ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟙𝟙: Por Pátroclo.

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"Heróis nunca são modestos."

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  Não conto quantas vezes subi e desci essa bendita escada somente para ter alguns instantes de paz daquele caos na sala de estar.

  Eu não vou mentir que adoro uma boa reunião com meus companheiros e colegas, mas ficar no mesmo ambiente que o cabeça dura do Aquiles logo depois de termos discutido durante horas, não é bem meu forte.

  Sou explosivo e sei disso, digo e faço coisas por impulso toda hora, algumas das minhas enormes cagadas se devem a isso e são até que perdoáveis.

  Quanto a ele... estava são quando decidiu tomar aquela decisão, e isso é o que mais me irrita: ele saber que está fazendo algo da qual irá se arrepender e fazer mesmo assim.

  Mas, como ele, que balanceia a impulsividade e a prudência, eu também sei focar num objetivo e ser franco. E não contive isso para questioná-lo. Porém, foi em vão, quando enfia uma coisa na cabeça, não tira mais.

  Alguns dos homens já foram embora (os mais velhos), os demais ficaram e discutem coisas, como os jogos que se aproximam, ou sobre questões da cidade. Todos esses assuntos não dizem respeito a mim, na verdade, ainda estou aqui somente por educação, mas o cansaço me domina.

  Perpasso os olhos por Aquiles rapidamente e o encontro distraído conversando com Eudoro e com alguns generais troianos. É como se nada estivesse acontecendo, como se ele fosse apenas um guerreiro e príncipe cordial, sem responsabilidades e uma enorme nuvem negra de coisas para resolver.

  Não consigo mais ficar aqui.

  Peço licença rapidamente para algumas pessoas que converso, troianos muito legais e colegas mirmidões. Subo novamente as escadas sentindo um incômodo pelo movimento repetitivo. Merda...

  O som continua alto, os músicos fazem curtas pausas e começam a tocar de tempos em tempos, sem se cansarem.

  Não bebi muito, mas minha visão turva insiste em me dizer ao contrário. Porém, tenho certeza que é só o estresse.

  Esfrego o rosto rapidamente, tentando espantar um pouco essa ressaca natural, e, logo que torno a abri-los, me deparo com os dois jovens, o motivo de minha preocupação, se beijando.

  Não contenho ao falar:

 - C-A-R-A-M-B-A!

  Observo o susto e a palidez tomar conta dos dois. Num impulso cuidadoso, o garoto se afasta de Safira, encostando na porta de seu quarto. Ambos com a cabeça baixa.

  Caindo em mim, viro-me para trás inspecionando tudo, mas, por sorte, ninguém mais viu. Balanço a cabeça negativamente soltando o ar aliviado.

  Ando até os dois claramente envergonhados, um mais corado que o outro.

  Não posso deixar de repreendê-los, isso poderia agravar muito a situação, colocar todas as minhas palavras a perder e fazer uma certa pessoa tomar uma atitude que faz de tudo para evitar.

 - Que merda, gente! E se fosse Aquiles agora e não eu? - Abaixo o tom de voz.

  Cruzo os braços e novamente solto o ar, ainda não encontro a calma e a serenidade, óbvio.

  Encaro os dois, primeiro ela, vermelha e hesitante, compreende o que acabo de dizer; depois ele, além de um tanto encabulado, está com raiva, uma irritação que é dirigida especificamente a mim.

𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.Onde histórias criam vida. Descubra agora