ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟟: Por Astíanax.

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"O ciúme nasce sempre com o amor, mas nem sempre morre com ele."

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 Acordamos às cinco da manhã para a partida de Ulisses.

 Após a festa da noite anterior, uma empregada teve que vir me acordar, abrir as cortinas pesadas e me sacudir algumas vezes até eu me irritar e decidir me levantar. Só então notei o quão cansado estava, mas um cansaço bom por finalmente curtir uma festa que não se baseie a trabalho ou cem por cento a dever principesco, nem há alguma daquelas reuniões disfarçadas, mas que não deixam de ser chatas.

 Me arrumei tão rápido que até me surpreendi. É claro que essas roupas formais deixam tudo um tanto sério de mais, e aumentam o calor proveniente do sol que faz lá fora.

 Termino de comer uma maçã e desço, não deixando de espiar para ver se a cacheada ainda dorme no quarto em frente ao meu, mas não, ela já desceu, o que até estranho um pouco, pois me lembro bem que ela não gosta de acordar cedo, e sempre chega atrasada em algum compromisso á essas horas.

 Assim que chego à salinha, ela está totalmente vazia, a não ser apenas por alguns residentes do palácio que vêm e vão subindo as escadas que dão para os outros quartos, nos corredores opostos ao da família real.

 Cumprimento alguns empregados que tenho conversas corriqueiras e os guardas espalhados por aí. Alguns deles me ensinam nas aulas e montam uma espécie de pequeno combate para eu praticar.

 Atravesso quase metade do palácio até, finalmente, ouvir a balbúrdia vinda do corredor. Assim que passo pelo batente, entendo porque todos ainda estão aqui, parados: novamente, mamãe e Lena estão discutindo. Tio Páris tenta intervir, porém as vozes de ambas são mais altas que a dele mil vezes e seus pedidos não fazem a mínima diferença.

 - Vocês vão atrasar a viagem do Ulisses! - Briseis também tenta interferir.

 Ando discretamente até o lado de Safira que observa tudo calada e pensativa.

 - A quanto tempo elas estão nessa? - Indago.

 - Fazem uns vinte minutos... - ela respira profundamente. - E foi somente por causa de uma trombada totalmente inofensiva.

 O que eu não duvido. Tudo é motivo para as duas brigarem, qualquer coisa, por mais pequena e insignificante que seja.

 Surgindo do corredor, meu pai e Aquiles chegam, acompanhados por Lisandro e pelo almofadinha Pátroclo. Ambos estavam conversando até darem de cara com a confusão e o ar de riso sumir de seus rostos.

 Meu pai vem andando claramente entediado e enfurecido com a situação, é óbvio. São poucas as coisas que podem tirar o sossego dele, uma dessas coisas é a minha mãe, a família e o país. Me admiraria se uma dessas três coisas estivesse em equilíbrio.

 - Mas outra vez?! - Sua voz é repreensiva.

 As duas param de falar e cruzam os braços, frustradas. Meu pai entra no meio das duas e esfrega as têmporas.

 - Eu não acredito que vocês estão brigando justamente na partida de Ulisses e na frente das crianças.

 Oi?

 Os olhares voltam para a cacheada e para mim. Franzo o cenho com o nome pronunciado, todos sabem que passamos da idade infantil já faz um bom tempo. Mas não me parece apropriado discutir por isso agora.

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