𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.

ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟠: Por Safira.

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"Sabedoria para resolver e paciência para fazer."

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 O convite de Asti é tentador, e chega aos meus ouvidos tão rápido quanto o vento e tão sutil quanto. E é óbvio que eu nunca poderia recusá-lo.

 Durante todas as horas que se seguiram nesses dois dias, fiquei me perguntando o porquê de seu sumiço. Mas então, ao espiar clandestinamente uma de suas aulas particulares, entendi o motivo: trabalho.

 Ele está dando duro. Como nunca antes. Com a idade, as responsabilidades aumentam, tive que aprender isso, e para Asti, imagino que a cobrança seja bem maior e o fardo, mais pesado.

 Não o culparia se nós tivéssemos tempo para conversar daqui a mais alguns dias, eu o entendo, também tenho esse problema com o relógio e sei o quanto é importante a compreensão.

 Dou um sorriso gentil e o olho. O leve peso de seu braço em meus ombros, a brisa fresca e salgada sacudindo seus cabelos dourados, sua pele brilhando ao sol perfeito da tarde, seu olhar no meu fixamente me encantando.

 Abro a boca para confirmar, porém uma voz surge antes que a primeira palavra saia dela.

 - Hoje a noite teremos que resolver a questão do engajamento dos Mirmidões aos apolíneos, Astíanax. Não acho que terá tempo.

 Me viro rapidamente para encarar Aquiles. Está com um sorriso irônico no canto dos lábios e um olhar diferente, estranho e que causa tremores, não só em mim.

 Me pergunto como ele conseguiu ouvir o sussurro do loiro ao meu ouvido com toda a falação entre as moças e Heitor. Eu realmente não consigo compreender.

 Franzo o cenho sentido essa pergunta se estampar em minha face, mas Aquiles parece me ignorar. Encara apenas o moço ao meu lado, sem nem desviar o olhar.

 Sinto uma tensão se instalar no ar, e não demora muito até todos notarem isso. Briseis dá um leve cutucão na costela do loiro, mas tão sutil que ele parece não ter sentido, ou não quis dar atenção.

 Asti deixa um suspiro entediado no ar e pousa uma das mãos sobre meus cabelos, os ajeitando ou fazendo algum tipo de carícia.

 - Ora, Aquiles, não acho que vocês deixarão de tomar alguma decisão por minha causa - diz. - Sou apenas um aprendiz, um bom aluno - se corrige rapidamente -, não o rei.

 A feição do mais velho endurece, sua mandíbula se enrijece e percebo a fúria em seus olhos azuis que não sou capaz de encarar por muito tempo.

 As palavras de Asti foram pensadas exatamente para tocar em uma ferida não tão antiga de meu primo. Um certo "erro" que ele cometeu, talvez certas coisas ditas num momento de impulso que só serviram para seu martírio algum tempo depois.

 Não sei como Asti sabe disso, não teria como, a não ser que alguém o contasse ou ele... ele assistisse. Mas isso não é possível.

 Quando Aquiles disse quase a mesma coisa para Pátroclo, o destino do mais novo o surpreendeu. Ele só queria protegê-lo, mas apenas provocou nele uma espécie de desejo incontrolável, que o matou depois. E isso, tenho certeza, o incomoda até hoje.

 Por que Astíanax tinha que falar disso?

 Olho desesperadamente para Briseis, que é quem está em meu contraído campo de visão, e noto que está tão perdida quanto eu.

 - Ei... Que tal resolvermos isso assim que chegarmos no palácio? - Ela diz, finalmente.

 - É uma ótima ideia - Lena apoia.