ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟙𝟘: Por Astíanax.

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"Eu suponho que lutar por amor faça mais sentido do que todo o resto."

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  Eu não aguentava mais ficar naquela sala com tantas pessoas, até o ar me sufocava, parecendo quente como brasa ao entrar em contato com meus pulmões.

  Aquiles não tornou tudo mais fácil, até porque, essa nunca seria sua intenção. Seus olhares ferozes para mim a todo momento e a repreensão no olhar de meu próprio pai, me fizeram parecer uma estátua a todo instante.

  A única oportunidade que pude olhar para a cacheada, o fiz, e levei um belo chute na canela por infringir uma das "regras" imbecis impostas antes desse jantar.

  Eu não conversei, não comi, não bebi, nem ao menos tive vontade de participar de outra pequena reunião sobre o armamento. Só pensava em vê-la.

  Fui para o meu quarto, tendo em mente que no de Safira com certeza estava havendo uma reunião com minha mãe e as demais moças.

  Ouvi quando Aquiles subiu procurando por Pátroclo e quando os dois discutiram em voz "baixa", uma discussão que nem tive vontade de entender o motivo. Provavelmente devem estar decidindo quem vai acompanhar a moça no cortejo assim que chegarem a Fítia, ou quem vai usar a armadura mais brilhante.

  A minha raiva me surpreendeu, e me forçou a esperar que eles deixassem o lugar sem eu ir lá agravar a briga. O mais velho deixou bem claro que só tomou a decisão da viagem, por minha causa, para me afastar dela.

  Não deu motivos plausíveis para mim, mas com certeza deu para meu pai antes de tornar tudo público, que aceitou. É evidente que ficou triste, mas quando eu quis protestar e impedir, ele apenas disse: "Meu filho, ela está sob a guarda de Aquiles aqui. E ele tem que fazer o que acha certo para ela."

  Não digeri nada daquilo, me recusei a aceitar, embora fiz uma de príncipe entendido e comportado que aceita de bom grado ordens de um príncipe estrangeiro.

  Esperei até ouvir as portas dos outros quartos batendo cuidadosamente e passos delicados sumirem pelo corredor. Peguei um papel e uma pena, escrevi um convite rápido e improvisei um envelope. Enfiei por baixo da porta em frente a minha, e logo o vi sendo puxado para dentro.

  Sai antes que ela terminasse de ler, andei por um bom tempo até me encontrar longe das vistas de algum mirmidão, do meu pai, meu tio e dos priminhos dela.

  Inspecionei o jardim e realmente não havia nenhum guarda. Me sentei em um dos diversos bancos, onde estou até agora ainda a esperando, não mais do que o tempo combinado.

  Encaro o céu num tom azul escuro, as estrelas brilham em constelações que estudei durante muito tempo com um dos melhores professores além de Quirón.

  Admiro cada pedacinho do azul celestial que me encanta e fascina, então, vindo com os ventos noturnos, um perfume vagueia por mim, ultrapassando meus cabelos e envolvendo meu corpo.

  Ao longe, vejo a cacheada se aproximar depressa e, assim que pisa no gramado, começa a correr para mim. Abro os braços prontos para acolhê-la que, sem receio, se joga neles.

  A abraço como nunca antes, matando a saudade que me torturou durante uma eternidade, mais forte ainda do que o dia de sua chegada. Agora, não temos ninguém para nos repreender.

  Nossos olhares se encontram, vejo uma angústia misturada a lágrimas e tristeza, incompreensíveis já que não sabe o que se passa.

  Arrumo seus cachos enquanto ainda permanece com os braços em volta de minha cintura. Então, com cuidado, seus olhos deslizam até minha boca e, antes que eu mesmo possa fazer, ela fica na ponta dos pés e me beija.

𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.Onde histórias criam vida. Descubra agora