012| checkmate

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Barcelona, Espanha
ᶠᵉᵛᵉʳᵉⁱʳᵒ ᵈᵉ ²⁰²²

LEANNA MARTÍNEZ

Enquanto ajeitava a faixa do próximo modelito que estaríamos fotografando, Angie passava alguma coisa hipoalergênica em meu rosto. O que estava me irritando um pouco, ela costumava ser cuidadosa, mas hoje não parecia ligar muito que a pele seja um órgão sensível.

— Tá legal, você está me machucando e eu não quero ter que adverti-la. — reclamo, segurando suas mãos.

— Me desculpa, Leah. Eu só não estou me sentindo muito bem. — ela sorri desajeitado, largando os pincéis na bancada.

O que tá acontecendo aí? — Gabbi questiona do outro lado da linha, enquanto tentava planejar uma lista de convidados.

— Angie está com um mal estar. — ajeito minha roupa em frente ao espelho.

Achei que funcionários incompetentes não existissem no mundo versaciano. — ouço-a batucar o lápis em seu caderno.

— Você está no viva-voz e ela não está me dando uma desculpa. — reviro os olhos, segurando o celular e encarando-a.

Tanto faz. Devo convidar sua amiga Renata? — ela também me olha fixamente, é uma pegadinha.

— Claro, por quê não? Aposto que ela só trará felicidades no seu aniversário. — sou irônica.

Gabriella odeia mais à Renata do que odeia picles, o que é claramente um problema, uma vez que no top 1 "Things I hate the most", o qual ela estabeleceu quando tinha 8 anos de idade, estava totalmente reservado para picles em conserva.

Irei anotar, caso ela decida te empurrar do prédio. Mudando de assunto, fiquei sabendo que estamos convidadas para o casamento do Raphinha.. — balança as pernas, como uma criança animada.

— Não sabia que ele tinha te convidado também. — arqueio a sobrancelha, soltando meus cachos.

Ah qual é? Você e eu somos praticamente as mesmas pessoas. — ela mordisca a ponta do lápis e seu olho esquerdo se contrai.

— Gabriella..

Ei ei ei! Tô só brincando, é claro que eu fui convidada. Você tinha que ver sua cara! — solta uma gargalhada divertida, como uma criança dessas vai fazer 18 anos?

— Acho bom mesmo, caso contrário Renata estará indo à sua festa. — brinco também.

Não, ela não estará.

Um silêncio se estabelece por um tempo. Gabbi parecia pensar em algo e isso estava me deixando nervosa. Sempre que ela quer falar algo e não sabe como, começa a se mexer e fazer barulhos estranhos.

Você está me matando, pergunta logo o que eu quero! — ela enfim grita, me fazendo rir.

— É incrível como você age da mesma maneira sempre. — apoio o celular no balcão, para me permitir arrumar o estrago que Angie fez.

Com quem você vai ao casamento? — pergunta, parecia tirar um peso de suas costas.

— Como assim com quem eu vou? Achei que iríamos juntas. — faço biquinho, encarando-a pela tela.

Não me leve a mal amiga, mas é meio cafona ir à um evento desses sozinha. Além do mais, eu vou como par do Ferran. — ela sorri com medo da minha reação.

— Ferran pra lá, Ferran pra cá.. Você não larga esse seu primo nunca? — reviro os olhos, me jogando na cadeira.

Desculpa cariño, mas ele é meu número um e você sabe bem. — Gabbi também faz biquinho. — Por que não vai com o Pablo?

— Você só pode estar ficando maluca. — rio exasperada.

Me pareceu que vocês estavam bem amiguinhos ontem no CT, não esqueça que eu tenho olhos e ouvidos naquele lugar. — ela manda um beijinho através da câmera.

— Você é irritante.

Desligo a chamada, voltando a me concentrar na máscara que passava em meus cílios anteriormente. Uma sombra se aproxima, me fazendo dar um pulo da cadeira. Encaro seu dono através do espelho, o qual revelava uma silhueta nem um pouco desconhecida.

— Gabriella Torres? Achei que seu pai tivesse alertado sobre ficar longe dessa família. — ele comenta, se aproximando mais.

— O que meu pai diz ou deixa de dizer, não é da sua conta. — me levanto, ficando cara a cara com Fernando.

— Eu sou seu ex namorado e te amei por três anos, Anna. É óbvio que eu me importo. — sua mão paira atrás da minha cabeça, segurando uma mecha do meu cabelo.

— Você me enganou por três anos. — sufoco um soluço, me afastando de seu toque.

— Não diga isso, amore mio. Eu sempre te amei e só quero o seu bem agora. — coloca a mecha atrás da minha orelha.

— Você nunca deu a mínima para mim e para o que eu sentia, você me usou como se eu fosse um nada e agora vem com esse papinho furado. — lágrimas turvam meus olhos, mas não as deixo cair.

Prometi a mim mesma que nunca mais choraria por esse homem, desde que ele me abandonou no nosso aniversário de namoro para transar com sua meia irmã.

— Estou dizendo que vai se arrepender muito se não der ouvidos ao seu pai, essa família não é de bom grado e o seu novo namoradinho também não. — Fernando continua me encarando, com um olhar frio.

— O meu pai não decide mais nada da minha vida a partir do momento em que me deixou para morar com minha tia. E você dobre sua língua para falar dos Torres. — digo séria, me recostando na cadeira.

— Aposto que ele ficará muito feliz em saber que a filha do maior patrocinador do Real Madrid está namorando um Catalão. — ele gargalha, jogando a cabeça para trás.

— Você está com ciúmes? É esse o seu problema?

— Então você não nega? — Fernando se aproxima, é possível sentir sua respiração.

— Eu não lhe devo satisfação da minha vida e dos meus relacionamentos. Você escolheu sair dela, lide com isso. — empurro seu peito para longe, mas ele não se mexe, está firme como uma rocha.

— Você não sabe com quem está mexendo, Leanna. Seu pai tem você na palma da mão, é um toque e ele virá. — coloca o celular ao lado do meu rosto, tornando-o visível.

— Errado. Você não sabe com quem está mexendo. Deixe a família Torres e meu então namorado em paz, ou eu mesma tornarei da sua vida um inferno. — sussurro em seu ouvido. — Um rei não é nada sem sua rainha, você é só um mero peão.

— Vai se arrepender de me desafiar.

Xeque-mate.

Deixo a sala, seguindo para o salão principal em que fotografaremos. Com as pernas tremendo, tento não me deixar abalar, Fernando não significa mais nada para mim, mas sei exatamente do que meu pai é capaz e esse é meu maior medo.

𝙈𝙄𝘿𝙉𝙄𝙂𝙃𝙏 𝙍𝘼𝙄𝙉, pablo gavi.Onde histórias criam vida. Descubra agora