Barcelona, Espanha
ᶠᵉᵛᵉʳᵉⁱʳᵒ ᵈᵉ ²⁰²²LEANNA MARTÍNEZ
As estrelas estavam bem aparentes, a noite não estava nem um pouco nublada e a lua estava linda, as barraquinhas com luzinhas brilhando davam a sensação de aconchego e ao mesmo tempo de organização. Só eu sei quanta falta esse lugar me fez, eu amo Barcelona com toda a minha alma. Apesar de nascer em Madrid, eu nunca senti que pertencia àquela cidade, talvez por ter passado a infância toda aqui ou porque não suportava meus pais ocupados com o trabalho o tempo todo, mas sei que lá não era meu lar, aqui é.
— De verdade, não sei como vocês conseguem. — Renata diz em choque, ela conversava sobre vida pública com os meninos.
— Pra ser sincero, nem eu. — é a vez de Eric falar, aliás, descobri que ele é um amor de pessoa.
Respiro fundo ao ouvir meu estômago reclamar. Faziam alguns minutos que havíamos feito nossos pedidos, mas eu realmente não estava mais aguentando esperar. Não faço ideia da última vez que fiz uma refeição hoje.
— Acho que são os nossos lanches. Quem vem comigo? — Pedri questiona ao ouvir o soar da mudança de senha.
— Eu vou, antes que cometa alguma atrocidade. — Gabbi diz, ficando de pé também.
— Você vem, Lea? — Eric pergunta antes de se levantar e se juntar aos outros.
— Sim, claro. Eu já vou, podem ir na frente. — digo sorrindo, tentando ignorar o borrão em minhas vistas.
Dito isso, os três se afastaram em direção ao quiosque, restando apenas eu e Gavira na mesa, uma vez que a ruiva decidiu que precisava ir ao banheiro.
— Você tá bem? Tá meio pálida e imóvel há uns dois minutos. — Gavi observa, me tirando do transe.
— Estou, não se preocupe em gastar sua cota de bom moço. — engulo em seco, tentando me levantar.
Me apoiando na mesa, consegui ficar de pé, mas não o suficiente para me equilibrar. Foram totalizados cinco passos e meio até que eu estivesse no chão e minha vista totalmente branca, como uma névoa.
— Para de brincadeira, Leanna. Isso é coisa séria. — ouço Pablo vindo até mim. — Leanna!
Ele chama novamente, mas dessa vez seus braços já estavam em volta do meu tronco. Meus lábios estavam frios e pareciam separados do corpo, então não respondi.
— Foda-se.
Murmurando o que parecia ser um xingamento, Gavi me pegou no colo. O braço esquerdo segurando minhas pernas, a mão espalmada em minha coxa. O direito nas minhas costas, os dedos compridos espalmados no meu quadril.
Antes que eu pudesse fantasiar mais alguma coisa sobre o calor que seu corpo emitia, minha bunda se acomodou no banquinho em que eu estava sentada anteriormente e o garoto me soltou, sem sair do meu lado.
— Você é uma grande idiota sabia?
Minha pálpebras se abrem por um instante, repousando em seus olhos arregalados e com uma pitada de preocupação. Ele estava me ofendendo antes mesmo que eu pudesse encara-lo direito.
— Isso não é da sua conta. — digo pausadamente, reunindo todas as forças para conseguir falar.
— Não é da minha conta, porra? Você desmaiou na minha frente porque resolveu bancar a modelo sem noção. — a cara feia se intensificou.
— Eu não vou ficar aqui ouvindo sermão de você. — digo, com uma careta.
— Acho que você não tem outra opção a não ser essa, caso contrário pode tentar sair andando e cair de novo. — seu tom é ríspido, parece irritado.
— Isso é ridículo. — bufo, revirando os olhos.
— Isso é ridículo? Ridículo é você ficar horas sem comer só porque acha que seu trabalho exige isso. Nem uma criança seria tão idiota. — ele solta uma gargalhada exasperada.
— Como sabe disso?
— Seria incrivelmente cômico se você prestasse atenção no que fala. — volta a ser irônico, me lançando um olhar frio.
— De qualquer forma, você é só um idiota com uma bola. — debocho, franzindo a testa para ele.
— Não esquece que foi o idiota aqui que te tirou do chão e te poupou dos xiliques da Gabriella. — a carranca em sua cara não muda por nada.
— Tem razão, mas você consegue ser pior que ela. — sorrio sem ânimo algum.
— Um obrigado já bastava, mas já que é impossível para você, temos uma aposta. — Gavi firma o olhar, um arrepio corre por minha pele.
— Temos? — pergunto confusa.
— No jogo de amanhã, se eu fizer um gol, passarei a vigiar sua alimentação e você irá à nutricionista do clube. — ele parece pensar enquanto formula a frase.
— E se não fizer? — questiono novamente.
— Vou te deixar em paz com essa merda. — Pablo colocou as duas mãos na nuca, jogando a cabeça para trás.
— Se Gabriella não tivesse me contado, eu até poderia achar que perderia a aposta. — tiro sarro do garoto ao meu lado.
— Por que dúvida tanto de mim? — ele se ajeita no banquinho a minha frente, se certificando de que eu não fosse cair para o lado a qualquer momento.
— Por que se importa com o que eu como ou deixo de comer? — pergunto no mesmo tom.
— Voltamos! — anuncia Gabbi, atraindo nossos olhares.
— Por que demoraram tanto? — Gavira quebra o silêncio, qualquer um ali percebia a tensão que pairava no ar.
— Acredita que aquela filha duma mãe trocou todos os nossos pedidos? Sério, essa espelunca já foi melhor. — Pedri reclama, sentando no meio de nós dois.
— Trouxe seu lanche vegetariano, meu amor. — Gabriella me entrega uma bandeja, a qual presumo estar minha comida.
Não sou vegetariana, mas trabalhos como esse que estou exercendo agora, exigem comidas mais leves.
— Obrigada. Aliás, Renata, achei que tivesse ido ao banheiro. — comento, tentando esquecer a situação de agora pouco.
— De fato, mas vi você e o senhor engomadinho conversando e resolvi não atrapalhar. — ela diz indiferente, dando uma mordida em seu hot-dog.
— Vocês estavam conversando? Ai Dios mio, o mundo vai acabar e a copa nem começou ainda. — Pedri finge chorar, com um toque dramático em sua conclusão.
— O Pablo estava falando que temos ingressos pro jogo de amanhã. — reviro os olhos, tentando ser convincente.
— Vocês têm? — o chuto por debaixo da mesa. — Quer dizer, é vocês têm. Queria fazer surpresa, mas parece que contaram antes da hora. — ele faz uma careta.
— Estranho, Ferran teria me contado. — Gabbi o encara intrigada.
— Já pensou que talvez o seu primo não saiba de tudo?
— Nossa você é tão arrogante, né garoto? Fala isso denovo que você vai ficar bem ciente de onde vão parar esses ingressos! — Torres responde por cima, quase voando no pescoço do birrento.
— O importante é que vocês vão e não aceito reclamações!
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𝙈𝙄𝘿𝙉𝙄𝙂𝙃𝙏 𝙍𝘼𝙄𝙉, pablo gavi.
RomanceLeanna sempre sonhou em expandir seus horizontes além das fronteiras de Madrid. Criada em Barcelona pela tia-avó quando criança, ela retorna à vibrante cidade com a esperança de impulsionar sua carreira de modelo e escapar dos negócios opressivos de...