ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟙𝟞: Por Safira.

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"Eu não sou real o suficiente?"

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Não vou mentir que o sono bateu em minha porta já a algum tempo, a mais ou menos uma hora e meia atrás, mas tentei me manter ligada e concentrada.

As festas aqui não são tão diferentes quanto as de Tróia... Música boa; comida da melhor qualidade; conversa; gente interessante; e dança. Muita dança. E que inclusive, eu mesma me arrisquei a tentar.

Os ritmos são diferentes, até a letra é diferente e, por mais estranho que pareça, consigo entender, mas não cantar junto.

Preciso urgentemente encontrar meu livro e ver o que tudo isso significa, não faz sentido, muitas habilidades que eu tinha, desapareceram. E começo a duvidar que outras tenham aparecido no lugar ou melhorado.

Pelo menos, eu ainda sei lutar com espada, será muito útil para defesa, embora acredite que agora estamos mesmo em paz, ou até alguém reiniciar toda essa história.

Finalmente, após horas ansiando por isso, cheguei em meu quarto e tomei o mais relaxante dos banhos. Pode ser a atmosfera do lugar de paredes brancas e brilhantes, ou as amplas janelas que pegam toda a parede circular, fazendo a luz entrar acompanhada da briza do mar, ou talvez o capricho e cuidado com que todos me tratam.

Eu nunca pensei que gostaria tanto de um lugar que não fosse minha casa e nem Tróia, e ainda por cima, por fazerem apenas algumas horas desde que cheguei.

Me enrolo numa toalha e deslizo até uma das janelas enormes, me debruço e encaro o mar agitando-se sereno com os ventos noturnos. A lua está alta e cheia, já deve ter passado um bocado da meia noite.

Durante a viagem, Automedonte, um dos mirmidões, me disse que se você encarar o mar da Fítia por muito tempo durante a noite, poderá ver Tétis perambulando pela areia, com seu vestido azul sempre úmido e seus cabelos negros, a pele pálida. E depois, Aquiles indo ao seu encontro.

Estremeço. Sei que é bobagem, mas não gostaria que eles me descobrissem os vigiando.

Nem espero para ver algum dos dois na areia, entro de vez e vou até o guarda-roupas. Reviro entre os diversos vestidos que trouxera de Tróia e encontro meu pijama, que trouxera de casa.

O visto e me encaro no enorme espelho para fazer um coque, sinto uma leve pontada de preocupação em meu peito: e Levi? Como será quando nos encontramos novamente? O que vai ser de "nós"?

Uma batida rápida a porta me assusta, dou um leve pulo fazendo mechas de meu cabelo caírem em meu rosto. As afasto e faço logo o bendito coque.

Atravesso o mar de tapetes púrpura, entre os móveis de madeira escura com detalhes em dourado, os sofás incrivelmente confortáveis e chego a porta.

Pego o robe que deixei em uma mesinha ao lado, pondo os óculos em seu lugar e o visto, dando o laço, giro a maçaneta.

- Boa noite, senhorita - uma empregada faz uma curta reverência e baixa os olhos. - Vim para saber se precisa de algo.

Olho para o corredor a procura de algum soldado que esteja a amedrontando, mas não há nenhum, e me estranha o motivo de tanta tensão e medo.

- Como se chama?

- Catarina, senhorita - ela abaixa mais o olhar, como se fosse possível.

Um guarda passa ao fundo no corredor e me olha até eu assentir que está tudo bem, finalmente volta a perambular.

𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.Onde histórias criam vida. Descubra agora