𝐓𝐇𝐄 𝐂𝐎𝐍𝐐𝐔𝐄𝐒𝐓

10. Boca marrenta ⛓️

━━ 𝐁𝐀𝐑𝐁𝐀𝐑𝐀 𝐁𝐈𝐓𝐓𝐄𝐍𝐂𝐎𝐔𝐑𝐓

Já perdi as contas de quantas noites passei sem dormi direito. Eu mal peguei o olho, porque as únicas coisas que eu pensava, era na história que Victor tinha me contado ontem. Chorei a noite toda, porque aquela história mexeu muito comigo. Mexeu comigo, em todos os sentidos e sentimentos.

Estou devastada.

Minha cabeça dói, meu coração dói, minha alma dói. Tudo dói. Não pensei que poderia ouviria essa verdade, principalmente vinda dele, em uma relação de ódio que tenho por ele. E atração também, mas não é hora disso agora. Não é hora de me xingar que não posso me sentir atraída por ele. Depois brigo e xingo eu mesma, por conta disso. Para falar bem a verdade, nem estou pensando nisso. Minha cabeça está em outra coisa. Uma coisa que é bem dolorida pra mim.

Achei... um pouco corajoso Victor ter vindo aqui e ter soltado a bomba em cima de mim, sem eu ao menos esperar. De repente, ele diz "eu não matei seu pai porque eu quis", sem eu ter tempo para me preparar para falarmos sobre esse assunto. Então, eu realmente, não esperava por aquela conversa. Mas acho que foi bom ter escutado ela e ter descoberto a verdade, sobre seu envolvimento com a morte do meu pai. Acho que isso me fez sentir menos sobrecarregada pela culpa de ter me envolvido com Victor. Não sei, mas sinto isso. Talvez pelo fato de ter namorado e me apaixonado acidentalmente pelo assassino do meu pai.

Chamaria isso de destino? Sim. Um destino horrível.

Quem que ia querer descobrir que o homem que você mais ama, matou seu pai no passado? Principalmente, depois da noite de amor que tivemos? E na noite onde disse que eu o amava mais do que minha melhor amiga, que sempre esteve comigo e me apoiando.

Eu me odeio por isso ter acontecido. Principalmente quando me declarava pra ele, dizendo o quanto eu o amava e o quanto eu era extremamente apaixonada por ele. É isso que me dá mais ódio ainda, sobre a nossa relação. Que há anos atrás, eu dizia que eu o amava e agora digo o tempo todo que eu o odeio. Isso é muito ruim de imaginar. Muito ruim mesmo.

Sei que Victor está tentando me conquistar de novo, porque não para de me pedir uma segunda chance e, sinceramente, não sei se consigo fazer isso. Agora sabendo da história toda, sabendo do que realmente aconteceu, no dia que o meu pai morreu, ainda não sei se consigo voltar a ter alguma coisa com ele, principalmente ter uma relação que nem antes. Não sei nem se consigo só ser uma "amiga", porque sua presença ainda me afeta. Demais.

Então, sinceramente, não sei o que esperar de nós.

Ele pode continuar tentando e eu não sei se em algum momento, vou ceder, porque mesmo que eu sinta atração por ele, não esqueço o que fez comigo. Isso marcou minha vida. Sua mentira e sua traição me marcaram, de uma forma bem ruim, então não sei o que o futuro nos aguarda. Por mim, não quero voltar a ter absolutamente nada com ele. Não mesmo. E nem acho que estou pronta para um relacionamento agora. Meus pensamentos, em relação a isso, são em Aurora. Não sei se ela aceitaria bem uma relação minha com um homem, porque nunca teve um homem presente em sua vida. Amigos meus, só. E não um "padrasto".

Isso me preocupa e se as possibilidades vão afetar a minha relação com a minha filha, a probabilidade de eu entrar em um relacionamento é zero. Aurora ainda é pequena e penso que um namoro, pode afetar o crescimento dela em alguma forma e eu não quero isso para sua vida. Não quero atrapalhar seu crescimento. E com certeza, um relacionamento não está nos meus planos de agora. Talvez futuramente, mas agora, não.

E em meio a tantos pensamentos, alguns "bons" e outros bem péssimos e torturantes, meu celular começa a tocar no criado mudo da cama. Me estico até ele e vejo que é Carol me ligando em chamada de vídeo e com certeza Aurora quer falar comigo. Mas não estou em condições de conversar com ela. Se Carol me ver vom a cara inchada de choro e os olhos vermelhos, ela vai ficar muito preocupada comigo e não quero dizer a ela o que anda acontecendo por aqui.