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"No coração dela só há espaço para navegar quem sabe a(mar)."
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Estou tremendo, suando frio e aperto inutilmente minhas mãos numa tentativa de me acalmar. Minha mãe desliza as mãos por meu coque enquanto meu pai me obriga a corrigir a postura.
- Querida, tente não mexer muito a cabeça porque esse negócio corre sérios riscos de despencar - ela me adverte.
Concordo levemente temendo mesmo que meu penteado desmanche. Embora eu tenha advertido o cabeleireiro de que esse coque não pararia na minha cabeça, ele disse que me deixaria bem mais alta, e isso foi o bastante para que a produção aprovasse.
O vestido lilás e roxo é apertado do início ao fim, um estilo cauda de sereia, uns dois números a menos que o meu que não me permite respirar. O scarpin preto aperta meu dedo mindinho e o meu calcanhar. O exagero de anéis e pulseiras me incomodam estranhamente, além dos brincos pesados. E também, essa merda de lente de contato que pinica meu olho.
A única coisa que me salva agora, é o colar. Deslizo a mão por meu pescoço encontrando fragmentos de uma certa pedra que fora encontrada quebrada, sem explicação aparente, algumas semanas antes. Isso me deixa mais calma, mais corajosa.
Um pouco à cima dessa beleza, uma gargantilha coleira prateada, para combinar com o restante dos enfeites, que esconde minha cicatriz, um detalhe que mamãe me questiona até hoje de como a adquiri.
Nunca lhe contei nada, aliás, não contei nada a ninguém. Prefiro pensar que tudo foi um sonho, um sonho bem real mas, ainda sim, um sonho. É melhor assim, pois a saudade diminui assim como os meus incontáveis esforços para tentar entender o que aconteceu.
- Meu amor, não esquece de sorrir -meu pai aconselha forçando um sorriso.
Dou uma curta gargalhada pelo seu esforço ao imitar o moço que me ensaiou para esse dia.
Enfim, paramos ao fim do corredor de frente para uma porta branca com o nome "Silêncio". Mas antes que eu possa pôr em prática a minha ideia de tirar os saltos, sair correndo até o carro mais próximo e, mesmo sem ter a mínima noção de direção, ir para casa, Levi abre a porta com um sorriso alegre.
Está bonito, como sempre. Com um terno num tom azul muito escuro e com os cabelos cor de mel presos em um rabo de cavalo pequeno.
Meu pai o encara sério, endireitando a postura e fazendo sumir qualquer resquício da brincadeira anterior.
- Senhor Kent - ele dá um aceno de cabeça. - Está linda, senhora Kent - se vira para minha mãe que sorri gentilmente.
- Obrigada, querido, você também está maravilhoso.
- Mas não a altura de uma maravilha dessas que é a sua filha.
Me pego com as bochechas coradas e com os três olhando em minha direção, ambos com um sorriso.
Cubro os olhos fazendo-os dar um risinho e também chamando a atenção do co-diretor. O homem naturalmente carioca aparece atrás do mocinho, nos encara repreensivo e, me fitando em especial, faz um gesto para que entre.
É agora.
Meus pais me desejam boa sorte junto com um beijo em minha bochecha, agarro o braço do garoto australiano e respiro profundamente enquanto caminhamos para o fundo do cenário.
O co-diretor aparece novamente e fico mais nervosa, essa é realmente a primeira vez que sou entrevistada.
- É uma simples entrevista, Safira - ele me diz numa tentativa de me acalmar.
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𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.
Historical FictionDe volta a Tróia depois de um ano, Safira se vê diante do mesmo mundo que lhe marcou profundamente, entretanto, se depara com novos conflitos, que a fazem ter uma nova visão do mundo que achava tão bom em suas viagens anteriores. E entre a constant...