Barcelona, Espanha
ᶠᵉᵛᵉʳᵉⁱʳᵒ ᵈᵉ ²⁰²²LEANNA MARTÍNEZ
Eu definitivamente sentia falta da energia do Camp Nou, da torcida blaugrana gritando em plenos pulmões e das comidas maravilhosas do camarote. Estar em Barcelona novamente é como renovar a alma, poder frequentar o estádio e assistir às partidas ao vivo é sem dúvidas a melhor coisa que existe, mas conhecer os jogadores é sentir essa energia dobrada. E eu costumava amar tudo isso.
Por outro lado, ser natural de Madrid tem suas (des)vantagens. Meu pai e meu irmão são obcecados pelo rival e a empresa que patrocina o time é a principal reconhecedora disso. A empresa a qual meus pais administram e que mais tarde passará a ser do meu irmão, àquela que deveria representar nossa família, tem como um dos seus principais patrocinados o Real Madrid. E eu aprendi a gostar disso também.
Colocando a barra da camiseta para dentro da minha wide leg, me vi encarando o espelho por tempo demais, enquanto Gabriella me infernizava pelo celular. Segundo ela, precisávamos estar lá para vê-los treinando e pegar nossos lugares antes que lotasse, mas conhecendo-a muito bem isso é um sinônimo para "apreciar a vista".
— Finalmente! Achei que precisaria chamar a polícia para derrubar a porta. — Gabbi comenta revirando os olhos.
— Você não teria a mínima coragem para fazer isso, mas imagina como as páginas de fofoca iriam te adorar! — entro no carro, me certificando de que minha jaqueta estivesse bem fechada.
— O que você tá aprontando, Leanna? — ela se vira para mim com uma sobrancelha arqueada.
— Deveria estar aprontando algo? — questiono no mesmo tom.
— Primeiro temos você e Gavi super amigos, depois ele convida a gente pro jogo e agora você tá coberta da cabeça aos pés. E eu nunca te vi usando algo que não acabasse na altura da coxa. — a morena repousa a mão no volante e continua me encarando.
— Me senti extremamente ofendida com esse seu comentário, vou fingir que não entendi o que quis dizer. — cruzo os braços, encarando-a na mesma intensidade.
— Ah qual é, Lea!? Todo mundo sabe que você se veste como uma patricinha dos anos dois mil. — ela desiste. — Só tô dizendo que te conheço.
— Acontece que estamos no inverno e eu ainda não sei como aquecer o meu corpo por vontade própria.
Seguimos nosso caminho em total silêncio. Gabriella estava claramente chateada por ter sido deixada de fora do plano que ela mesma imaginou em sua cabeça. E quando isso acontece, sei que não vai ser fácil tirar a carranca de sua cara.
— Tá legal. — paro no meio do corredor. — Você quer saber o que tá acontecendo?
Depois de alguns segundos emburrada, ela finalmente concorda. Abro um pedaço da minha jaqueta, revelando a tal surpresa.
— Você é maluca? Qual é a porra do seu problema, Leanna!? — Gabbi me puxa para o banheiro mais próximo.
— Que foi? Achou mesmo que eu ia dar esse gostinho pros amigos do senhor Torres? — gargalho exagerada, retirando a jaqueta por completo e ficando apenas com a camiseta do Madrid.
— Garota, de verdade, você quer apanhar? Porque é o que vai acontecer quando sair por aquela porta. — ela aponta para a porta ao nosso lado, me fazendo revirar os olhos.
— Há anos não visto uma camiseta do Barcelona, não vai ser por causa deles que isso vai acontecer. — comento, pegando a jaqueta novamente.
— Leanna, as vezes você me irrita! — ela puxa a jaqueta das minhas mãos. — Por sua sorte, eu sou precavida e sei que você age igual uma criança. — me entrega uma camiseta do time que estava em sua bolsa.
— Jamais vou vestir isso. — digo analisando a camiseta que continha o número 30 atrás.
— Você não tem escolha, ou vai assim, ou vai pelada. — o semblante em seu rosto não era um dos melhores.
— A segunda opção não cairia nada mal, mas tenho uma reputação a zelar. — seguro a barra de sua camiseta, puxando-a para cima.
— Mas que porra você tá fazendo? — ela luta, mas sem sucesso.
— Quer que eu vista, não quer? Vou vestir, mas não a do Gavira. — ajeito a camiseta com o número 19 do Ferran no meu corpo, entregando a outra para ela.
— Se meu primo ver isso, ele pensa que é hate.
Sorrio dando me por satisfeita, não era a melhor coisa do mundo, mas já dava pro gasto. O sorriso some na mesma hora em que vejo a garota jogando minha camiseta do Real Madrid no lixo.
— Você jogou minha camiseta no lixo! — afirmo, acusando-a.
— Você viu? E ela vai continuar aí, a não ser que queira enfiar sua mão nessa lata e procurar aonde ela foi parar. — encaro-a com desgosto, minha vontade era voar em seu pescoço.
— Pare de ser uma vadia vingativa!
— Pare de agir pelas minhas costas.
Saímos do banheiro em direção a arquibancada. Nossos assentos estavam próximos ao vidro e perto demais do campo, me sentei observando ao redor. A torcida gritava e cantava, balançando as cores vermelho, amarelo e azul.
O jogo havia começado. Eu o encontro sem nem tentar. Ser hiper-consciente dele o faz se destacar da multidão, mesmo que eu não queira que ele faça isso. Gavi veste o uniforme do time como se ele fosse o modelo.
O uniforme gruda em seu corpo como uma segunda pele delineando seu peito desenvolvido e suas coxas e pernas tonificadas. Ele pede a bola e, quando ela o atinge, seus olhos brilham com essa raia desafiadora. Ele não leva muito tempo para cortar a defesa.
Pablo vai para a bola, deixando alguns de seus oponentes para trás. Justo quando ele está ganhando impulso em direção à rede, um dos zagueiros o ataca com força bruta. Gavi bate no chão com um baque. Alguns suspiros escapam das meninas ao meu redor.
Falta para o time, Frenkie é quem vai cobrar. Com um cruzamento para a área, Gavi domina e dispara com a bola novamente, acertando a rede nos primeiros 10 minutos de jogo.
Merda. Ele fez o gol.
Como se não bastasse o tiro perfeito ao alvo, Pablo tinha um "L" formado em seus dedos e os mesmos repousavam em sua testa. Estalo a língua no céu da boca, olhando-o incrédula enquanto todos a minha volta comemoravam.
— Que comemoração ridícula é essa? L de loser? Melhore, Pablo. — Gabriella reclamava ao meu lado, em alto e bom tom para que Gavira ouvisse.
Ele não presta atenção nela, não. Seus olhos estavam em mim, mesmo com seus companheiros de equipe se jogando por cima dele. Seus olhos permaneciam em mim. Quebro o contato visual por primeiro.
— Não é um L de loser, é um L de Leanna loser. — comento com a garota ao meu lado, que aparenta estar tão chocada quanto eu ao ver o gol.
— Ai Dios mio, Leanna! É o primeiro gol do homem esse ano e ele dedicou pra você! — ela sorri exasperada.
— Só porque eu perdi a aposta que fiz com ele. — reclamo, dando de ombros.
— Case com esse garoto agora! Essa é a maior declaração de amor que alguém já fez pra você. — Gabbi finge limpar lágrimas falsas.
— Nem nos meus piores pesadelos eu cometeria um erro grotesco desses.
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𝙈𝙄𝘿𝙉𝙄𝙂𝙃𝙏 𝙍𝘼𝙄𝙉, pablo gavi.
RomanceLeanna sempre sonhou em expandir seus horizontes além das fronteiras de Madrid. Criada em Barcelona pela tia-avó quando criança, ela retorna à vibrante cidade com a esperança de impulsionar sua carreira de modelo e escapar dos negócios opressivos de...