• Capítulo 35 •

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    Como já avisado por Maiara anteriormente, elas efetivamente se reuniram um pouco com três amigos, entre eles Juliano e Henrique, que estavam lá graças a agenda que acabou batendo, como também pelo dia seguinte.

    Maraisa, sentada relaxadamente, destrinchava um bolo de cenoura com chocolate. Marilia estava ao seu lado, usando calçados bem mais confortáveis que os saltos que usou durante a coletiva, e conversava animadamente. Nem parecia que tinha reclamado com Maiara sobre ainda terem gente pra ver, por conta da bateria social esgotada.

    O ambiente se preenchia com risos e clima leve e ameno. Divertido. O assunto em si mudava de segundo em segundo, compartilhando ideias e relatos.

    — Ah, Ricelly, e cê vai falar de quê? — Marilia indagou em tom acusatório pra Henrique, e cruzou os braços. — Qual que é o nome daquele jumento, aquele dos primeiros que cê teve lá na fazenda? Que cê colocou nome de cantor sertanejo.

    — Não, não é jumento, não — respondeu Henrique, gesticulando. — É um burro. Mas aí tem nada a ver.

    — Um burro! — corrigiu Marilia, divertida. — E qual que foi o nome?

    — Eu chamei ele de Thiago Brava — respondeu com um sorriso travesso.

    Maraisa emitiu um riso anasalado, descontraída, e se recostou mais no sofázinho que dividia com Marilia.

    — E tem um cavalo lá também — Henrique riu brevemente. — Um que tá quase morrendo, e eu dei o nome de Irineu. Que é o Cristiano, né. Do Zé Neto e Cristiano lá.

    — Oh, cara, tadinho do cavalo — comentou Maiara com uma risada.

    Henrique somente deu de ombros, e só então o semblante de Marilia se tornou desconfiado ao se pronunciar:

    — Cês não botaram o nome de nenhuma vaca de Marilia Mendonça não, né? — questionou com uma sobrancelha arqueada. Maraisa teve de esconder um sorriso com a mão.

    No mesmo instante, como se Henrique já tivesse previsto que ela faria uma pergunta parecida e por isso tinha a resposta na ponta da língua, respondeu casualmente:

    — Não, não, é uma galinha.

    O recinto explodiu em risadas. Marilia primeiro olhou pra ele com os olhos estreitos, como quem estivesse planejando uma lista de xingamentos pra recitar, antes de se deixar levar e rir também. Não sem antes erguer o dedo do meio pra ele.

    — Ah, Marilia — Maraisa começou, risonha, e apertou sutilmente a mão da cantora. — Pra que que cê foi perguntar?

    Marilia revirou os olhos de forma comicamente teatral, rindo. O assunto continuou assim, divertido, cheio de piadas, amigável. Maraisa não se lembrava de se sentir tão bem com alguém, além de Maiara, depois da confusão da perda de memória. Bom, além de Maiara e Marilia, precisava admitir. O tempo passado com eles estava sendo incrível.

    O horário já avançava gradualmente sem perceberem. Milenna, que Maiara obviamente havia trazido consigo pra BH, ainda não estava nem um pouco cansada. Estava elétrica e rondando o local sob supervisão; subia na cadeira onde Maiara estava sentada pra tentar ficar em pé em seu colo, a abraçava o tempo todo, ou simplesmente rodopiava e cantarolava. Sozinha, já que Helena, filha de Henrique e poucos meses mais velha que Milenna, tirou um cochilo.

    Maraisa às vezes ria com a menina e com as artimanhas que inventava pra conseguir se entreter.

    — Tem alguém que tá sem sono hoje — Maraisa comentou quando Milenna agora fazia questão de fazer penteado em Maiara. E enquanto lutava pra conseguir fazer uma trança, dava uns puxavantes no cabelo da mãe sem querer.

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