ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟛𝟘: Por Ifigênia.

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"Todos morrem, hoje ou daqui a cinquenta anos, qual é a diferença?"

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Quase me assusto, só não é possível por conta da "coragem" que criei depois de tudo o que passei.

Safira está claramente confusa, com medo, intrigada com tudo. Uma notícia assim tão repentinamente, deixa louco qualquer são.

O banco só não cai por ser pesado, caso contrário, o barulho teria sido maior.

Como estou ao seu lado, noto que teme disfarçadamente, mesmo assim, encerra naturalmente:

- Todos morrem, não é? - Dá de ombros. - Hoje, ou daqui a cinquenta anos.

Então, sai. Passa em disparado e a passos firmes pela porta de madeira entalhada com um conto.

Somente isso é preciso para que Briseis solte o ar que está prendendo. Pat se levanta em um pulo e vai até Fênix remexendo entre a pilha de papéis e livros.

Eu sempre tive um impulso protetor, desde pequena. Sempre gostei de ajudar as pessoas, mesmo que o fizesse escondida de Agamenon, mas dava meu jeito. Também tentei o ajudar e, mesmo depois do que recebi, esse instinto não sumiu.

Me levanto sem olhar para ninguém e vou atrás da cacheada.

Eu sei que é errado sair assim de uma sala cheia de reis e príncipes, mas não consigo conter isso.

Corro pelos corredores brancos e cintilantes em pontos onde a lua prateada bate. Quase não lembro muito bem dos cômodos.

Talvez eu já até tenha me perdido em algum ponto em dois corredores atrás, mas mesmo assim prossigo.

Dou de cara com uma enorme janela e, milagrosamente, tenho a ideia de olhar por ela. Encontro um pátio totalmente limpo e organizado, vários bancos estofados e alguns vasos com plantas decoram o lugar.

Então, bem longe, no último banco, bem onde se inicia um pequeno abismo que dá no mar, vejo cabelos cacheados voarem.

Respiro aliviada, tentando ignorar o tanto que ainda vou ter que andar para chegar até o lugar.

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Diferentemente do que pensei, não chora, não emite um soluço sequer e nem seus ombros se arqueiam levemente. Está apenas observando o negro do mar noturno.

Me aproximo devagar, desarmada pela calma estranha da moça e perdida por não seguir o que tinha planejado, caso ela estivesse mesmo chorando.

- Safira...? - Minha voz sai baixa.

- Hum...? - Emite.

Tomo a liberdade e me sento ao seu lado, bem quietinha. Com cuidado, ela se vira, sorri para mim calmamente e torna a olhar o mar.

Os ventos estão parcialmente calmos, minha querida Artemis está bem discreta hoje, ou apenas observa todo o drama junto a mim e prefere não se pronunciar.

Devagar, tomo a mão da mocinha sobre seu colo, está gelada, como se a muito estivesse exposta aqui fora.

Ponho a minha outra sobre a sua também, numa tentativa de esquenta-la, o que começa a surtir efeito.

Me viro na mesma direção que ela, buscando pelo que quer que seja que ela já tenha encontrado em meio às águas. Mas não encontro nada... sei bem o que ela achou.

𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.Onde histórias criam vida. Descubra agora