ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟚𝟟: Por Safira.

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"Em um momento se vive uma vida."

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  Respiro fundo após alguns segundos mergulhada nesse azul encantador e hipnotizante, que me deixa no mais completo transe.

  A última vez em que fiquei assim, exatamente neste estado, foi junto a Levi... junto ao meu namorado.

  Preciso me afastar desse garoto!

  - Com licença... - peço e me afasto sem ouvir resposta.

  Porém, me deixando cada vez mais irada e com dor de cabeça, o moço segura meu pulso com cuidado, a mão leve e um tanto gelada.

  Paro no lugar mas não me atrevo a olhá-lo, já chega desses joguinhos com contato visual. Não sou uma dessas moças qualquer com quem flerta.

  - Me desculpe se te ofendi.

  E novamente, eu me sinto dentro de um livro de Kiera Cass.

  Me livro da mão do moço pondo as minhas em frente ao corpo, como uma dama deste século deve fazer.

  - Não deveria dar ouvidos aos exageros de seu pai - encaro o chão.

  Então, me distraindo dessa "conversa" com o mármore branco do piso lustrado, o garoto ri, uma risada contagiante e discreta. Um avanço a mais no dia, deixando a "fase" das encaradas e sorrisos tímidos de lado.

  Franzo o cenho novamente, e volto a olhá-lo. Os vestígios de sua risada ainda presentes em suas faces rubras.

  - A senhorita disse o oposto agora pouco.

  Aí merda!

  Pensava que não seria possível eu ficar ainda mais furiosa, mas sim, é!

  Reviro os olhos respirando profundamente e saio de perto do rapaz que ainda ri. Vou em passos pesados até meu quarto e fecho a porta com tudo, sem ter o mínimo remorso pelo barulho estrondoso que emitiu.

  Fecho com chave a fechadura, tentando fazer com que qualquer estresse e fúria fique para fora desse ambiente de luz e calma.

  Meus óculos estão quase inteiramente marcados pela intensidade de minha respiração nervosa. Os tiro para limpar na barra do vestido rosa.

  Quem ele pensa que é? Só porque é o filho de Ulisses, não quer dizer que é divertido como o pai. É o oposto!

  Credo, parece até que tenho oitenta e quatro anos falando assim.

  Respiro fundo novamente, como aprendi no estúdio, uma técnica muito útil quando se vai entrar ao vivo, mas, aparentemente, não funciona para me livrar dessas situações.

  Enfio os óculos novamente no rosto e olho para frente, buscando a paz tranquila do pôr do sol da minha janela privilegiada.

  Porém, ao invés de encontrar de fato o céu no degradê laranja, rosa e roxo, encontro uma garota sentada sobre o sofá, debruçada sobre o parapeito encarando o mar.

  Arregalo os olhos impulsivamente e prendo a respiração tentando manter a discrição, mas é óbvio que ela me notou aqui depois de eu quase ter quebrado a porta do meu próprio quarto.

  Aliás... quem é ela, e o que faz aqui?

  Não é uma das servas, as quais conversei durante todos os dias desde que cheguei aqui e que, inclusive, já decorei o nome de todas. Também não é uma sacerdotisa, a julgar pelo estilo da túnica, e o palácio só abriga residentes homens.

𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.Onde histórias criam vida. Descubra agora