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📍Baymoon    1 de Janeiro    Dia da tragédia

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📍Baymoon
    1 de Janeiro
    Dia da tragédia

Era quatro e quinze da tarde quando cheguei em casa, com as compras do mercado. Aquele mercado estava lotado, parecendo um formigueiro. Primeiro dia do ano sempre costumava ser assim, ninguém fazia comida em casa, então todos saiam loucos para comprar comida pronta. Eu fui comprar algumas verduras e pão, que minha mãe pediu.

Abri o pequeno portão de madeira e entrei no jardim da casa.

Vincent! — Olhei para trás, quando alguém chamou por mim. Era o senhor Marco, um amigo dos meus pais que morava na casa ao lado da casa da minha família. — Você pode vim em minha casa hoje à noite? Estou quase terminando o projeto — Ele falou sorridente. Ele estava em uma luta eterna em fazer uma moto voltar a vida. Não era uma moto antiga, era bem atual, mas o antigo dono não tinha cuidado com ela e agora a moto nem se quer ligava.

Oi, senhor Marco! Posso ir às sete?

Claro!

Combinado então — Sorri para ele e ele voltou a andar. Caminhei em direção à porta de casa e assim que coloquei a mão no trinco da porta, escutei um barulho de vidro sendo quebrado. Me fazendo abrir a porta com mais pressa do que costumo.

Você também é o responsável por essa casa, Victor!

Você não vê que estou tentando? — Meu pai falou, seu tom estava alterado.

Tentando? — Minha mãe perguntou e riu — Tentando como? Saindo? bebendo? Jogando tabuleiro com seus amigos? Eu preciso de um companheiro de verdade! — Minha mãe falou. Ela estava chorando e era uma sensação horrível assistir aquilo.

Então quer arrumar outro? É isso que você quer? — Meu pai perguntou

Mamãe — Entrei em alerta quando escutei a voz da Luna, baixa e com um tom de choro. Olhei para o sofá, ela estava lá, com o rosto molhado por lágrimas. Meu instinto foi de largar as sacolas no chão e correr até ela, e deixando somente agora que meus pais notassem minha presença.

Vocês são uns imbecis do caralho! — Coloquei as duas mãos nos ouvidos da Luna, para poder xingar meus pais sem que ela escutasse

Está querendo que eu corte sua língua fora, garoto? — Meu pai perguntou

Seria um presente para mim, papai — Sorri para ele — Adoraria saber que você foi preso por minha culpa — O filha da puta estava bebado, mais uma vez. Ele e minha mãe sempre brigavam quando ele estava bebado, mas quando ele estava sóbrio, ela fingia não ter problema nenhum rolando, pois ele era um marido e pai ótimo quando sóbrio.

Vin... — Luna chamou por mim, colocando as mãos pequenas em meus pulsos e eu olhei para ela.

Vim te buscar para dar um passeio na praia — Sorri ao falar com ela, demonstrando tranquilidade na voz, pra deixar ela calma. — Você quer ir?

sim! — Ela gritou, mostrando um sorriso de orelha a orelha e eu enxuguei seu rosto com a palma da minha mão, em seguida a peguei no colo, tirando-a de cima do sofá e colocando no chão ao meu lado.

Vou sair com ela. Resolvam as porcarias de vocês longe dela. — Falei com meus pais, enquanto segurava a mão da Luna e caminhava em direção à porta.

(...)

Vamos para o mar, garotinha? — Olhei para a Luna e ela sorriu, balançando a cabeça em confirmação.

Cachoeira! — Ela me corrigiu

Ok, cachoeira — Levantei e Luna fez o mesmo — quem chegar primeiro ganha um... — Não precisei nem terminar a frase, ela já estava correndo até o lugar onde ficava a cachoeira, me fazendo ir atrás dela.

Nós estávamos no finalzinho da praia, um dos pequenos lugares com menos turistas. Havia mais residentes da ilha por aqui. Sempre passamos as férias por aqui, desde quando eu era o único filho.

Esse finalzinho da praia é como se fosse o pote de ouro dos residentes da ilha. Havia uma cachoeira, onde o mar e o rio se encontravam. Poucos turistas sabem disso por aqui, porque poucos frequentam essa parte.

Os residentes adoram ir para a cachoeira, pois embaixo dela as pedras formam uma piscina natural onde a água salgada e a doce se encontram.

Pisa onde eu pisar, tá bom? — Falei com a Luna e ela concordou novamente com a cabeça. Segurei sua mão e comecei a caminhar em cima das pedras, até a piscina natural no meio.

Passamos um bom tempo ali, a piscina era rasa, rasa demais para mim, mas um tamanho adequado para uma criança de dez anos igual minha irmã.

Havia mais algumas pessoas ali, era como uma piscina grande e um verdadeiro clube aquático. Todo mundo dividindo a mesma piscina.

Segurei a mão da Luna e ela olhou para mim, com um sorriso enorme no rosto e os olhinhos brilhando. Ela adorava isso aqui...

Eu ganhei a corrida, você me deve um sorvete de chiclete — Ela falou, séria. O sorvete de chiclete que vendia em uma barraquinha perto da praia era o preferido da minha irmã.

Combinado — Falei e ela mergulhou, demorei três segundos para fazer o mesmo. Abri os olhos dentro d'água, vendo minha irmã de olhinhos fechados e usando uma mão para contar os segundos. Ficávamos sempre vinte segundos, ela sempre subia no dez, mas nunca desistia de tentar os vinte.

Seriam dez segundos apenas, mas a água agitou-se e eu tive que fechar os olhos, pois começaram a arder com a água salgada invadindo a doce.

E foi assim que acabei perdendo a Luna, não apenas de vista, mas sua mão soltou a minha quando a água agitou-se

Eu levantei a cabeça no mesmo segundo, mas uma onda veio com tudo em mim, me fazendo voltar para baixo d'água, seguida de outra e mais outra.

A dificuldade de respirar era enorme, aumentava cada vez, quando mais uma onda me atingia e dificultava que eu voltasse à superfície. Mas o meu desespero era pela minha irmã, eu conseguiria sobreviver alguns minutos embaixo d'água, mas Luna era apenas uma criança, e seu máximo eram os fodidos dez segundos.

Esse lugar sempre foi raso, oque diabos estava acontecendo?

Escutei alguns gritos e a água cada vez mais agitada, me esforcei ao máximo para voltar à superfície. Aquele lugar estava cheio, como nunca antes. A água chegava à altura do meu pescoço. As pessoas estavam tentando sair de água, enquanto outras gritavam desesperadamente, aquilo estava um caos.

Porra, porra! Cadê minha irmã? — Olhei ao redor, tentando ver algum sinal dela na água e então mergulhei, procurando embaixo d'água. Mas não tinha nada, nenhum sinal. Apenas algumas pessoas, poucas, saindo da água. Voltei novamente à superfície.

Garoto, saia da água! — Um homem gritou, ele estava com o uniforme da polícia da ilha. Não, nem fodendo que eu iria sair sem tirar Luna primeiro.

Chame o salva vidas! — Gritei de volta

Saia! Saia da água!— O policial gritou novamente e as pessoas ao seu redor começaram a apontar para um lado da água onde eu estava, me fazendo olhar oque era.

Sangue? — Sim, muito sangue. Sangue pra caralho. Aquilo estava uma poça vermelha.— Não... não, não. — Eu comecei a ser puxado, por dois homens, até as pedras onde as pessoas estavam. Era da minha irmã, aquele sangue era dela. E ela estava boiando na superfície. Era uma imagem horrível... — a minha irmã — Falei com os homens que me seguravam — ela... ela ali! — Eles me seguravam firme quando tentei me soltar para nadar até ela. Eu estava cansado, não tinha forças, eles conseguiram me tirar da água e me colocar sentado em uma das pedras. Eu estava molhado e sujo pelo sangue. E minha irmã?

Ela estava morta.

Domada Inglaterra - VINNIE HACKEROnde histórias criam vida. Descubra agora