• Capítulo 25 •

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    — Não acredito que isso está acontecendo — Maraisa escutou a voz de Maiara e se virou para ver a irmã vindo em sua direção arrastando uma mala. — Você chegou mais cedo que eu?!

    Maraisa revirou os olhos e deixou escapar uma risada antes de puxar sua gêmea para se aninhar em seus braços.

    — Cala a boca! — exclamou e em seguida beijou a sua testa. — Bom dia, amor da minha vida! Como tá o meu bebê? Dormiu bem?

    Estavam no aeroporto. Quinta-feira, 2 de abril, era dia dos dois únicos shows que Marilia teria na semana. As gêmeas tinham combinado na semana passada de irem com ela e os planos não foram alterados. Aproveitariam para trabalhar um pouco nas coisas em andamento, inclusive, juntando a utilidade das três juntas.

    — Bom dia, metade! Dormi um montão, tô elétrica — Maiara respondeu. — E você? Tá com carinha de sono.

    Maraisa meneou a cabeça, sentindo os olhos arderem. Marília e ela tinham ficado até muito tarde no cinema, assistindo e conversando como se não tivessem que acordar cedo para vir no aeroporto. Na verdade, o “conversar” era Maraisa comentando as coisas e Marilia só interagindo quando desse na telha, totalmente distante. Subiram por volta das três e pouca da manhã e precisaram estar de pé às sete.

    — Dormi, mas pouco. Vou tentar dar uma cochilada no vôo. Duas horinhas vão ajudar — respondeu, observando Marilia voltar com os dois copos de café, um para si mesma e outro Maraisa.

    — Café expresso com açúcar extra e shot de canela pra você — Marilia disse ao se aproximar, estendendo o copo indicado, enquanto o outro café era totalmente puro do jeito que Marilia costumava tomar.

    Maraisa quase salivou de desejo pela dose de cafeína, era sempre o que tomava desde muito nova. Sorriu para Marilia ao agradecê-la, meio relutante. Não sabia com certeza apontar o que estava errado, mas tinha alguma coisa diferente na loira desde a noite de ontem, como se estivesse constantemente dentro do próprio mundinho. Não estava falando direito com Maraisa e mal estava prestando atenção nela, na verdade. Maraísa não conseguia parar de se perguntar se tinha feito algo e colocado tudo a perder.

    Pela manhã, por exemplo, treinaram juntas em casa mesmo – e foi quando Maraisa descobriu que tinham uma academia dentro de casa –, e Marilia não falou muito com ela além de coisas básicas, como um bom dia. Parecia tão... pensativa o tempo todo. Deixava Maraisa falar quando e se quisesse, e respondia apenas quando necessário.

    — Nanica! — Marilia abriu um sorrisão pra Maiara. — E essa mala aí todinha? Vai passar um mês em São Paulo e eu não tô sabendo? A gente vai ficar menos de 24 horas.

    Maiara riu e abraçou a amiga, balançando-as levemente de um lado para o outro.

    — E nem é a única! Paulinha tá com mais uma de mão minha também — Maiara disse com um sorriso contido.

    Marilia riu alto.

     — Você e sua irmã são igualzinhas! Não precisam levar a casa toda, gêmeas, se acalmem! — Marilia lançou olhares estreitos às duas.

    — Você fala como se fosse diferente da gente — Maraisa comentou, relembrando o show que foi para conseguir agrupar as bagagens das duas pra trazer ao aeroporto.

   Marilia só sorriu pra ela, e então falou:

    — E aí, simbora? Temos hora pra cumprir.

    As gêmeas concordaram, e logo tiveram acesso ao veículo que as levariam para o pátio do aeroporto onde o jatinho privado as esperavam. Dentro da aeronave, Maiara não demorou para se acomodar e reclinar seu assento de modo que não incomodasse a coluna. Maiara estava sentada de frente pra Maraisa enquanto Marilia se sentou ao lado dela, mas separadas pelo corredor. Não deu um segundo e a loira já caçava o cobertor e tratava de reclinar a poltrona para que pudesse dormir.

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