ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟚𝟚: Por Pátroclo.

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"Mas o amor, em tamanha extremidade, sabe fazer da dor felicidade."

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- Vamos resolver o que temos de resolver e depois voltamos - Aquiles fala, depois de mais de três horas sentados nos sofás da sala de estar.

Eu sempre fui um cara que pega no sono dificilmente, porém, aqui na Fítia, parece que tudo contribui para que eu adormeça. Mas, depois do que aconteceu hoje, não sei se isso vai ser possível.

Estou preocupado com a Safira, não consigo nem subir as escadas para o primeiro andar sem pensar que vou prejudicá-la, quem dirá dormir num quarto ao lado do dela.

Quem sabe a razão do seu estado é essa: eu estar ao seu lado.

- É melhor - Quíron concorda.

Encaro o chão fixamente, os cotovelos apoiados nos joelhos e uma das pernas balançando.

Nas primeiras horas, fiquei andando de um lado pro outro, até Pentesiléia chegar e tentar me fazer sossegar um pouco.

Agora, ela está sentada ao meu lado
acariciando meu rosto, e me sinto péssimo por não conseguir retribuir tudo o que faz por mim neste momento.

É óbvio que o único culpado de toda essa merda sou eu, e sei que tenho que tentar ao máximo ficar calmo para não magoar ninguém com meus momentos de impulso. Mas, às vezes, é difícil.

Me levanto de súbito e, com cuidado, deixo um beijo estalado nos fios loiros da moça. Lhe sorrio, embora não seja o meu mais sincero gesto, serviu para que ela fizesse o mesmo.

Vou andando até os estábulos, passando por todos os corredores que, outrora, me viram mais veloz que nunca passando por suas paredes altas e amplas numa tentativa frustrada de ganhar do mais velho.

Pego um cavalo qualquer, um que está ao lado do "presente dos deuses" preferido de Aquiles, um cavalo negro de olhos mais negros ainda e crina brilhante. Monto num cor de caramelo, parecido muito com o de Heitor lá em Tróia, não duvido que seja o dele depois do que ocorreu na invasão.

Ignoro esses pensamentos que, com certeza, só vão me deixar pior ainda, e saio. Cavalgo com tudo, como nunca antes, passo por todos os lugares que fizeram parte da minha infância. Atravesso as infinitas ruas coloridas e alegres até chegar a saída da cidade. Corro mais um pouco até chegar em uma das florestas que contorna a beira de um dos penhascos mais altos da Fítia.

Me embrenho no mato, por entre as árvores altas e que chegam a ficar negras a certo ponto, e então encontro um pequeno lago. Desço da montaria o deixando livre para se esbaldar nas águas doces.

Sento-me sobre a relva, observando a pontinha brilhante do formoso castelo que ficara pequeno por causa da longa distância.

Poderia ficar aqui o dia todo, anos até, se com isso ela melhorasse e o rubor a suas bochechas voltasse.

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Após algumas horas, Aquiles me encontrou e essa foi a única vez que não discutimos ou nem mesmo soltamos alguma indireta desde que chegamos.

O ar a nossa volta pareceu como antes, quando nós levávamos algum sermão de Quirón ou alguma reclamação tola e precisa de meu tio: vergonha.

Agora, no entanto, nenhum de nós sabe bem o porquê.

Me banhei no mar, no lugar mais remoto e isolado que consegui encontrar. Nenhuma pessoa vaga por essa região e, não posso mentir, mas torci infinitamente para que Tétis aparecesse e me contasse um jeito para acabar com todo esse sofrimento contido, que, pelo o jeito, eu sou o único que não tenta esconder.

𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.Onde histórias criam vida. Descubra agora