𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.

ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟚𝟘: Por Briseis.

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"Coisa terna julgais o amor? Não; muito dura: dura e brutal, e fere como espinho."

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Dou passos tão cuidadosos que até continuo prendendo a respiração para ficar "mais leve". Tolice, eu sei, mas se um desses sussurros for de Aquiles, por que precisa tratar de algo a portas fechadas?

Nós, por acaso, já não tínhamos concordado em nunca mais esconder nada um do outro? Então por quê faria isso?

Eu o amo e sei que me ama, e no amor não pode haver segredos, eu não consigo esconder nada dele senão fico com a consciência pesada. E por que tem que ser diferente com ele?

Me aproximo e colo meu corpo a parede, ficando rente a ela e encarando a porta, na tentativa de apenas ouvir.

- Temo que tudo comece novamente e ela sofra - Pat fala, a voz um tanto melancólica.

- Eu também... - agora é Aquiles, ainda aos sussurros. - Quíron, você escreveu aquele livro, deve saber se há alguma solução para esse problema.

Que problema?

Silêncio, o centauro não responde e consigo apenas ouvir a respiração um tanto pesada de Pátroclo.

De repente, fazendo-me agarrar a parede mais ainda, um estrondo enorme se faz presente no cômodo. Parece um soco em algo muito maciço.

- QUE MERDA QUIRÓN! Nem você sabe!

Agora os ânimos se afloram, a voz do mais novo ainda ecoa alta pelo corredor e, ao mesmo tempo, uma estranha sensação se apossa de mim.

Foram raras as vezes em que vi Pátroclo tão irritado com algo, mas essa mistura de irritação e preocupação, talvez armazenada como mágoa, é a primeira vez.

Levo o rosto com cuidado ao pequeno vão da porta, um pequeno espaço entre a madeira grossa e o batente. Ele socara mesmo a mesa, vários utensílios e alguns livros, que antes pertencera a uma pilha, estão espalhados sobre a madeira negra.

O centauro tenta tocá-lo no ombro, mas esse se esquiva e anda até sua janela, parando com as mãos nos quadris profundamente irritado. Como se algo não tivesse mais solução.

Aquiles puxa uma cadeira e se senta com as mãos entre os cabelos. Algo perturba e muito sua paz, uma coisa que, pela primeira vez, ele não é capaz de resolver.

As pernas do centauro se movem tensas e ele anda de um lado para o outro, gesticulando para falar:

- Eu já estou aqui, e vou cuidar dela... - faz uma pausa. - Não foi uma boa escolha ter saído de Tróia.

Os olhos azuis do loiro, misturados a àquele dourado, levantam para encarar o mais alto. Há tanta advertência nesse olhar que nem posso imaginar o que ele está sentindo.

Novamente, vai ser culpado por algo, como na maioria das ocasiões, mas ele não retruca, parece reconhecer que tem sua parcela de culpa.

Pat vira furioso e bate as mãos contra a lateral do corpo.

- Eu falei! Mas ele não quis ouvir, só pensou nele! Nem na Briseis, na própria esposa, teve a dignidade de se preocupar.

E faz uma pausa respirando profundamente.

- Ela merece mais reconhecimento, Aquiles. Não só na cama.

Pronto, é a gota d'água.

Ele se levanta furioso e os dois primos se encaram com tanta raiva que nunca pensei que veria. Labaredas nos olhos e punhos cerrados.