ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟛𝟚: Por Pátroclo.

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"O amor verdadeiro é geralmente o mais inconveniente."

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Minha cabeça gira, não só pelo efeito do álcool mas também pela raiva e dor, nem reparei que ela tinha entrado aqui.

Nem mesmo reparei quando fui para perto da lareira apagada e me apoiei nela, nem mesmo me dou conta do compasso de minha respiração.

- Pat, você tá bem? - Ela toca meu ombro, de costas para si, mas recuo ainda mais.

Levo as mãos aos cabelos nervoso e irritado por não conseguir esquecer aquela cena... Os dois, juntos, sentindo um ao outro como se fosse a coisa mais sincera do mundo inteiro.

MERDA!

- Você tá bem?... Pat, eu tô ficando preocupada, quer ajuda?

Sua voz é tudo que poderia me acalmar neste momento, mas não está funcionando. No fundo, eu só queria que ela saísse daqui, não me visse assim e não se deparasse com aquela coisa no quarto ao lado.

Mas ela é uma menina boa demais, inocente demais, nunca pensaria algo ruim de ninguém, talvez até tentasse ajudar aqueles dois... monstros.

Sinto dores terríveis, elas dilaceram meu peito, como se fosse uma lança arremessada de longe que vem rápida e pesada pelo vento.

Ela continua falando algo, parece realmente aflita e preocupada, mas não consigo acompanhar as palavras, na verdade, elas não querem se organizar na minha cabeça que só insiste em voltar àquela imagem.

Nenhum de seus abraços mais apertados me acalmaria agora, nem os seus conselhos, seus confortos, ou suas piadas e histórias que gosto tanto de ouvir. Mas, talvez...

Me viro com tudo e seguro sua nuca surpreendentemente não tão distante de mim. Evito olhar em seus olhos.

Toco sua boca com a minha sem ter o mínimo receio, vergonha na cara ou bom senso. Minha outra mão vai de encontro com sua cintura fina no vestido leve e a puxo mais para mim.

Seus lábios são macios e suas mãos se fecham em meus ombros, mas não tentam me esmurrar. Ela faz um pequeno esforço para conter qualquer impulso meu de proximidade que ainda possa ter, mas é inútil.

Seu perfume é bom, mas tento esquecer que é o seu. Abro a boca normalmente e faço nossas línguas se encontrarem tentando ser o mais delicado possível em meio a tempestade que massacrou meu interior.

Então, suas mãos se abrem e descansam em meu peito. Ela respira profundamente, soltando o ar contido de resistência e deixa-se conduzir por mim.

Nunca pensei que estaríamos aqui desse jeito, nunca nem a vi com esse pensamento, mas agora, parece que eu perdi muito tempo no que me forcei a acreditar que era amor e perdi isso.

O sentimento que emana de nós é tão verdadeiro que se espalha por todo lugar e é tão reconfortante que me faz esquecer de tudo. Inclusive que é ela quem está comigo.

É como se qualquer barreira que foi imposta para nós pela ética e pela própria natureza fossem rompidas, fossem apenas bobagens que nos fazem questionar o porquê da existência delas...

De repente, tão de repente que me assusta, me dou conta do que estou fazendo.

Dou-lhe um último selinho intenso e me afasto rápido tentando ainda não olhá-la e sentir o peso no meu peito aumentar.

𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.Onde histórias criam vida. Descubra agora