ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟙𝟚: Por Briseis.

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"Ela sabe renascer em silêncio e transforma tudo que um dia possa afetá-la negativamente em cinzas."

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  Cinco noites mal dormidas. Cinco dias de absoluto estresse e cansaço, além de uma paz um tanto suspeita. Tudo está calmo demais.

  Mas o que me causa estranhamento não é Aquiles. Apesar de tudo, ele não arrumou briga com ninguém, apenas impôs sua decisão. O que me preocupa é Asti, o fato de ele ter aceitado, de ter concordado e ficado em silêncio por todos esses dias.

  Ele não ficou em casa a maioria do tempo. Sei que gosta de se afastar do que o machuca e, com certeza, isso o está deixando muito abatido. Nem fala conosco, ou olha para a cacheada.

  Esse moço concordou muito facilmente com tudo. Ele não é assim.

  Apesar de Aquiles ter assegurado que voltaríamos em breve, as garotas decidiram fazer um tipo de despedida, foi tudo bem simples, mas que significou muito para a Safira e para mim.

  Todos os dias, após as tarefas e as correrias, elas nos levaram a todos os lugares que mais gostamos em Tróia, e em alguns lugares espetaculares que não fazíamos ideia da existência. Até pararam de brigar nesse curto tempo.

  Com elas, nossa atmosfera ficou tão cheia de vida e brilho que me permiti esquecer da frieza dos problemas.

  No palácio, os homens resolviam tudo: a viagem, negócios, os soldados, ameaças de guerras (que foram contidas), questões sobre as vilas... tudo. Até pareceu que Aquiles e Pátroclo foram criados aqui e sabem tudo a respeito.

  Não vou negar que senti um certo orgulho do meu loiro por estar se dando tão bem com meus primos, por, finalmente, todo aquele passado conturbado ter sido esquecido definitivamente.

  Ainda sim, evitei muito falar com ele, ainda estou chateada por ter escondido que vamos viajar.

  Não faz sentido! Ele pensou que eu teria coragem de fugir? De levar Safira a ter essa atitude?

  Ele me fez um juramento de que nunca esconderia nada de mim. Mas sei que, se ele julgar "certo", irá ocultar.

  A biblioteca se tornou pequena para todos nós, mas apenas para nós. Sem conselheiros, sacerdotes, residentes do palácio, empregados ou guardas.

  Nós nos espalhamos pelos bancos e poltronas, cada um mais reluzente que o outro, com roupas de gala cheia de pompa, joias e adornos. Prontos, ou não, para uma partida.

  Páris, em meio a falação e agitação, chama nossa atenção ao bater palmas.

 - Eu só queria pedir para que vocês voltem logo, porque, acreditem, vai ser tenso para nós três tentarmos separar a briga dessas duas sozinhos - diz em tom brincalhão.

  Nós explodimos em risadas. Lena ao seu lado deixa um tapinha repreensivo em seu ombro e, indo até a ruiva, a abraça de lado, tal gesto que a moça rapidamente corresponde.

  A falação logo toma conta de nós novamente mas, ao contrário de todos, Asti fica calado, somente remexe sua taça e olha pela janela. Nada mais.

  A cacheada se aproxima de mim, rindo por conta de algum assunto anterior, e acompanha meu olhar fazendo a alegria sumir de sua face.

  Nos dias anteriores, eu ia para o quarto dela enquanto Aquiles não chegava e conversamos por horas sobre muitas coisas. Principalmente sobre o nervosismo e medo que nos tomava de vez em sempre.

𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.Onde histórias criam vida. Descubra agora