• Capítulo 11 •

321 50 69
                                    

    Os passos apressados de Maraisa acabaram fazendo barulho contra o gramado, mas que não fora o suficiente para Maiara perceber a presença da irmã. Ela continuava de cabeça baixa em seus próprios joelhos, alheia ao seu redor.

    — Maiara?! — Maraisa chamou em um tom ansioso.

    A ruiva finalmente levantou a cabeça e encarou sua irmã que em nano segundo estava na sua frente.

    Maraisa escaneou Maiara, procurando por qualquer coisa errada, mas a única alteração era seu nariz e olhos avermelhados. Ela andou chorando. Seu coração pesou e desejou que, mesmo sem saber o motivo, toda a dor que estava fazendo sua metade chorar passasse para si mesma.

    — Oh, irmã. O que houve? — sua voz se tornou mansa e se sentou ao seu lado.

    Maiara não respondeu, apenas a olhou e abriu um sorriso fraco. Em seguida se inclinou e deitou a cabeça em seu ombro ainda em silêncio.

    — Irmã? — voltou a chamar. — Por que não avisou a mim ou a Marilia que estava aqui?

    Dessa vez Maiara coçou os olhos e pigarreou, o que antecedeu sua fala:

    — Eu perguntei sobre vocês para Lurdes, e me foi avisado que iriam voltar tarde da noite, daí não quis incomodar o casal — explicou.

    Maraisa começou a acariciar o cabelo liso de Maiara com cuidado, usando os dedos bem leves por entre seus fios. Não podia negar a preocupação que tomara conta de si. Não sabia há quanto tempo a mais nova estava ali, mas foi impossível não pensar que se não tivesse saído, sua irmã não teria ficado sozinha.

    — Maraisa! — de repente a voz de Marilia foi ouvida. Estava, aparentemente, procurando a esposa. Nem passou pela cabeça de Carla que ela simplesmente sumiu no silêncio da noite pela área da casa.

    Em um instante, Mendonça se tornou visível. Então seus olhos se vidraram nas irmãs sentadas juntas na escada e seu cenho se franziu, imediatamente preocupada.

    — Maia? — chamou.

    Assim como Maraisa, Marilia atravessou o gramado na velocidade da luz até onde as gêmeas estavam, mas sua atenção estava exclusivamente na Maiara.

    — Nanica, o que aconteceu? Você tá bem? Há quanto tempo está aqui? Por que não nos avisou? Por que está aqui fora e não lá dentro? — chegou explodindo em perguntas.

    Maiara deu um riso leve e quase inaudível ao levantar a cabeça do ombro da irmã.

    — Calma, Lila. Pensei que iam voltar tarde, daí não quis atrapalhar.

    — Nós íamos, mesmo. Ainda bem que não, hein? Tinha que ter nos avisado!

    — Então por que não voltaram tarde? Aconteceu alguma coisa? — Maiara perguntou como se ela que tivesse que se preocupar com elas, e não ao contrário.

    Caíram em silêncio. Maraisa olhou pra Marilia, que a olhou de volta, e arqueou uma sobrancelha, deixando a critério dela responder ou não. Afinal, os pais eram dela.

    — Meus pais vêm jantar aqui em casa.

    Maiara arregalou os olhos e imediatamente ficou em alerta, sua postura se alterando e ficando mais rígida.

    — Eles estão no Brasil?!

    Marilia assentiu.

    — Mas por quê?

    — Pra incomodar, acho. — a loira deu de ombros.

    — Pra cuidar da sua vida é uma resposta melhor.

Jogo da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora