ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟛: Por Safira.

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"E de tantos lugares, o mundo me trouxe até você."

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 Mais uma vez, aquela mesma sensação toma conta de mim. O cheiro do mar, o sol quente apesar da noite, o barulho de cavalos e eu quase consigo sentir a areia entre meus dedos.

 Fecho o portão rapidamente temendo que esse "mal" que estou tendo seja devido há algo ocorrendo do lado de fora de casa. Quase me esqueço que senti também no meu quarto.

 Mas deve ser apenas fome.

 Caminho rápida e diretamente até a cozinha, evitando encarar os outros cômodos com medo de ver algo não pertencente ao meu século.

 Chego após uma eternidade, abro logo a geladeira dando de cara com um pudim maravilhoso que só minha mãe faz. O retiro com cuidado e parto uma fatia generosa. No mesmo instante que o conteúdo doce toma meu estômago, tudo desaparece e a realidade se apossa da minha cabecinha de vento.

 Eu tinha razão, devia ser só a fome mesmo.

 Guardo o pudim e procuro um salgadinho no armário, já encontrando um enorme pacote de Doritos. Também pego uma garrafa de Coca e alguns chocolates. Eu realmente preciso me distrair.

 Subo as escadas me esforçando para não deixar nada cair e finalmente chego no meu quarto.

 Entro deixando a porta aberta e despejo tudo na cama, me sentando ao lado e enfiando um chocolate na boca. Ligo a televisão pronta para pôr no YouTube em algumas sofrências da minha playlist.

 Porém, meu corpo começa a formigar incessantemente, dando leves alfinetadas em cada lugar e minha cabeça começa a girar. Me sinto tonta, tonta demais, e escondo o rosto na palma das mãos.

 Ao invés disso melhorar, não, só piora. Piora tanto que penso que minha cabeça vai explodir e não consigo pensar ou fazer nada, nem gritar por ajuda.

 Então, não aguentando o nível da pressão me esmagando e o meu corpo completamente dolorido, apago.

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 - Safira?! - Ouço ao longe.

 Não posso me mexer, nem sequer consigo abrir os olhos ou falar algo, parece até que eu caí de metros de altura e fiquei esborrachada no chão.

 Sinto como se tivesse dormido por muito tempo, por quase um dia todo. É quase como quando estou doente e tenho que repousar: um descanso desagradável.

 Mãos tocam em meu pescoço como se para confirmar minha pulsação, em seguida, uma balbúrdia de vozes toma meus ouvidos, misturando vários tons conhecidos para mim.

 - Ela está respirando - alguém conclui.

 Me obedecendo, uma de minhas mãos levanta e toco levemente minha cabeça, num ponto específico onde dói muito. Massageio o local a fim de fazê-lo melhorar, mas em vão.

 Novamente, a mesma mão me toca, dessa vez no ombro, me chacoalhando cuidadosamente e chamando minha atenção, falando meu nome com calma e num tom diferente.

 Consigo, finalmente, abrir os olhos, bem lentamente. Uma luz toma conta da minha visão e esfrego as mãos no rosto, a fim de me acostumar à claridade.

 As formas vão aparecendo gradativamente. Com cuidado, cachinhos castanhos são afastados de um rosto, mas ainda não consigo identificar a quem pertence.

𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.Onde histórias criam vida. Descubra agora