026| born to be somebody

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Madrid, Espanha
ᵐᵃʳᶜ̧ᵒ ᵈᵉ ²⁰²²

LEANNA MARTÍNEZ

Respiro fundo antes mesmo de pensar em entrar no avião. O ar gélido das manhãs de inverno me atinge, enquanto observo uma aeronave pousando ao horizonte.

Está na hora de enfrentar a ira do meu pai e mostrar pra ele quem é a Leanna de verdade. A festa para qual fui convidada - e arrastei a ultima pessoa que deveria - tem um único propósito, renovar o contrato de patrocínio com o time da capital.

Mas para mim é mais que isso, preciso de provas, algo que mostre que a Eynard Entertainment é a verdadeira culpada pelo incidente de alguns anos e pelo que tá acontecendo com meus amigos agora, principalmente o motivo do Ferran ser o primeiro alvo.

— Posso ver a fumaça saindo por suas orelhas. — me viro apenas para encontrar Gavi sorrindo, escorado em suas malas.

Uma parte de mim sabe que o que está prestes a acontecer, vai ser muito errado. Mas outra parte, quer deixar rolar e ignorar as consequências.

— Só pensando longe. — sorrio, me aproximando do garoto.

— Mentira, você nem faz isso. — ele cruza os braços, com um sorriso cínico em seus lábios.

— O único desprovido de cérebro aqui é você. — bato de leve em seu ombro esquerdo, que mal se move.

Escuto o anuncio do nosso voo nos autofalantes, indicando que é hora de embarcar. Respiro fundo mais uma vez ao me aproximar do portão de embarque.

Assim que entramos no avião, Pablo encontra nossos assentos e guarda as malas de mão no compartimento superior. Passo a viagem toda encarando o céu pela janela, incapaz de acalmar minha inquietação.

— O que quer que esteja pensando, vai dar certo. — o garoto ao meu lado coloca a mão sobre meu joelho.

Viro-me para encontrá-lo com um sorriso tímido no rosto, sorrio também. Mal sabe ele que é exatamente esse o meu medo.

— Obrigada por estar comigo nessa. — cubro sua mão com a minha.

— Eu não poderia estar em outro lugar. — um brilho diferente cruza seu olhar.

Suspiro, a fim de guardar esse olhar nas minhas mais profundas memórias para todo sempre.

Depois de desembarcar no aeroporto de Madrid, fazemos nosso caminho até o hotel que reservei para nossa estadia na cidade.

Queria muito poder levar o Pablo para conhecer minha família e a cidade, como amigos de verdade fariam. Se ao menos nossa amizade não passasse de uma farsa a qual ele está destinado a viver.

— Acho que vou para o meu quarto. — coça a nuca, parecendo tímido.

— Tudo bem, desde que esteja na minha porta às oito em ponto. — semicerro os olhos, como uma ameaça.

— Você espera uma garrafa de champanhe e uma limousine também? — ele sorri, covinhas aparecendo em suas bochechas.

— Prefiro o clássico buquê de rosas e um cavalo branco. — dou uma piscadela, fechando a porta quando ele se afasta.

Me pego sorrindo pro vento e então dou um jeito para rapidamente sumir com o sorriso. A última coisa que eu quero agora é cair em uma cilada armada por mim mesma.

•••

São oito em ponto quando eu termino de me arrumar e ouço uma batida na porta. Me olho no espelho uma última vez, analisando meu vestido rose cintilante e meu cabelo loiro penteado para trás.

𝙈𝙄𝘿𝙉𝙄𝙂𝙃𝙏 𝙍𝘼𝙄𝙉, pablo gavi.Onde histórias criam vida. Descubra agora