034| crazy in love

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Barcelona, Espanha
ᵃᵇʳⁱˡ ᵈᵉ ²⁰²²

PABLO GAVI

Leanna morde o lábio inferior, com um vinco formando entre suas sobrancelhas. Ainda montada em mim, como se fosse algo normal, ela respira fundo antes de falar.

— Tia Alice basicamente nos criou junto com a tia Cecília, antes de decidir sumir do mapa e abandonar a gente. — ela não conta muito, acredito que seja apenas o necessário.

— Isso ainda te incomoda? — pergunto sincero, traçando círculos com meus dedos em sua cintura.

Ela pensa um pouco antes de falar, como se estivesse inquieta com a situação.

— É claro que incomoda, Pablo. — solta uma risada sem humor, como se achasse graça da minha pergunta. — A minha vida toda eu tive que lidar com o abandono parental e quando eu achava que ia dar certo, ela também decide que não nos quer por perto.

Ela diz com um sorriso, mas seus olhos não conseguem encontrar os meus. Eles estão brilhando por conta das lágrimas não derramadas.

— Ei.. — seguro seu queixo, forçando seu olhar a se chocar com o meu. — Essas pessoas não merecem o seu amor e muito menos a sua preocupação, você é uma pessoa incrível e quem te conhece sabe o quão especial é ter você por perto.

— Você acha? — ela pergunta timidamente, brincando com a bainha de seu vestido e desviando o olhar novamente.

— Porra, eu não só acho como tenho certeza. — envolvo seus dedos com a minha mão e seus olhos encontram os meus, cheios de admiração. — Leanna, quantas vezes eu preciso repetir até você entender que eu gosto de você de verdade? Qualquer pessoa que te faça mal, eu quero fora da sua vida, mesmo que você seja teimosa e não entenda isso.

— Pablo.. — seus lábios se abrem, uma pequena mão se move para o meu peito, e ela balança a cabeça, concordando.

Sua boca pressiona a minha, e ficamos assim por alguns longos momentos, aproveitando a simplicidade de um beijo antes de minha mão em seu queixo a trazer para mais perto, e minha língua mergulhar para tocar seu lábio.

Ela me deixa entrar. Sua mão se move para cima, agarrando meu cabelo, segurando-me perto dela, e eu gemo em sua boca. Eu quero esta mulher mais do que eu quis qualquer coisa há algum tempo.

— Arranjem um quarto, seus pervertidos! — uma vizinha aleatória grita, interrompendo-nos.

Eu não a solto, apenas levanto uma mão e um único dedo do meio como resposta.

— Eu também gosto de você de verdade, Pablo. — é a última coisa que ouço, antes dela se levantar e me deixar desnorteado no chão.

Preciso me lembrar de agradecer à Gabriella mais tarde, se ela não tivesse me obrigado a estar aqui, isso tudo jamais teria acontecido.

TERÇA-FEIRA

Estamos deitados na minha cama planejando como iremos interrogar a Alice. Leanna acha que ela pode ter alguma coisa a ver com o que está acontecendo com Cecília e o caso da tal Dulce.

Reviramos alguns papéis e imprimimos fotos que julgamos serem importantes para o andamento do processo, mas nada parece muito concreto até agora. Então a entrevista terá que servir.

— Eu tenho uma ideia, mas você não pode me julgar. — ela sorri de canto, erguendo a cabeça do meu peito e me encarando.

— Impossível. — digo ao depositar um selinho em sua testa.

— É sério, você tá comigo ou não tá?

Respiro fundo antes de responder, eu tenho certeza que estou entrando em uma roubada.

— Sempre.

QUARTA-FEIRA

Eu entrei em uma roubada muito grande.

— Me passa o alicate. — a loira estende uma mão, enquanto segura uma lanterna com a outra.

— Você tem certeza que isso vai dar certo? — entrego o objego a contragosto.

— O que vale é tentar, nunca saberemos se não tentarmos. — responde concentrada, mordendo a língua.

Leanna usa o alicate para desconectar os fios da iluminação da casa de sua tia avó, alegando que Alice tem medo de escuro e isso vai ser crucial para que ela nos conceda as respostas.

Em alguns instantes as luzes da casa se apagam e um grito assustado corre pelas janelas da casa. É a nossa deixa para entrar e embosca-la.

Lea desaparece pelos fundos, enquanto estou encarregado de trancar e tornar a parte da frente inacessível. Não muito tempo depois, ela aparece escoltando sua tia até a cozinha.

— Seguinte, você vai nos fornecer todas as respostas que precisamos. — a loira aponta sua lanterna para o rosto da mais velha.

— Pare de ser patética. — Alice revira os olhos, bufando.

— Eu acho que você não entendeu, ou você colabora ou não vai gostar do que está prestes a acontecer. — digo me aproximando, ambas se assustando com a minha voz.

— Eu não tenho medo de vocês, não passam de adolescentes incompetentes. — ela debocha.

Sem pensar antes de agir, pego uma das cadeiras que encontro pela frente e destroço na parede, ficando com um pedaço de madeira na mão.

Deve servir como uma ameaça, porque ela muda sua expressão na hora.

— Meu Deus a titia vai te matar, essas cadeiras foram caras. — Lea sussurra indignada.

— O que vocês querem? — Alice questiona impaciente.

— É simples, tia. Você só precisa responder algumas perguntas e depois estará livre. — ela sorri forçado, pegando nossas anotações - as quais eu já decorei metade das perguntas.

— Hum.

Passo as mãos pelo cabelo, ajeitando alguns fios soltos enquanto me concentro em não atacar essa coroa. Nunca vi alguém tão desprezível, deve ser algo de família.

Respiro fundo e me sento de frente para ela, encorajando Leanna a fazer o mesmo. Não sabemos o que vai sair da boca de Alice, e dependendo do nível, pode ser bastante impactante. É melhor que estejamos sentados, por via das dúvidas.

— Já entendi tudo.. — Alice ri histérica. — Eu custei a acreditar que seu pai estava certo, mas parece que eu me enganei. Ele estava bem mais do que certo.

— Do que você tá falando? — Leanna pergunta desconfiada.

— Você virou uma frouxa! Fazendo tudo isso por causa de um macho, e pior ainda, um feio.

— Epa! Feia é você, com essa cara cheia de botox, parecendo o boneco Josias. Se coloque no seu lugar vadia. — respondo agressivo, me afastando dela.

— Meu pai nunca esteve tão errado em toda a vida dele. — Lea responde seca, ignorando o resto.

— Chega de enrolação, o que você sabe sobre Dulce De La Vega Sanchez?

Como se não ouvisse esse nome há muito tempo, a pele de Alice empalidece e seus olhos se arregalam.

— Como vocês sabem sobre isso?

𝙈𝙄𝘿𝙉𝙄𝙂𝙃𝙏 𝙍𝘼𝙄𝙉, pablo gavi.Onde histórias criam vida. Descubra agora