalmar, não posso ficar assim para o resto da minha vida. Eu entendo que errei, entendo que eu deveria ter contado, mas não é simples, não é simplesmente como contar que quebrou uma xícara, são vidas, são momentos, eu não sabia como contar, que a sua avó, que o ser humano que você mais considera no mundo, foi responsável pela maior perda da sua vida. Prefiro que chamem de covarde do que de insensível, porque eu fui covarde de não ter contato, mas fui cuidadosa, porque eu não queria que ela sentisse tanto essa dor.

Saio do chuveiro e coloco um vestido preto de manga longa e arrumo meus cabelos, não vou com roupa de escritório, até porque eu não iria trabalhar, pelo contrário, irei pedir a minha demissão. Pego um taxi e vou para a empresa, chegando quase no final do expediente, Marília sequer deve estar aqui. Subo para o escritório e consigo ouvir os seus gritos com os funcionários, a grande senhora Mendonça voltou. Quando ela volta para a sua sala, eu vou atrás, chamando a atenção de todos ao nosso redor.

Correntes e Cadeados (Malila) Onde histórias criam vida. Descubra agora