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Barcelona, Espanha
ᵃᵇʳⁱˡ ᵈᵉ ²⁰²²

PABLO GAVI

O som da bola batendo no gramado ecoa pelos meus ouvidos enquanto corro pelo campo. O vento frio da tarde corta o suor na minha pele, mas não penso nisso. Meu foco está no jogo — o único lugar onde consigo desligar a mente, pelo menos por um tempo.

No campo, tudo se resume a estratégia, movimento, a leitura do adversário. Tudo parece mais simples do que o emaranhado de mistérios e segredos que têm tomado conta da minha vida ultimamente.

— Ei, Pablo, aqui! — grita Pedri, acenando freneticamente para que eu passe a bola.

Desvio de dois defensores com um giro rápido e lanço a bola para ele. Pedri a domina com facilidade, mas o marcador se aproxima rápido. Ele olha para mim, uma sobrancelha arqueada em desafio, e num piscar de olhos, devolve a bola com um toque sutil de calcanhar.

Eu já sabia que ele ia fazer isso — anos jogando juntos fazem com que adivinhemos os movimentos um do outro sem precisar falar.

Aproveito a brecha que ele criou e corro em direção ao gol. O goleiro se prepara, mas antes que ele perceba, dou um chute certeiro. A bola passa pelo canto inferior, balançando a rede. Um grito de vitória escapa da minha garganta e, sem perceber, um sorriso se forma em meus lábios.

— Mandou bem! — ele corre até mim, batendo de leve no meu ombro enquanto os outros se aproximam, rindo e comemorando.

— Valeu — respondo, mas o entusiasmo não dura. A euforia do gol desaparece quase tão rápido quanto surgiu, substituída pelo peso do que eu e Lea descobrimos na noite anterior.

Os outros jogadores se juntam a nós, o treino terminando em meio a brincadeiras e provocações amigáveis. Mas meu pensamento está em outro lugar, no olhar desconfiado de Alice, na carta que revelou um segredo tão profundo quanto perigoso. Sei que preciso contar a alguém — e quanto mais penso nisso, mais percebo que Pedri e os outros são as únicas pessoas em quem posso confiar.

— Vocês estão a fim de passar lá em casa depois? — pergunto casualmente, tentando parecer despreocupado. — Tem uma coisa que eu queria conversar com vocês.

Eric me encara por um segundo, a expressão ligeiramente curiosa.

— Assunto sério, hein? — ele comenta, o tom brincalhão se transformando em algo mais atento. — Claro, estamos dentro.

Ferran também murmura concordância, trocando olhares com os outros. Sabem que eu não costumo fazer convites desse tipo sem motivo, e isso basta para deixá-los alerta.

— Valeu — murmuro, tentando soar tranquilo, mas algo em minha voz deve ter falhado, porque Pedri me lança um olhar mais longo, tentando entender o que se passa na minha cabeça.

— Tá tudo bem, Pablo? — ele pergunta em um tom mais baixo, apenas para eu ouvir. — Você parece... tenso.

Dou de ombros, tentando disfarçar.

— Vai ficar — respondo, sem mentir, mas sem dizer a verdade. — Só tem algumas coisas que... eu preciso explicar. E quero a opinião de vocês.

Ele franze o cenho, claramente ainda preocupado, mas não insiste. Apenas assente.

— Beleza. Estamos com você.

Com isso decidido, termino de trocar de roupa rapidamente e pego minha mochila. O caminho até a minha casa é rápido, mas a tensão cresce dentro de mim com cada passo. Como vou contar a eles sobre o que encontrei? Como explicar que estamos nos metendo em algo que vai muito além do que qualquer um de nós imaginava?

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⏰ Última atualização: Sep 27 ⏰

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𝙈𝙄𝘿𝙉𝙄𝙂𝙃𝙏 𝙍𝘼𝙄𝙉, pablo gavi.Onde histórias criam vida. Descubra agora