ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟚: Por Safira.

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"A marca da sabedoria é ler corretamente o presente e marchar de acordo com a ocasião."

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 Permaneço neutra, não digo sim, nem não. Somente respiro fundo buscando por uma atmosfera menos carregada, mas falhando.

 Eu estou cansada, trabalhei a metade do dia, e na outra metade, estudei, além de dar essa entrevista um tanto agoniante. Só preciso de tempo, e descanso. Somente isso. Qualquer assunto agora, seria demais para eu resolver, poderia acabar fazendo besteira levada pelo cansaço.

 - Levi, eu só preciso dormir - digo, enfim. - Amanhã a gente conversa.

 Sua cabeça sacode, concordando que isso é mesmo o melhor a se fazer. Dou um simples sorriso e vou andando em direção à porta.

 Sinto suas mãos rodearem meu pulso, me parando no lugar e me fazendo olhar para ele.

 Com cuidado, dá os poucos passos que nos separam e desliza os lábios até os meus, deixando um cálido beijo nos mesmos. Tento corresponder apenas com um selinho, já é o bastante.

 - Boa noite, gata - sussurra.

 - Boa noite, gato - respondo.

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 Minha avó traz o bule de café e o põe cuidadosamente sobre o centro da mesa, organizando as xícaras e o adoçante.

 Embora já tenha quase cem anos, não aparenta essa idade, nem ela e nem vovô. Os dois tem até mais disposição que eu.

 A senhora de cabelos brancos deixa um beijo estalado em minha testa e senta-se em uma cadeira em frente a minha.

 Tento me mostrar alegre, sem preocupações e pensamentos loucos. Quero que esse sábado seja um dia completamente comum e tranquilo, com risadas e um bom baralho.

 Despejo o café preto na xícara vitoriana após os dois se servirem, e, logo após um gole, confirmando que está do jeito que gosto, pego um biscoito de chocolate.

 - O que aconteceu, querida? - Minha vó pergunta, de repente.

 Ergo os olhos para ela notando que a preocupação não é apenas no tom de sua voz, mas também em sua expressão.

 - Nada, vovó, é só o trabalho... - arrisco um sorriso.

 - Eu disse ao seu pai que era para ter te prendido em casa e não ter te deixado trabalhar tão cedo - vovô retruca.

 Dou uma risadinha que é acompanhada por eles. Mordo mais uma vez o biscoito e o engulo rapidamente.

 - Eu adoro meu trabalho, vovô. É só um pouco exaustivo por causa da escola também. Mas nada que eu não possa...

 - Não é só isso, querida - minha vó me corta.

 A olho intrigada ao notar que ela parece ter um trunfo na manga, que parece realmente saber da verdade, mas que quer ouvi-la da minha própria boca.

 Ela aperta os olhinhos verdes, praticamente me obrigando a contar a verdade, e sabe que vai conseguir.

 - Eu aposto que é o garoto.

 Encaro vovô que também tem essa estranha habilidade de adivinhar os meus problemas.

 Se for de contar algo a alguém, que seja a eles. Mas tenho consciência de que não posso deixá-los preocupados.

𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.Onde histórias criam vida. Descubra agora