• Capítulo 06 •

332 59 116
                                    

    Marilia finalizou a voz com maestria e Maiara se desfez em aplausos. No fim ela não cantou apenas o refrão e acabou cantando a música inteira com Maraisa seguindo-a com o violão, no automático, enquanto seus pensamentos estavam em tudo menos nas notas que estava tocando. Estava concentrada na voz dela.

    Maraisa, ao invés de também bater palmas como sua irmã estava fazendo, simplesmente ficou estática. Sentia vontade, sim, de aplaudir. E de pé, ainda por cima. Mas se sentia impressionada (e tímida) demais para pensar em fazê-lo, então se manteve apenas encarando Marilia. Estava em êxtase, admitia, mas se manteve quieta como se uma bigorna estivesse sobre suas costas.

    — ESSA É A MARÍLIA MENDONÇA, SENHORAS E SENHORES! — Maiara disse com a voz estridente. — Amiga, essa música ficou linda na sua voz!

    Marília sorriu docemente, agradecida.

    — Então, o que acham dessas notas pra essa música? Eu acho que ainda vou mexer um pouco nas do refrão, mas minha ideia é mais ou menos essa e distribuir entre o resto dos instrumentos. Depois recebo o parecer do Pepato sobre o que ele vai achar melhor — Marília se recostou na cadeira.

    Maraisa finalmente encontrou sua voz, ajeitando a postura;

    — Eu adorei — disse, sendo sincera. — A melodia com o vocal ficou ótimo, parece as notas perfeitas para essa letra. Eu não mexeria em nada, certeza que Pepato vai adorar — afirmou, mesmo sem ter a menor ideia de quem era o tal rapaz.

    — Também acho — Maiara disse em concordância. — Ficou lindo, Lila. Poupou metade do trabalho pra gente e para o pessoal da Work Show, obrigada.

    Marilia revirou os olhos em brincadeira e se voltou pra Maraisa.

    — Ficou ligada no começo e no quarto verso? — perguntou e Carla assentiu, mesmo que não tivesse prestado atenção na letra em si, apenas na voz que a cantava. — Sua voz vai ficar linda nelas em primeira. Testa pra gente ouvir?

    O coração de Maraisa errou uma batida e ela ficou subitamente acanhada de soltar a voz como nunca havia se sentido antes. Não iria cantar para a Marilia nem se quisesse. Sabia que sua voz era bonita, apesar de não ter um alcance tão alto como gostaria, mas de jeito nenhum iria cantar. Ela, por um curto tempo, já teve vergonha até da própria Maiara, sua irmã gêmea, quem dirá da Mendonça?!

    — Hum, sabe o que é? — começou, tentando arranjar uma desculpa. — Minha garganta acordou péssima. Seca. Não vou conseguir cantar assim.

    — Deve ser por conta da bebida que você e a Marília viraram ontem a noite e hoje de manhã. Suas bêbadas. Eu vi os stories de vocês! — Maiara resmungou.

    Marilia cobriu a boca com a mão, contendo um riso.

    — Isso é inveja porque nós estávamos numa festa bombástica enquanto você teve que ficar em casa trabalhando? — Marilia provocou.

    Maiara fez uma cara feia e levantou o dedo do meio para a amiga, que soltou uma risada gostosa.

    — Cala a boca! — Maiara exclamou e deu língua pra ela. — Eu fui bem produtiva, tá?!

    Marilia a olhou com sarcasmo e fez um gesto de desdém enquanto Maraisa apertava os lábios para evitar rir da careta de sua irmã e, claro, sua maturidade.

    — Mas a gente se divertiu horrores a noite todinha ao invés de ficar trabalhando.

    — Cala a bocaaaa! — Maiara repetiu e Marilia imitou um movimento de zíper de fechando sobre sua boca, rindo. — E a turnê, hein? — trocou o assunto como a água trocou-se pelo vinho.

Jogo da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora