ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟜: Por Safira.

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"Senti um súbito desconforto: eu mesmo não mudara tanto, nem ficara tão belo."

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 Reconheço imediatamente o cheiro doce do perfume de Andrômaca e do cabelo majestoso de Briseis. Ainda mais o toque comum para minha pele. É como se, mesmo após anos, ele ainda se mantivesse fresco em mim.

 - Que saudade! - A ruiva fala enquanto bagunça meus cachos.

 - Eu também estava.

 Nem fazemos questão de desfazer esse abraço triplo e, muito menos, dos guardas no local.

 Pensei que esse sentimento reconfortante nunca mais iria acontecer. Que ficaria apenas em minha memória. Na verdade, eu não contava com isso.

 Ouvimos uma porta se abrindo bem perto de nós, e conheço esse som: a biblioteca. Uma voz atenta e preocupada toma conta do ambiente:

 - Mas o que está...? - E ele para.

 As moças se afastam de mim parcialmente, liberando a visão de Heitor para me encontrar. Não mudara nada, o cabelo, a barba, a pele, o jeito... tudo igual.

 Ele sorri surpreso e, sem pensar duas vezes ou demorar mais, vem até mim e me acolhe em um abraço que tira meus pés do chão. As moças se afastam um pouco, olhando a cena maravilhadas.

 - Olá, treinador! - O aperto.

 Ele me põe no chão ainda segurando meu rosto com as mãos.

 - Como você ousou sumir por um ano?

 Dou de ombros.

 - Pois é, infelizmente as coisas são complicadas - faço um draminha.

 Então, ainda da porta da biblioteca, fios loiros e organizados surgem, o moço de pele dourada refletindo o sol carrega consigo algumas folhas de papel e uma pena que, rapidamente as coloca sobre um móvel atrás de um dos sofás e vem até mim. O sorriso reluzente como jamais vira antes.

 Nos abraçamos e reparo que, durante todo esse tempo fora, eu me forcei a esquecer do quão maravilhoso é esse abraço. Me forcei inclusive, a tentar esquecer que realmente nos encontramos, que somos primos. Uma ideia que até agora parece um tanto impossível e absurda, talvez um pouco assustadora.

 Sinto um outro par de braços se meter no meio e nem preciso ser adivinha para saber que é Aquiles, só ele tem essa perfeita pele incomum, onde o toque não parece ser humano. Um certo charme de semi-deus.

 Não vou mentir dizendo que não senti saudades deles, pois senti. Mesmo de Aquiles com toda aquela sua típica seriedade e rebeldia, não deixa de ser uma das pessoas entre as quais fazem parte da minha vida.

 Nós nos afastamos e ainda estou sorrindo, nem me importo com as bochechas doloridas.

 - Você cresceu, caçulinha - o mesmo bagunça meus cachos.

 - Como é bom ouvir isso - de fato.

 Todos riem, provavelmente não acharam essa tal altura que o loiro viu em mim, nem eu mesma acho.

 Páris e Ulisses aparecem rapidamente e o mais novo já entra fazendo baderna, bem animado, como sempre.

 Ele me abraça de lado e chama uma das empregadas que, apesar de não ter permissão para interagir com a família real (o que eu acho sem nexo), sorri diante das palhaçadas.

𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.Onde histórias criam vida. Descubra agora