Barcelona, Espanha
ᵐᵃʳᶜ̧ᵒ ᵈᵉ ²⁰²²LEANNA MARTÍNEZ
Faz cerca de meia hora que eu me encontro na mesma posição enquanto encaro o teto e deixo as lágrimas rolarem.
Conseguimos sair com o Ferran desacordado pela porta dos fundos, tentando ao máximo não levantar suspeitas em decorrência da quantidade de paparazzis no local e viemos parar em um hospital próximo, com identidades falsas.
Os gritos escandalosos e os passos apressados que ecoam pelo corredor me tiram do transe. A essa altura já não é surpresa que Gabriella tenha descoberto o ocorrido.
— Cadê o Ferran?? — seu corpo eufórico atinge o balcão da recepção. — Cadê meu primo?! — exige.
Me levanto, ignorando as manchas de sangue que ficaram no sofá e agarro os braços da garota, fazendo-a virar e prestar atenção em mim.
— O que é que vocês têm na cabeça? — ela grita mais alto. — Em nenhum momento vocês pensaram em me avisar?
— Gabbi, se acalma, por favor! — suplico, forçando um sorriso de canto.
— Me acalmar? Só pode ser piada. Eu exijo ver meu primo! — se volta para a recepcionista, que nos encara confusa.
— Não vai ser fazendo confusão que você vai conseguir o que quer! — suspiro, já estressada.
Meu corpo dói e minha cabeça está girando, estamos há exatamente 5 horas nesse hospital sem nenhuma resposta. Pablo e Sira estão dormindo nas poltronas e Pedri tenta se manter acordado enquanto esvazia a cafeteira.
— Eu não preciso dos seus conselhos! — Gabriella passa as costas da mão no rosto, borrando o que sobrou da sua maquiagem.
— Amiga, me escuta. — seguro seus ombros. — Eu sei que deveria ter te contado, errei nisso, mas não queríamos estragar sua festa e tinha os fotógrafos também..
— Leanna, eu te amo de verdade, mas você acha mesmo que uma festa é mais importante do que a vida do Ferran? Mesmo que seja o menor ferimento existente, eu teria largado tudo pra estar aqui. — um soluço escapa de sua boca, nossas lágrimas rolam em sintonia.
— Essa festa foi planejada desde os seus 15 anos, eu não podia simplesmente acabar com tudo. — meus lábios formam uma linha tênue.
— Eu não me importo com dinheiro ou coisas materiais, minha família vem antes de tudo e todos! Coloca isso de uma vez na sua cabeça, se seus pais não te amam como deveriam, eu sinto muito! — ela se vira, entrando em um dos corredores só hospital.
Suas palavras foram como um baque, pude escutar o estilhaçar do meu coração e a sua pausa logo em seguida. Dor. Muita dor.
Caio sentada ao lado de Pedri, ainda em choque.
— Não leva pro coração o que ela disse, ela só ta muito atordoada com tudo o que tá acontecendo. — sua mão direita alcança meu ombro, fazendo um carinho desconcertado.
Engulo em seco. Fica difícil não me abalar com o que eu ouvi quando as palavras saíram da boca de quem costuma ser minha melhor amiga.
Não é justo.
Encosto minha cabeça no ombro do garoto, tentando limpar a mente e dormir um pouco.
— Vocês conseguiram ouvir o que o Ferran disse antes de apagar? — ouço a voz de Gavi antes mesmo de conseguir abrir os olhos.
A dor corre atraves do meu corpo.
Eu ouvi.
"Tio Carlos" foram as exatas palavras, mas eles não podem saber disso. Relacionar meu pai com o que aconteceu no banheiro da festa não me parece resolver nossos problemas, então é melhor deixa-lo fora disso até eu saber o que fazer.
— Eu sei que está acordada. — Pablo sussurra próximo ao meu ouvido, me fazendo dar um pulo.
— Só rezando para que tudo tenha sido um pesadelo. — sorrio sem ânimo, pegando o remédio de suas mãos.
— Infelizmente não.
Depois de alguns comprimidos, eu já me sinto relativamente "melhor", ou talvez apenas dopada demais para pensar em chorar. São contabilizadas 10 horas no total.
Estamos eu e Gavi sentados em um sofá, minhas pernas tremem e minhas mãos suadas apertam uma a outra, minha cabeça dói e meus olhos escorrem, mas é involuntário, eu não consigo sentir e muito menos controlar. 12 horas sem respostas.
Ando de um lado para o outro, me encorajando a confrontar os médicos desse hospital. 15 horas de pura angústia.
— O doutor disse que vocês podem entrar e ver ele. — Gabriella sussurra tão baixo que tenho que me esforçar para ouvi-la.
Os meninos são os primeiros a sair correndo e adentrar o quarto. Para o nosso alívio, Ferran está acordado e sorrindo, com um curativo enorme na cabeça. Nunca pensei que ficaria tão feliz ao ver esse bastardo sorrindo.
— Você nos assustou, seu merdinha. — abraço-o de lado, tomando todo cuidado possível.
— E você tava chorando por mim. — ele faz beicinho, me abraçando de volta.
Retribuo a provocação com uma careta.
— Afinal, o que aconteceu naquele banheiro? — Pedri questiona, apreensivo.
Meu coração acelera. Ferran não pode repetir o que disse.
— O médico falou que ele teve uma perda de memória recente e não se lembra muita coisa dos últimos dias. — Sira retoma, parecendo envergonhada.
— Um passarinho me contou que foi você quem me salvou, então acho que te devo algo além de um obrigado. — Torres usa seu tom galanteador.
— Que nojo, seu pervertido. — bato em seu peito levemente e me afasto rindo.
— Ficamos extremamente felizes que você esteja bem meu querido melhor amigo, mas agora se você nos dá licença, não precisamos presenciar essa conversa. — Pedri sorri nos empurrando para fora. — Volto em alguns minutos.
Fecha a porta atrás de nós. É só agora que eu consigo respirar novamente, sem peso algum. Exceto pela tentativa falha, ou melhor, aviso do senhor meu pai.
— Eu posso falar com você em particular? — pergunto baixinho e ele assente.
Me recosto contra a parede enquanto espero Pablo me acompanhar. Não sei se o que estou prestes a fazer é o certo, mas vai ter que funcionar.
— Sei que não terminamos da melhor forma, mas não acho que aqui seja um local apropriado. — sinto a leveza e o tom brincalhão em sua voz.
— Nem se eu quisesse, estou esgotada. — suspiro. — Tenho uma proposta.
Ele franze as sobrancelhas.
— Uma proposta? — repete instigado.
— Na verdade é um convite. Preciso comparecer a um evento em Madrid e queria saber se você está disposto a ir comigo. — sou direta, seu sorriso se amplia.
— Você está me convidando para um encontro? — as covinhas marcam seu rosto.
— Um evento de negócios. — corto rapidamente. — No dia você descobrirá o porquê é tão importante. — sorrio, passando a unha em seu peitoral coberto pela camisa já não tão enxarcada.
— Está feito. Mas vou querer algo também. — deixa um beijo estalado em minha bochecha e se afasta para longe, quase saltitando.
Por favor não se acostume comigo, Pablo. Eu sou uma causa perdida.
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Hi Besties! Sei que dei uma sumida e confesso que fiquei horas repensando se deveria voltar a escrever.
A verdade é que não me sinto realmente feliz ao postar os capítulos e não saber se vocês estão gostando ou não, afinal é isso o que a falta de comentários me mostra.
Se quiserem que eu continue a história, peço encarecidamente que deixem o feedback de vocês, favoritando e comentando nos capítulos, obrigada!! ♡
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𝙈𝙄𝘿𝙉𝙄𝙂𝙃𝙏 𝙍𝘼𝙄𝙉, pablo gavi.
RomanceLeanna sempre sonhou em expandir seus horizontes além das fronteiras de Madrid. Criada em Barcelona pela tia-avó quando criança, ela retorna à vibrante cidade com a esperança de impulsionar sua carreira de modelo e escapar dos negócios opressivos de...