ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟙𝟟: Por Safira.

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"O medo é útil."

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- SOCORRO! - Berro novamente.

Meus olhos querem expulsar as lágrimas, como se fosse diminuir o pânico, mas não permito. Isso pode embaçar minha visão e manchar meus óculos, assim não verei nada em minha frente.

Chego ao cômodo das escadas e miro a que leva ao meu quarto com gana, mas antes que eu possa alcançá-la, esbarro em algo. Algo que não deveria estar ali.

Não é um móvel, não há móveis soltos espalhados aqui, e também me segura firme, sinto seu calor e seu cheiro, um aroma suave que conheceria em qualquer lugar do planeta.

Ergo os olhos e encontro Pat me encarando assustado e confuso. Ao seu lado, Aquiles, Fênix, Eudoro e Automedonte com espadas em mãos.

- O que foi, menina? Você está bem? - O mais velho pergunta rapidamente.

Tento falar, mas minha voz não sai, o pânico me domina por completo, a garganta seca e as mãos trêmulas.

- Ela está assustada, viu algo... - uma voz fala ao fundo, mas não a identifico.

Me encolho nos braços do moço que afrouxa levemente o aperto e ergue a cabeça. Agarro sua túnica deixando claro que quero sair daqui agora mesmo, mas ele não se move.

Ouço Aquiles suspirar aliviado e dar uma gargalhada, depois, os demais o acompanham, e uma outra risada bem grave se faz presente.

Abro os olhos que fechei inconscientemente, mas não me atrevo a virar, vejo pela visão periférica o ar de riso ainda presente em Eudoro e Fênix, as espadas abaixadas, como se tudo fosse uma pilhéria.

- Com essa bunda de cavalo, quem não assustaria? - Aquiles retruca e o ouço se movendo.

Pat começa a rir e concorda com alguma piadinha seguida para complementar, mas não ouvi. O mesmo dá alguns tapinhas em meus ombros e me larga, saindo daqui e caminhando na mesma direção de Aquiles, que chama meu nome.

Não o olho, tento recuperar meu fôlego rapidamente, mas isso eu não consigo. Novamente, meu nome, agora todos juntos.

Me viro com cuidado, ainda nervosa, mas minha boca se escancara e meus ombros caem com a surpresa.

Diante de mim, agora com a barba castanha em evidência que nunca deixara crescer, uma roupa que nem em mil anos o imaginaria usando e com, de fato, uma bunda de cavalo, Harry, o mesmo Harry amigo da minha família.

Um centauro.

Isso. Um centauro. Repito para mim mesma essa palavra "centauro", e a soletro mentalmente, mas, não, não consigo encaixar o nexo nisso tudo. Não faz nenhum sentido. Como tudo aqui, aliás.

Os meninos riem da minha cara de babaca e fico ligeiramente irritada, mas não consigo abandonar a expressão surpresa.

Ele balança a cabeça cordialmente e sorri, do mesmo jeito quando ganha uma partida de baralho de mim e de meu pai, do mesmo jeito quando consegue desvendar o desfecho de algum caso que passa na televisão transmitido por minha mãe.

- Safira, este é Quíron - Pat fala contente e estende a mão em nossa direção. - E, Quíron, essa é nossa prima, Safira.

Balanço a cabeça negativamente e fecho a boca, piscando algumas vezes tentando digerir tudo. Mas sem sucesso.

𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.Onde histórias criam vida. Descubra agora