• Capítulo 28 •

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    Luzes de refletores e flashs eram tudo que Maraisa estava vendo nos últimos minutos, enquanto insistia em pousar para mais cliques. Maiara e ela estavam em uma sessão fotográfica de publicidade e o contratante era uma marca de cosméticos, na linha de perfumes. Seus pés doíam nos saltos apertados assim como sua cabeça, graças a uma possível ressaca. Ou talvez fosse por mais uma noite mal dormida.

    Já estava no fim, porém, então Maraisa se absteve de pedir mais uma pausinha. Só colocou um sorriso no rosto, tirou as fotos que tinha que tirar e gravou o que tinha que gravar pelos minutos restantes. Era manhã de sexta-feira, e ela realmente gostaria de estar dormindo.

    — Foi? — questionou após um tempo, querendo saber se o fim tinha chegado. Paulinha estava em seu campo de visão e levantou a mão aberta por alguns segundos, porque queria ter certeza antes de responder, e então ergueu só um polegar como confirmação. — Graças a Deus — murmurou.

    Maiara sorriu e se afastou, virando uma garrafinha de água na boca.

    — Vou tomar banho desses perfumes. Sério, o tanto que esse trem cheira bem! — disse com ambos os frascos em mãos, um carregava só o nome dela e o outro de Maraisa.

    Maraísa concordou e pegou o celular enquanto tentava reprimir um bocejo. Desbloqueou atrás de checar se tinha algo importante e desligou logo quando viu que não. Sua bateria estava quase no fim já que mesmo chegando de madrugada em casa ela perdeu o sono mais uma vez, então foi para o andar inferior da mansão e ficou na sala de estar caçando tudo que podia sobre si mesma até que desse seu horário. Afinal, era melhor ficar horas ali do que ficar horas rolando na cama.

    Checou por horas suas redes sociais, os vídeos que postava, histórico de story, e ainda conseguiu ver algumas poucas entrevistas de diversas datas. Quando tivesse mais tempo, gostaria de focar mais um pouco nessa última porque de verdade não conseguiu ver muita coisa das entrevistas. Tudo isso para conhecer a si mesma ao menos um pouco, e ter um pouco de noção de como agir com as pessoas diante da internet. Tinha que fazer certo, tinha que se conhecer o máximo que podia.

    Ao notar que twitter era a rede social que mais usava, começou a estudar seus tweets: com quem mais interagia e o que essas pessoas eram pra ela, estudou sua interação com os fãs e, por fim, penou muito, mas aos poucos foi conseguindo achar origens de alguns dos memes internos que o fandom tinha com ela. Infelizmente não todos, mas finalmente alguns tweets não pareciam mais gregos. Testou, fez tweets e retweets durante a madrugada, e pelo menos nada deu sinal de errado. Nada que ela soubesse, ao menos.

    Parecia que Maraisa enfim estava acordando e só agora, dias depois, estava realmente interessada em estudar a si mesma para conseguir lidar com aquela vida. Talvez pudesse dizer que só agora estava se importando por conta do trauma que a matéria, que ela não queria pensar sobre, tinha causado nela. Marilia foi clara ao dizer que precisavam agir igual, com as lives, stories, tweets, tudo igual, normal. Maraísa não sabia o que era o normal, mas agora tinha uma noção.

    Não estava fazendo isso por quem convivia com ela, estava fazendo para que a internet não se virasse pra ela mais uma vez. Era muito mais difícil de lidar com aquilo do que com as pessoas ao seu redor, na internet qualquer faísca se alastrava rápido demais.

    — Quero ir pra casa — Maraisa reclamou pra Bruno, que não tirava os olhos do celular. — Ei, cara. Tá me escutando aí?

    — Oi, patroa. Tô — respondeu, mas só tirou a atenção do celular instantes depois. — Deixa eu ver se ainda vão precisar de você — disse, puxando a agenda do dia.

    — Deus queira que não — resmungou, cobrindo o rosto com as mãos.

    — Olha só, Deus quis — Bruno respondeu e piscou. — Então vamos embora — cedeu.

Jogo da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora