𝙈𝙄𝘿𝙉𝙄𝙂𝙃𝙏 𝙍𝘼𝙄𝙉, pablo gavi.

008| perfectly wrong

Barcelona, Espanha 
ᶠᵉᵛᵉʳᵉⁱʳᵒ ᵈᵉ ²⁰²²

PABLO GAVI

Jogar em um time mundialmente conhecido requer uma responsabilidade enorme, capacidade extremamente duvidosa quando se trata dos meus colegas de clube. Xavi passava e repassava algumas informações no vestiário antes de subirmos para treinar.

Mas minha preocupação tinha nome e sobrenome, e no momento não estava aonde deveria estar. Ele me falou que não viria treinar hoje também, mas achei que era só mais uma desculpa que Ferran tinha inventado. Porém ao ver que mais alguns não estavam aqui, me tranquilizei.

O treinador grita nas linhas de frente, sua voz ecoando no campo como se ele fosse um general em guerra. Ou talvez ele seja o estrategista. As vezes é bom ver que Xavi tem fé no nosso time, sua aura irradia positividade.

— É dessa forma que começamos a temporada após a derrota passada? — ele rosna, caminhando entre nós.

— Não senhor! — respondemos em uníssono.

— Aqui dentro desse CT somos família e perdoamos os erros. Porém lá fora, se você não beneficia a equipe e age a favor do time, te querem longe. — Xavi continua, acenando com a cabeça, enquanto mantém os braços para trás.

Alguns murmúrios surgem entre nós jogadores, mas sabemos que em hipótese alguma devemos interromper o treinador.

— Portanto, nós vamos ou não vamos mostrar a eles que respiramos e vivemos o futebol?

— Nosotros vamos! 

Xavi volta para o iPad, repassando as estratégias com os outros membros da comissão. Passo meus olhos rapidamente pelo campo e vejo os goleiros já em seus postos, preparados para o treinamento.

— Vou fingir que não percebi sua quietude. — Pedri estava ajoelhado na minha frente, amarrando minhas chuteiras.

Não tenho vergonha de admitir que tenho um pequeno problema em amarrar esses cadarços, mas seria muito mais fácil se eu só precisasse apertá-los.

— Sou o mesmo de sempre, caso ache que fui abduzido igual da última vez. — comento, forçando a vista para poder enxergá-lo.

— Pela carranca na sua cara, eu não poderia negar. — sorri, se levantando e desferindo um leve tapa na minha coxa.

— Só pensando na minha utilidade para esta temporada. — digo, aquecendo.

Futebol não é apenas um jogo para mim. Não é um momento alto e uma adrenalina. Não é o rugido da multidão ou os cantos. É um estado de espírito, o que eu mais amo no mundo.

— Você é um dos melhores que temos, idiota. — meu melhor amigo revira os olhos, depois de dar um empurrão no meu ombro.

Mal sabe Pedri que não é realmente comigo que estou preocupado. Torres é uma das novas contratações do time e não está indo muito bem desde que chegou, o que me assusta mais ainda nessa merda toda.

— Poucos tem o privilégio, mas estava falando com Gabbi mais cedo. As garotas vão nos encontrar para fazer as duas coisas que eu mais gosto. — González conta, enquanto mantém seu braço no meu ombro para não perder o equilíbrio.

— Não vou fazer um menage com você e a prima do Ferran. — as minhas palavras são rápidas, pintando imagens péssimas na minha mente.

— Você só pensa em sexo? Parece um cachorro no cio. — acho que a última parte foi dita alto demais, pois Raphinha nos olhava estranho.